O monitoramento de pragas é uma prática fundamental para garantir a produtividade nos cultivos agrícolas.
Através deste manejo de pragas é possível:
- Saber o momento da entrada da praga no campo,
- Determinar a situação destas na cultura,
- Avaliar o nível de dano econômico e
- Realizar a aplicação de defensivos no momento certo e com mais efetividade.
As Vantagens do Monitoramento de Pragas
Conhecendo quais as pragas incidentes no cultivo é possível determinar qual o melhor controle a ser realizado na lavoura. Tudo isso, reduz custos ao produtor e permite uma melhor tomada de decisão.
Segundo a EMBRAPA através do monitoramento de pragas é possível reduzir até 50% dos custos com aplicação. Além disso, durante o monitoramento é possível registrar também a presença de inimigos naturais e escolher um defensivo que seja seletivo a estes, favorecendo a dinâmica populacional das espécies no cultivo.
No entanto, cada cultivo tem sua especificidade em relação ao modo de realizar o monitoramento, por isso é fundamental conhecer estas diferenças para realizar o manejo corretamente.
Quando iniciar o monitoramento de pragas?
O monitoramento de pragas começa antes do início da safra, assim é possível registrar toda a incidência das pragas desde o início, a fim de tomar a melhor decisão para controle.
O monitoramento é realizado através de amostragens periódicas no campo, que são diferentes entre os cultivos agrícolas, como veremos a seguir. O manejo deve ser realizado regularmente para que se conheça a densidade populacional e o Nível de Dano Econômico (NDE).
NDE: o que é e qual sua importância no monitoramento de pragas?
O Nível de Dano Econômico (NDE) é uma informação valiosa para tomada de decisão no controle de pragas. Este índice mede a densidade populacional de uma praga que é capaz de causar prejuízo de igual valor ao seu custo de controle.
A fórmula para cálculo de NDE é bem simples,
NDE (%) = (Valor da produção da cultura / Valor da aplicação) x 100
Como base de cálculo o investimento no controle só se justifica quando a densidade populacional atingir um nível que ocasione perda de 10% na produção.
Como fazer o monitoramento de pragas?
Como já comentado neste artigo, cada cultivo apresenta uma incidência de diferentes espécies de pragas e por isso a forma de realizar o monitoramento é diferente.
Leia Também: Como fazer o controle de pragas da soja corretamente
Monitoramento de pragas no cultivo da soja
No cultivo da soja as principais pragas são:
- o percevejo-marrom-da-soja (Euschistus heros);
- percevejo-verde-pequeno (Piezodorus guildini);
- percevejo-verde (Nezara viridula).
Além destas, as lagartas desfolhadoras também podem causar danos severos ao cultivo como:
- a lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis);
- a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda);
- a falsa-medideira (Chrysodeixis includens);
- a lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus).
Para monitoramento destas espécies é utilizada a técnica do pano-de-batida que consiste utilizar um pano ou plástico branco de 1 m de comprimento por 1 m de largura preso entre duas varas.
Para iniciar o monitoramento primeiramente se estende o pano entre duas fileiras da cultura. Após, deve-se sacudir as plantas das duas linhas sobre o pano, a fim de coletar as pragas. Com os insetos já no pano, começa a verificação e contagem das espécies, verifica-se o número de adultos e jovens e realiza-se o registro da amostragem.
A recomendação é que sejam realizadas no mínimo seis amostragens como esta em lavouras de até 10 ha, oito para lavouras de até 30 ha e 10 para lavouras de até 100 ha. A avaliação deve ser realizada semanalmente.
Monitoramento de pragas no cultivo do algodão
As principais pragas do cultivo do algodão são:
- o bicudo do algodoeiro (Anthonomus grandis);
- a broca da raiz (Eutinobothus brasilienis);
- a mosca branca (Bemisia tabaci);
- o pulgão do algodoeiro (Aphis gossupii);
- o percevejo castanho (Scaptocoris castanea);
- o ácaro-rajado (Tetranychus urticae);
- ácaro vermelho (Tetranychus ludeni);
- o ácaro branco (Polyphagotarsonemus latus);
- as lagartas do gênero Spodoptera.
A recomendação para monitoramento no algodão é dividir as áreas em talhões de 100 ha, realizar amostragens em 100 plantas/talhão, escolhendo 20 pontos com 5 plantas. Nessa análise, deve-se registrar todas as pragas presentes na planta para entender quais as de maior incidência e quais as mais prováveis de chegarem ao Nível de Dano Econômico.
A frequência de amostragem é entre 3 e 7 dias, mas pode ser maior caso alguma praga esteja em um nível mais alto de infestação.
Veja mais: Agricultura 4.0
Referências
CORREA-FERREIRA, B.S. Amostragem de pragas da soja. In: HOFFMAN-CAMPO, C.B. et al. Soja - Manejo integrado de insetos e outros artrópodes-praga. Brasília: Embrapa, 2012. Cap.9, p.631-672.
EMBRAPA – EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Manejo Integrado de pragas do algodoeiro no cerrado brasileiro.
EMBRAPA – EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Manejo Integrado de Pragas (MIP) na cultura da soja: um estudo de caso com benefícios econômicos e ambientais.
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