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A lagarta-cartucho, cigarrinha-do-milho, pulgão-do-milho, percevejo-castanho e larva alfinete são algumas das principais pragas na cultura do milho.
A forma de infestação, os danos e métodos de controle utilizados para eliminar esses insetos varia de acordo com a espécie.
Caso o produtor não adote nenhuma técnica de manejo, pode sofrer grandes prejuízos no fim da safra. O enfezamento do milho, provocado pela bactéria transmitida pela cigarrinha, por exemplo, pode provocar perdas de até 100% da lavoura.
Para evitar esse cenário, o ideal é investir na identificação precoce desses insetos e em métodos de controle biológicos, químicos, comportamentais e mecânicos.
Além disso, é fundamental adotar estratégias de Manejo Integrado de Pragas, como dessecação antecipada e monitoramento da lavoura.
Boa leitura!
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Considerado uma das culturas mais importantes do agronegócio brasileiro, o milho se destaca pela sua alta produtividade e rentabilidade.
De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a estimativa é que, apenas na safra 2022/23, a produção de milho atinja a marca de 125,5 milhões de toneladas.
Entre outros fatores, esse número positivo também reflete a capacidade do produtor de fazer o manejo correto das principais pragas e doenças do milho.
E o primeiro passo para que esse manejo e controle de pragas seja feito de forma eficiente é conhecer quais são esses insetos e como fazer a prevenção e o controle desse problema.
Para aprender tudo isso, acompanhe os próximos tópicos!
Leia também: Aprenda tudo sobre a colheita do milho e como saber se as espigas estão prontas
De acordo com Circular Técnica 208 da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), existem mais de 20 pragas que atacam a cultura do milho, sendo as principais:
- Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus)
- Larva-alfinete (Diabrotica speciosa)
- Cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis)
- Percevejo-castanho (Scaptocoris castanea)
- Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda)
- Pulgão do milho (Rhopalosiphum maidis)
Apesar dessa diversidade de pragas do milho, algumas delas se destacam pelo número de ocorrências, intensidade da infestação e níveis de prejuízos provocados na lavoura.
Por conta disso, elas são consideradas as principais pragas na cultura do milho, sendo que suas características e danos devem ser conhecidas pelo produtor rural.
Por isso, conheça abaixo as informações mais importantes sobre seis dessas pragas!
A lagarta-elasmo pode ser identificada pela sua aparência amarelada ou esverdeada. Seu corpo também chama atenção pelas listras e anéis vermelhos, enquanto sua cabeça tem coloração marrom.
Embora seja pequeno, já que alcança, no máximo, 2 cm de comprimento, sua presença na lavoura de milho pode ser devastadora.
Afinal, a praga constrói abrigos no interior do caule da planta, prejudicando a distribuição de nutrientes e água em toda a planta. Como resultado, ela murcha e suas folhas centrais secam e caem, sintoma conhecido como “coração morto”.
Assim, a planta se torna mais fraca e pode até chegar a morte. O ataque mais severo da lagarta-elasmo ocorre ainda na fase inicial da cultura e pode ser agravado com o período de estiagem.
A principal forma de controle dessa praga do milho é investir no tratamento de sementes com produtos com ação sistêmica e residual, como tiodicarb, carbofuran ou imidacloprid.
Porém, esse tratamento pode não ser eficiente se a lavoura estiver sob estresse hídrico.
Nesse caso, a Embrapa recomenda o uso de inseticida de ação de contato e profundidade à base de clorpirifós.
O besouro Diabrotica speciosa também é responsável por atacar e provocar estragos significativos na lavoura do milho.
Embora esse ataque também possa ocorrer quando o inseto está na fase adulta, é na fase larval que ele gera mais prejuízos.
Enquanto o besouro adulto tem uma coloração verde brilhante e manchas amarelas ovais, as larvas são esbranquiçadas e tem cerca de 1 cm de comprimento.
Ao contrário do besouro, que se alimenta de folhas e estilo-estigma (cabelo do milho), as larvas permanecem no solo e têm preferência por terras escuras e ricas em matéria orgânica.
Nesse local, a larva-alfinete, como é conhecida, consome as raízes do milho, reduzindo sua sustentação e prejudicando a absorção de água e nutrientes. Como resultado, a ação da praga pode fazer com que a planta sofra tombamento e até levá-la à morte.
