Entender o ciclo da soja, ajustar o equipamento e identificar o ponto certo da colheita são tarefas fundamentais para ter uma operação de sucesso e garantir a qualidade dos grãos |
O Brasil é o maior produtor mundial de soja, devendo atingir mais de 141 milhões de toneladas na safra 2021/22. O agricultor brasileiro assumiu esta liderança graças à excelência que atingiu nas diferentes etapas de produção do grão.
Uma das etapas mais importantes é a colheita de soja, que requer algumas boas práticas para que a produtividade da safra e a qualidade do grão colhido sejam asseguradas.
Para otimizar os resultados de sua colheita, o produtor deve, por exemplo, entender bem todo o ciclo da cultura; saber definir o momento certo da colheita; aplicar dessecante na cultura; acompanhar se a umidade dos grãos é a ideal; e fazer a revisão da colheitadeira, garantindo que a operação seja realizada na velocidade correta.
Diferentes dados gerados pela agricultura digital podem auxiliar o produtor a tomar melhores decisões durante a colheita da soja, assegurando a produtividade e a rentabilidade da safra.
Boa leitura!
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Mas para ter destaque na produção da oleaginosa, é necessário ter produtividade e produto de qualidade. Para atingir excelência neste processo, uma das operações mais importantes é a colheita da soja.
Afinal, não adianta investir em boas práticas e em tecnologia 4.0 durante a semeadura e o desenvolvimento da cultura, e esquecer dos cuidados necessários para colher bem a lavoura.
Para conhecer mais sobre a colheita da soja, garantir a qualidade dos grãos e entender como a agricultura digital pode contribuir na execução desta operação, continue conosco!
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Veja o vídeo de dicas para colheita de soja
O início da colheita de soja começa muito antes da entrada das colheitadeiras na lavoura.
É crucial entender o ciclo da cultura da soja, o que permite plantar na janela ideal, usar as melhores cultivares para cada ambiente de produção, otimizar o monitoramento da lavoura, e realizar os manejos de acordo com o desenvolvimento vegetativo da planta, por exemplo.
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De acordo com a Embrapa, o ciclo da soja é composto por dois estádios. O primeiro deles é o estádio vegetativo, que compreende entre a fase VE, de emergência da plântula, à Vn, que corresponde ao surgimento do enésimo nó.
Já a segunda fase é chamada de estádio reprodutivo. Esse período é composto por 8 pequenos estádios, começando pelo R1, que ocorre no início do florescimento, terminando em R8, quando a planta está completamente madura e apta para a colheita.
Estar atento a todo este ciclo permite ao agricultor não apenas realizar os manejos adequados ao longo da safra, como assegura que a colheita ocorra no momento correto do desenvolvimento da planta, conforme abordaremos a seguir.
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O planejamento adequado da colheita da soja deve levar em consideração vários aspectos, como as características do solo e do clima da região, data e aspectos agronômicos, como possível presença de plantas daninhas e pragas de final de ciclo.
A presença de plantas daninhas, por exemplo, atrapalha o desenvolvimento saudável da soja e pode causar o “embuchamento” do processo de colheita, o que pode danificar a colheitadeira e retardar a execução da operação.
Além disso, é importante controlar as doenças que infestam a soja. Inclusive, muitas delas afetam o fim do ciclo da cultura, atingindo a floração, a maturação e deteriorando vagens e grãos.
O mesmo vale para as pragas da soja que têm ocorrência nas fases finais da cultura e podem acarretar severos prejuízos à produção.
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Produtor acompanha os dados da lavoura pelo tablet: a agricultura digital pode apoiar o planejamento da safra do plantio à colheita
A dessecação pré-colheita de soja consiste na aplicação de um defensivo (geralmente um herbicida de contato) na lavoura, uniformizando a maturação da área e permitindo antecipar a colheita. Dessa forma, o produtor pode aproveitar a janela da safra para plantar na fazenda outras culturas, como milho e sorgo.
Essa aplicação deve ser feita somente quando os grãos estiverem no processo de maturidade fisiológica, já que o produto desseca a planta e provoca o secamento das folhas.
A dessecação da cultura também impede a inoculação de doenças, evita o ataque de pragas e controla a presença de plantas daninhas.
No entanto, esse procedimento deve ser realizado de maneira organizada e dinâmica. Caso o agricultor demore demais para colher após a dessecação, enfrenta problemas, como abertura de grãos e incidência de fungos.
Quando os grãos da soja entram em processo de maturidade fisiológica, o produtor pode realizar a dessecação da lavoura visando a colheita
De acordo com pesquisadores da Embrapa, a soja deve ser colhida quando o teor de umidade dos grãos atingir entre 13% e 15%.
Realizada nessa faixa de umidade, a ocorrência de problemas mecânicos e as perdas durante a operação de colheita são reduzidas.
Para saber se a soja já está com a umidade certa, o agricultor pode fazer um teste de 5 a 7 dias antes do início da colheita. Para isso, pode fazer uma pequena amostragem no talhão para avaliação.
Em seguida, caso a umidade seja a ideal, o produtor pode realizar a colheita em toda a propriedade.
Vale lembrar que o agricultor deve sempre monitorar a lavoura com antecedência, já que a umidade pode variar durante a colheita das áreas que levam mais tempo. Ainda mais se há registro de chuvas em alguma região da propriedade.
