Quem nos acompanha sabe que a Climate é apaixonada por boas histórias. E em nosso podcast Agro e Prosa, tivemos a oportunidade de conversar com duas pessoas muito especiais.
O Sr. Luiz Sapata e seu filho Thiago, produtores rurais da região de Maringá, no estado do Paraná, dividiram um pouco de suas jornadas e de como a paixão pela agricultura uniu os caminhos dessa família, que parecia tomar rumos diferentes.
Como o papo foi tão bom, ele acabou virando um texto fantástico, que você confere na sequência.
90% das empresas brasileiras são familiares
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CONTRARIANDO ESTATÍSTICAS
Um é médico e o outro administrador de empresas, provando que no campo todas as profissões são bem vindas. Mas a história dessa família no agronegócio começou há três gerações, contrariando um pouco algumas pesquisas que apontam que as gerações mais novas estão abandonando a lavoura para seguirem outras carreiras.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 90% das empresas brasileiras são familiares. No mundo, este número diminui, mas ainda é altíssimo, cerca de 80%.
Embora seja um número considerável, apenas 5% dessas empresas passam da primeira geração.
A HISTÓRIA DA FAMÍLIA SAPATA
Mas voltando à história, um fato curioso é a razão do sobrenome deles. Por conta das cartas que chegavam de Portugal com diversos nomes iguais, o Sr. José Pereira, avô do Sr. Luiz, pediu para ser identificado como José Pereira Sapata, já que era dono da sapataria da cidade.
No dia do registro dos filhos dele, Manoel e Antônio, o funcionário do cartório registrou com o sobrenome Sapata. Nascendo assim, o sobrenome utilizado pela família até hoje.
O Sr. Luiz Sapata, administrador de empresas, nasceu em Ivatuba (PR), mas se mudou com a família para Maringá (PR) aos nove anos.
Sendo neto e filho de agricultores, se acostumou a ir à escola pela manhã e passar a tarde ajudando no campo. Depois da lavoura do pai queimar por conta da geada, eles decidiram encarar o desafio da soja, que se sustenta até os dias atuais.
O médico ginecologista e obstetra, Thiago Sapata, de 33 anos, é o filho mais velho do Sr. Luiz. Professor universitário e coordenador de residência, apesar de ter sua formação dada como pouco comum no campo, encara com persistência a jornada dupla.
"Você pode escolher a profissão que quiser, desde agronomia à administração, pode cursar faculdade particular ou federal. Mas na minha empresa quem dá as diretrizes sou eu, então lá você não vai trabalhar", diz Thiago brincando sobre as palavras que ouviu do pai na época do vestibular.
Mas ele nunca se afastou da propriedade da família. "Decidi fazer medicina em Presidente Prudente, no interior de São Paulo. Mas sexta-feira, às cinco da tarde, como sabia que meu pai estava plantando ou colhendo, eu partia de lá até a estrada da fazenda."
"Passava o final de semana com ele. Agora, participar da parte administrativa, foi só depois que terminei a residência e já morava em Maringá há três anos. Começamos a trabalhar juntos a partir desse momento".
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AGRICULTURA DIGITAL E O MONITORAMENTO DA LAVOURA DE FORMA REMOTA
Mesmo com a rotina apurada no próprio consultório, Thiago afirma que consegue estar inteirado de todos os movimentos da fazenda. Ele e seu pai são adeptos da plataforma Climate FieldView™ e utilizam funcionalidades como Remote View™ para acompanhar as operações.
"Estou no consultório pensando nas máquinas que estão trabalhando no campo. Deixo até o navegador aberto no meu computador para saber o que está acontecendo. Às vezes, o consultório termina mais cedo e vou direto para o campo ajudar na operação",
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CAMINHOS PARA UMA BOA SUCESSÃO FAMILIAR NO AGRONEGÓCIO
Quando olhamos para empresas agrícolas, pelo último censo do IBGE, são quase 4 milhões, entre pequenos e grandes negócios que produzem desde cereais até hortaliças. Desse pessoal, 71% dos jovens rurais não participam ativamente do agronegócio.
Mas por aqui foi diferente. Com o sucesso da família Sapata, poucos imaginam os desafios enfrentados no começo da era digital. "Antigamente as mudanças eram muito lentas, mas depois que o Thiago quis implementar coisas novas, notamos que a tecnologia tinha um custo muito alto."
"Decidimos olhar para quem tinha tecnologia na fazenda e perguntar se funcionava de fato. Compramos o primeiro trator para trocar as plantadeiras. Quando vimos o vizinho com o trator grande, vi que compramos o trator errado."
"Uma máquina é muito cara atualmente e o consumo de combustível é alto, mas o serviço é muito superior ao de antigamente, onde você tinha quatro funcionários para o serviço de uma pessoa.", diz Sr. Luiz.
Para Thiago, levar em consideração a opinião do avô e do pai foi fundamental para alcançar resultados excelentes no campo.
"Não adianta querer trazer a tecnologia e "atropelar", porque a experiência deles mostra que essa ideia não é a melhor opção. O ponto em que discutimos uma vez foi quando dei a ideia de adquirir novas máquinas, mas ele não concordou."
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"Busquei argumentar a minha tese e apresentei vários pontos que seriam positivos, tanto na parte operacional quanto na parte financeira. Levamos dois anos nessa conversa, mas finalmente conseguimos concordar que era viável fazer esse projeto acontecer."
"Quando ele viu o conjunto de máquinas, disse que até poderíamos comprar uma máquina maior. Tudo ficou muito mais fácil com o trator e colheitadeira que escolhemos".
Hoje, o Sr. Luiz reforça a importância dessas mudanças e todo cuidado que toma para estar sempre no caminho certo do agronegócio.
"Nossa agricultura é direcionada para a modernidade, com máquinas tecnológicas, porque sentimos que, se você não for rápido, a tecnologia vem depressa e te deixa para trás. Nesse momento, vejo que a maneira que estamos trabalhando é a mais correta".
"Um fato interessante de contar é que, depois que meu avô faleceu, meu pai ficou com as áreas que eram dele. As nossas plantadeiras são grandes e tínhamos dificuldade em deslocar na cidade entre as fazendas, então pensamos em construir um novo barracão."
Discutimos sobre isso na estrada e pedi para ele fazer as contas de quantos metros dá uma plataforma de 45 pés. Ele ficou em silêncio um tempo e depois relembrou que meu avô tinha uma de 13 pés e agora nós já passamos de 30. A questão da tecnologia muda até a estrutura", conta Thiago.
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ESTRATÉGIAS PARA O SUCESSO
Thiago menciona gestão como parte do pilar para o sucesso. Um fato que tem contribuído para o crescimento dos negócios, em sua opinião, é a facilidade de acessar qual área teve maior investimento e qual teve maior rentabilidade pela plataforma Climate FieldView™ para analisar toda a área e melhorar a produtividade, e assim obter melhor lucro.
"O que me impressiona hoje é a maneira como se faz o plantio e a velocidade das máquinas. Ver a planta se desenvolvendo, poder fazer uma adubação foliar que responde. Antigamente, a adubação foliar não tinha um crescimento dessa forma", menciona Sr. Luiz.
A dica da família para o sucesso da sucessão e a inclusão da agricultura digital no campo é respeitar e aliar a experiência das gerações anteriores, à tecnologia. Além de fazer o possível para que os menos familiarizados com o mundo digital, visualizem as melhorias e os benefícios, através de fatos concretos. Thiago conclui que argumentar sem exigir traz evolução no tempo certo.
Mais uma incrível história de sucesso para quem é apaixonado por agricultura! Quer saber mais sobre essa e outras?
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