Responsável por 25% do PIB em 2022, o agro do país investe em tecnologia para se manter entre os maiores exportadores mundiais de alimentos e fibras através da modernização da produção agrícola.
Produtor usa tablet para registrar o desenvolvimento da planta de algodão.
As mudanças e investimentos realizados nos últimos 40 anos transformaram o agronegócio no Brasil em um dos pilares da economia e do desenvolvimento do país.
Além do seu impacto local, o setor também trouxe protagonismo à produção agropecuária brasileira frente ao cenário internacional. Por conta disso, o Brasil consolidou sua posição como um dos principais players do mercado global de produção e exportação de alimentos.
Para se ter uma ideia, de acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em 1977, o país produzia cerca de 46 milhões de toneladas de grãos.
Em comparação, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que somente na safra 2022/23 o país produza mais 300 milhões de toneladas de grãos. Isso significa que nos últimos 40 anos, o Brasil aumentou sua produção de grãos em mais de 500%.
Nesse mesmo período, outros produtos agropecuários brasileiros, como frango, leite e fruticultura, também apresentaram um crescimento significativo.
Além de reforçar a posição do país no ranking de produção mundial de alimentos, esses dados indicam que investir em conhecimento, inovações e tecnologias no campo, é a solução ideal para superar desafios e aumentar a produtividade do agricultor.
Para comprovar isso, basta avaliar a história do agronegócio no Brasil e os resultados do setor. Por esse motivo, neste artigo, você vai entender a importância da produção agropecuária brasileira, seu processo de transformação e o que esperar para o futuro do agro com a modernização da produção agrícola.
Boa leitura!
A história do agronegócio no Brasil
O agronegócio brasileiro se supera ano após ano, posicionando o país como uma das potências mundiais do setor e grande produtor e exportador de diferentes produtos, como soja, milho, celulose, café, carne bovina e de frango, açúcar e suco de laranja.
O agronegócio brasileiro se supera ano após ano, posicionando o país como uma das potências mundiais do setor e grande produtor e exportador de diferentes produtos, como soja, milho, celulose, café, carne bovina e de frango, açúcar e suco de laranja.
Mas nem sempre foi assim! O Brasil se consolidou como um player global nesse setor nos últimos 25 anos. Entenda o processo de consolidação desse setor brasileiro nos próximos tópicos.
SAIBA MAIS: Afinal, o que é agricultura?
A origem da agricultura no Brasil
A história da produção agrícola no Brasil começou pouco depois da chegada dos portugueses. Teve início na região Nordeste, no século XVI, com o cultivo da cana-de-açúcar.
As primeiras mudas chegaram ao Brasil em 1933. Eles acreditavam nas palavras de Pero Vaz de Caminha, que dizia: “aqui se plantando, tudo dá”.
Só a partir do século XVIII começou a atividade cafeeira. Essa cultura, importante para o agronegócio no Brasil, propiciou o desenvolvimento de diferentes regiões, sobretudo a partir do século XIX quando o café passou a liderar as exportações, logo após o declínio da mineração.
Mas a atividade começou a entrar numa crise global por volta de 1900, provocada principalmente pela queda dos preços da saca do grão no mercado internacional. Processo que levou o Brasil à maior diversificação da atividade agrícola.
Essa mudança ganhou força principalmente a partir da década de 1940, com o aumento da urbanização do país e a necessidade de maior produção de matérias-primas.
A modernização da agricultura brasileira
Apesar do início da diversificação, a agropecuária brasileira não apresentava muita inovação em meados do século passado. Prevalecia o trabalho braçal. Naquela época, menos de 2% das propriedades rurais contavam com máquinas agrícolas.
Segundo o portal “A Trajetória da Agricultura Brasileira”, da Embrapa, praticamente não existiam pesquisas no país.
Faltavam conhecimentos sobre solos e variedades, eram escassas as recomendações de manejos e as tecnologias da informação eram quase desconhecidas no campo.
O resultado era o baixo rendimento por hectare e pequena produção, que passou a ser insuficiente para atender à demanda interna, num período de industrialização e crescimento populacional.
O agronegócio no Brasil iniciou uma fase de modernização entre 1960 e 1970. Um marco foi a criação da Embrapa em 1973, que, com o tempo, estabeleceu unidades de pesquisa em diferentes regiões do país, trabalhando com variadas culturas.
Esse foi um passo fundamental para fomentar a reestruturação produtiva no campo, por meio da incorporação de tecnologias e da expansão agrícola para novas fronteiras, como o Cerrado.