Além disso, lembre-se de observar a coloração do grão. Em geral, quando a maior parte da lavoura apresenta uma cor marrom, bronzeada ou cinza, a soja está no estádio ideal de maturação para a colheita.
O produtor deve ficar atento se os grãos da soja atingiram o teor de umidade ideal para a colheita: entre 13% e 15%
Para evitar surpresas indesejadas, é importante investir na revisão das colheitadeiras antes do início do processo. Isso inclui a regulagem do molinete, da barra de corte, dos cilindros, das peneiras, entre outras partes da máquina.
Também é importante calibrar os sensores do equipamento, que permitem acompanhar digitalmente os dados da operação, como umidade dos grãos e volume de soja colhida em cada ponto do talhão.
Agricultor visualiza pelo tablet os dados da colheita da soja durante a própria operação: usando a agricultura digital, ele pode ter informações como umidade dos grãos e velocidade da máquina
Durante a operação de colheita, também é fundamental ficar atento à velocidade das colheitadeiras. Para que o processo seja realizado de forma eficiente e organizada, a velocidade do maquinário deve estar entre 4 km/h e 6,5 km/h.
Além disso, é importante ajustar a velocidade do molinete, responsável pelo recolhimento da soja, evitando que ele jogue os grãos para fora da máquina.
Vale lembrar que, se a colheitadeira operar em velocidade reduzida, pode haver atraso no término da colheita. Como consequência, o plantio de safras subsequentes também será comprometido.
Ao contrário, se a velocidade da colheitadeira for muito alta, o processo também sofrerá prejuízos, como quebra de grãos.
Colheitadeiras de soja colhem a lavoura de modo sincronizado em extensa fazenda do Mato Grosso: executar a operação na velocidade correta garante a qualidade dos grãos
Após a colheita, o agricultor deve armazenar a produção em locais apropriados a fim de preservar a qualidade e quantidade dos grãos.
É importante seguir orientações técnicas para realizar o processo de armazenamento da soja de forma adequada, o que requer parâmetros corretos de higienização, secagem, carregamento, distribuição etc. Desta forma, é mais fácil garantir a integridade e o valor comercial da produção.
Colheitadeira de soja direciona os grãos colhidos para o caminhão transbordo: produto é transportado para o armazenamento
Ao planejar a próxima safra de soja, é importante o produtor considerar as características das cultivares recomendadas para a sua região e definir o melhor momento para fazer a colheita nos diferentes talhões.
Dessa forma, ele está pronto para adquirir as sementes para fazer o plantio. É importante conhecer as características das variedades antes de comprar os materiais para a próxima safra de soja.
É importante lembrar que, no Brasil, os cultivares de soja plantados com fins comerciais apresentam ciclo de vida entre 2 e 4 meses (60 e 120 dias).
Considerando o ciclo da cultura da soja, o produtor pode escolher cultivares que sejam superprecoces, precoces, semiprecoces, médias e tardias, e que apresentem melhor adaptação às condições edafoclimáticas de uma região.
Além disso, para que a planta se desenvolva com vigor, é fundamental realizar o plantio no momento recomendado para cada cultivar e de modo que a chuva ocorra nos períodos-chave do ciclo de vida da lavoura, como nas fases de florescimento e de frutificação.
Quando a planta da soja começa a secar é porque já está atingindo a sua maturidade fisiológica: o momento da colheita se aproxima
O ideal é que a colheita se inicie apenas na fase de maturidade fisiológica da planta (conhecida como MF).
Contudo, nesse período, geralmente o teor de umidade da soja está alto, o que atrapalha a colheita. Por isso, muitos agricultores realizam a aplicação de um dessecante na fase R7 do ciclo reprodutivo da planta.
A fase R7 corresponde ao início do processo de amadurecimento. Ela pode ser identificada quando pelo menos 70% das vagens da lavoura estão com uma cor marrom ou um pouco bronzeada.
Após a aplicação do produto, o amadurecimento é acelerado e o produtor consegue fazer a colheita mais cedo.
E cuidado para não perder o timing! A partir do ponto ideal de colheita, ocorrem perdas quantitativas e qualitativas em função da deterioração dos grãos. Isso depende do cultivar, das condições climáticas e do tempo em que permanecem no campo até serem colhidos.
Colher a lavoura de soja é uma operação complexa. Seguir os parâmetros abordados anteriormente é crucial para não colocar em risco o resultado de toda uma safra.
E a agricultura digital pode otimizar todo o processo de colheita da oleaginosa. Uma das opções tecnológicas que o agricultor tem no mercado é a plataforma Climate FieldviewTM, da Bayer.
Esta plataforma oferece ao produtor diferentes soluções digitais, como o dispositivo FieldViewTM Drive, por meio do qual o sojicultor pode:
Estes benefícios evidenciam o quanto a agricultura digital pode contribuir com o agricultor, mas não apenas na condução da colheita da soja.
As diferentes funcionalidades da agricultura 4.0 permitem a validação final de todas as decisões tomadas durante a safra, uma vez que em cada talhão é possível verificar qual foi a produtividade atingida, bem como a eficiência de todos os insumos e manejos realizados.
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