Para controlar os adultos, o agricultor pode investir em armadilhas luminosas com lâmpadas do tipo BLB (ultravioleta), BL (ultravioleta) e B (azul).
Já o controle das larvas-alfinete exige que o produtor invista no tratamento de sementes e no plantio de cultivares de milho transgênico que expressam a proteína Cry3Bb da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt), específica para repelir coleópteros.
Além disso, caso as larvas já tenham infestado a lavoura, o ideal é investir em defensivos que permaneçam no solo entre 6 e 10 semanas.
Para aumentar a durabilidade do produto, a recomendação é que o defensivo usado seja do tipo granulado ou que a pulverização seja realizada diretamente no sulco de plantio.
A cigarrinha-do-milho é uma das pragas mais prejudiciais à cultura. Apesar de pequena, o inseto é o principal transmissor das bactérias Mollicutes, responsáveis por provocar a virose do raiado fino e o enfezamento pálido e vermelho do milho.
Por ser um inseto sugador, a transmissão da bactéria ocorre enquanto as ninfas e adultos da cigarrinha estão se alimentando. Ao sugarem a seiva, a cigarrinha injeta sua saliva contaminada na planta.
O resultado é o desenvolvimento de diversos sintomas, como enfraquecimento, encurtamento de entrenós e formação de fumagina, uma camada de fungos que aparece na superfície da folha e prejudica o processo de fotossíntese.
De acordo com a Embrapa, o enfezamento provocado pela cigarrinha-do-milho é responsável por perdas que podem chegar a 100% da lavoura.
Vale lembrar que o plantio de variedades de ciclo tardio, especialmente durante a safrinha, geralmente torna a lavoura mais suscetível ao ataque da cigarrinha-do-milho.
A principal forma de proteger a lavoura do ataque da cigarrinha é investir em múltiplas estratégias de manejo.
A recomendação é integrar o investimento em tratamento de sementes com o sistema de rotação de cultura e o vazio sanitário do milho.
Caso alguma infestação tenha sido identificada, pode ser necessário investir na aplicação de defensivos na parte aérea da lavoura, de preferência, inseticidas à base de neonicotinoides, como tiametoxam, imidacloprido e clotianidin.
O percevejo-castanho é uma praga que ataca diversas culturas, como soja, algodão e milho. Em todos os casos, o inseto provoca efeitos semelhantes.
O inseto de coloração castanho-claro vive em solo úmido e se alimenta das raízes da planta, prejudicando o funcionamento do seu sistema vascular.
Como resultado, as plantas sofrem com deficiência nutricional e hídrica, o que as enfraquece e pode levá-las à morte.
Os danos podem ser observados em reboleiras e os insetos podem ser identificados em função do forte odor que eles exalam quando são retirados da terra.
Vale lembrar que os prejuízos causados pela infestação do percevejo-castanho podem variar de acordo com a intensidade e a época do ataque.
O percevejo-castanho vive no solo a uma profundidade de aproximadamente 30 cm, o que dificulta a aplicação de defensivos.
Além disso, os ataques do inseto podem ocorrer de forma esporádica, contribuindo para o desafio de implementar um programa de manejo eficiente. Nesse contexto, a melhor forma de controlar o percevejo-castanho é investir na prevenção.
O ideal é investir em métodos de controle físico, como aração e gradagem do solo para expor os insetos aos predadores, e controle biológico com o auxílio do fungo Metarhizium anisopliae.
Também conhecida como lagarta-militar e lagarta-do-cartucho-do-milho, a lagarta-do-cartucho pode atacar mais de 100 espécies de plantas.
Porém, os danos causados à lavoura de milho são considerados mais intensos. Por isso, ela é considerada uma das principais pragas da cultura do milho.
Os ataques começam quando a lagarta ainda está na fase larval. Nesse período, elas têm os tecidos de folha apenas de um lado. Ao longo do seu desenvolvimento, as larvas e os adultos começam a abrir buracos nas folhas.
Além disso, os indivíduos adultos também podem atacar a base da planta, provocando os sintomas conhecidos como “coração morto”.
No milho, além desses problemas, a lagarta-cartucho também destrói os cartuchos e ataca as espigas.
A praga também pode atacar as plântulas ainda na fase de emergência, provocando seu tombamento e a redução da produtividade da cultura. Em geral, as infestações dessa lagarta podem diminuir a produção em até 52%.
O produtor precisa investir em diferentes estratégias para controlar essa praga. Além de investir no tratamento de sementes, é fundamental cultivar variedades transgênicas, de preferência com a tecnologia Bt.
Além disso, o produtor pode investir no controle biológico com predadores naturais da lagarta, como o parasitoide Trichogramma pretiosum e o fungo Metarhizium anisopliae.
Para o controle químico, o ideal é apostar na rotação de inseticidas com diferentes modos de ação, como clorantraniliprole + lambda-cialotrina; clorantraniliprole, espinoteram e clorfenapir.
Com corpo alongado e coloração que varia entre o amarelo-esverdeado e o azul-esverdeado, o pulgão-do-milho se destaca por viver em colônias e por ser um inseto sugador de seiva.
Apesar de não introduzir toxinas durante sua alimentação, o pulgão elimina um excremento açucarado, conhecido como honeydew, que favorece o desenvolvimento de fungos nas folhas.
Como resultado, as plantas atacadas podem desenvolver sintomas como murcha, encarquilhamento e clorose.
Além disso, os danos são maiores durante o pendoamento da cultura, provocando falhas na polinização e o desenvolvimento de espigas incompletas ou inférteis.
Em casos extremos, os danos na fase vegetativa podem provocar perdas de até 60% da produção.
O produtor pode investir em três métodos de controle para eliminar o pulgão-do-milho da plantação.
O primeiro deles é o controle biológico, que pode ser realizado com parasitoides (Aphidius sp.), predadores (como joaninhas e tesourinha) e doenças fúngicas.
Além disso, o produtor pode fazer o controle químico na infestação com inseticidas à base de neonicotinoides. Outro método eficiente é investir no plantio de híbridos mais resistentes ao ataque dessa praga, como os híbridos P30F53H, STATUS VIP e BM9288.
Por fim, é fundamental investir no tratamento das sementes, no monitoramento da plantação e no controle cultural da praga.
Identificou algum sinal de infestação na lavoura de milho? Então, está na hora de começar uma investigação e adotar medidas de controle dessas pragas.
O primeiro passo para eliminar as pragas da lavoura é investir na sua identificação correta. Afinal, cada espécie de praga exige métodos diferentes de controle. Além disso, algumas espécies são muito parecidas, o que dificulta sua identificação.
Caso você aplique um defensivo que não é específico para a eliminação de uma determinada praga, por exemplo, os danos devem persistir e até aumentar.
Por isso, é fundamental conversar com o agrônomo e mostrar dados que indicam a presença de infestações. Assim, o profissional poderá visitar a lavoura, fazer a identificação correta e indicar os métodos ideais de controle
Como citado acima, o controle biológico também é uma alternativa eficiente para eliminar infestações. Utilizando os inimigos naturais de cada praga, é possível reduzir a população de insetos e evitar os danos da lavoura.
Vale lembrar que a aplicação e o tipo de controle biológico adotado variam de acordo com a espécie da praga. Por isso, é importante consultar um agrônomo antes de adotar esse método ou utilizá-lo junto com outras técnicas de manejo.
O uso de armadilhas faz parte do chamado controle comportamental, que visa atrair insetos e evitar seu deslocamento e reprodução. Essas armadilhas podem ser construídas de várias formas.
O agricultor pode instalar painéis com adesivos azuis ou amarelos em pontos estratégicos da lavoura, por exemplo, para atrair esses insetos.
Além desse método, o produtor também pode investir em armadilhas luminosas, plantas iscas ou plantas repelentes. A escolha do método depende da espécie de praga que o produtor deseja capturar ou monitorar.
O controle mecânico consiste no uso de diferentes técnicas e equipamentos para eliminar as pragas com efeito físico.
Isso pode ser feito por meio da criação de barreiras físicas, inundação de áreas, dessecação, catação manual de insetos, entre outros métodos.
Para que seja efetivo, o controle químico também depende da identificação correta da praga do milho. Somente após essa etapa, é possível criar estratégias para a aplicação de defensivos.
Afinal, existem defensivos específicos para cada praga, que devem ser aplicados em períodos específicos de desenvolvimento da lavoura ou do próprio inseto.
Vale lembrar que é importante investir em tecnologias, como recursos da Agricultura de Precisão, que permitam a otimização do uso de defensivos, gerando economia e reduzindo os riscos de criação de resistência.
A melhor forma de evitar uma infestação de pragas na cultura do milho é investir no Manejo Integrado de Pragas (MIP).
Essa prática consiste no uso de diferentes técnicas para reduzir a incidência dessas ameaças na lavoura e, ao mesmo tempo, diminuir o uso de defensivos e tornar a produção mais sustentável.
Usando essas técnicas, o agricultor reduz o aparecimento de infestações e o registro de prejuízos na produção.
Conheça algumas dessas estratégias abaixo:
Ao investigar o histórico da área cultivada, o agricultor consegue identificar quais pragas e doenças do milho são mais comuns na região.
Assim, ele descobre a quais problemas sua lavoura está mais suscetível. Dessa forma, o produtor pode reforçar as medidas preventivas e tomar decisões mais assertivas para proteger sua produção.
A dessecação antecipada, também chamada de dessecação pré-plantio, é uma prática eficaz para eliminar toda a vegetação da área de plantio antes do início da semeadura.
Para isso, o produtor precisa aplicar um herbicida de ação sistêmica ou de contato na vegetação.
Dessa forma, ele consegue remover os restos culturais e as plantas daninhas que podem servir de hospedeiras para doenças e pragas do milho.
Como resultado, é possível proteger a lavoura nas fases iniciais de desenvolvimento, aumentando sua produtividade.
Além de investir em variedades resistentes às pragas do milho comuns na região da fazenda, é fundamental adquirir sementes de qualidade.
Para isso, é importante verificar se o fornecedor é confiável e fazer testes de germinação. Assim, fica mais fácil evitar surpresas desagradáveis ao longo do desenvolvimento da lavoura.
Além de escolher cultivares resistentes, é fundamental investir no tratamento de sementes (TS), que garante a proteção da planta contra pragas e doenças nos estádios iniciais de desenvolvimento.
Como resultado, essa prática ainda favorece a uniformidade da germinação e o aumento da produtividade.
Vale ressaltar que esse tratamento pode ser feito de modo manual na própria fazenda, com aplicação de defensivos químicos ou biológicos, ou industrial, considerado um método mais eficiente.
Fazer o monitoramento pré e pós plantio é fundamental para ter sucesso no controle das principais pragas e doenças do milho.
Afinal, esse acompanhamento permite a identificação precoce de infestações, facilitando a adoção de estratégias mais eficazes para a eliminação do problema.
Além disso, essa identificação precoce ainda ajuda o agricultor a economizar. De acordo com a Embrapa, essa prática pode reduzir em até 50% os custos de aplicação de defensivos agrícolas.
Porém, para que o monitoramento de pragas seja feito de forma eficiente, é fundamental registrar dados de incidência de pragas e fazer amostragens periódicas do campo.
Assim, o agricultor conseguirá calcular a densidade populacional da infestação e identificar o Nível de Dano Econômico (NDE). Dessa forma, ele terá acesso a informações sólidas e seguras para tomar decisões sobre o futuro da lavoura.
E tudo isso pode ser feito com o auxílio da tecnologia, capaz de tornar esse monitoramento mais fácil e preciso.
Além das estratégias acima, o agricultor também deve investir em outras técnicas de manejo para evitar a infestação de pragas na cultura do milho. Algumas dessas técnicas são:
Ferramentas de gestão e acompanhamento da lavoura são as principais aliadas do produtor que busca aumentar sua produção e evitar prejuízos, como os provocados pelas pragas na cultura do milho.
As plataformas de agricultura digital, como o Climate FieldView™, são alguns dos recursos mais eficientes para ajudar o produtor a alcançar esse propósito.
Com o apoio da ciência de dados e inteligência artificial, o FieldView™ permite que o agricultor integre dados agronômicos e acesse prescrições manuais de sementes.
Além disso, ele pode conferir diferentes mapas agrícolas da sua propriedade e ainda identificar falhas e anomalias ao longo de todo o desenvolvimento da lavoura.
Graças a esses e outros dados, monitorar o aparecimento de pragas na cultura do milho se torna mais fácil e rápido.
Assim, o produtor pode tomar decisões mais assertivas e se planejar com antecedência para evitar danos à produtividade da lavoura!