Um dos frutos desse processo de desenvolvimento do agro brasileiro foi a adesão a métodos agrícolas que melhoram a qualidade do solo.
A adesão a boas práticas agronômicas possibilitaram realizar o plantio sem precisar revolver o solo, rotacionando culturas e utilizando da palhada como cobertura. O Sistema de Plantio Direto (SPD) passou a ser adotado no país, que hoje é referência mundial nessa prática.
Com o tempo, a agricultura brasileira tornou-se terreno fértil para diferentes tecnologias disruptivas.
Com o avanço da engenharia genética, e a chegada das biotecnologias, muita coisa mudou no melhoramento. O desenvolvimento de novas cultivares com diferentes atributos genéticos ficou mais preciso, eficiente e, eventualmente, mais rápido.
Como o caso da primeira soja geneticamente modificada, a Soja RR (Roundup Ready), tolerante ao herbicida glifosato. Flexibilizando muito o manejo das plantas daninhas no campo.
Grãos de soja na vagem.
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Também foi desenvolvida a biotecnologia Bt, permitindo que cultivos, como os de soja e milho e algodão, estivessem protegidos do ataque de pragas chave, como lagartas desfolhadoras.
O campo também assistiu outros avanços, como o desenvolvimento das defensivos agrícolas mais seguros e tecnológicos, de máquinas e implementos, de melhores práticas de manejo, de técnicas de irrigação e adubação.
Incorporação tecnológica do agro: da agricultura 3.0 às ferramentas digitais
O processo de transformação do agronegócio brasileiro tomou corpo com o surgimento da Agricultura 3.0, caracterizada pela agricultura de precisão e pela busca de práticas cada vez mais sustentáveis.
Foi importante para conferir a precisão nas operações a utilização do GPS em máquinas agrícolas.
Essa ferramenta trouxe para o campo a possibilidade de elaborar mapas detalhados da lavoura, com base em amostras do solo georreferenciadas, e outras informações relevantes como uso de taxa variável.
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Mas, no início dos anos 2000, a modernização da produção agrícola deu um novo salto. Em conexão com a agricultura digital, passaram a ser usadas máquinas mais modernas, veículos autônomos, drones, robôs com sensores.
Nasceu a agricultura 4.0, marcada pela automação, conectividade e geração de dados sobre a atividade agrícola, permitindo maior precisão, acuracidade e assertividade nas decisões tomadas no dia a dia do campo.
Nesse contexto, o campo passou por um processo acelerado de digitalização, que incorporou tecnologias como IoT, Inteligência Artificial, robótica, Big Data, dentre inúmeras outras ferramentas que surgem a cada dia no setor, voltadas a levar maior eficiência, produtividade e redução de custos com a lavoura.
Dentro desse processo acelerado de incorporação das tecnologias 4.0 através da aceleração do agronegócio no Brasil, surgiu a agricultura digital, caracterizada pela utilização dos dados coletados da agricultura para melhorar o gerenciamento da lavoura.
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Mas, ao longo dessa jornada de desenvolvimento do setor, um fator tem sido fundamental para o desempenho cada vez melhor do agro brasileiro: o protagonismo dos agricultores. Eles têm gerido suas lavouras com profissionalismo cada vez maior, com o propósito de aperfeiçoar os resultados do negócio.
Investem em capacitação, aliam práticas modernas com respeito ao meio ambiente, realizam testes de campo para entender melhor seus ambientes de produção e não têm medo de buscar inovações para tirar o máximo de cada metro quadrado da fazenda.
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Através da agricultura digital, é possível criar e acessar dados da lavoura através do celular.
O crescimento do agronegócio no Brasil
Os fatores que impulsionaram a modernização da produção agrícola nacional e o resultado da incorporação dessas inovações tecnológicas, fizeram o setor dar um salto no país entre 1975 e 2017.
A produção de grãos, que era de 38 milhões de toneladas, cresceu mais de seis vezes, atingindo 236 milhões, enquanto a área plantada apenas dobrou. Esse desenvolvimento consolidou o agronegócio no Brasil como um dos pilares da economia do país.
De acordo com cálculos do Cepea, em 2022 o segmento alcançou participação de 25% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Esse número representa uma queda em relação a 2021, quando a participação do agronegócio no PIB foi de 27%. Apesar disso, as expectativas é que o setor volte a crescer nos próximos anos, graças a mudanças no cenário nacional e internacional.
Mesmo diante dessa leve retração, o crescimento da relevância do agro no PIB do país ainda chama a atenção. Para se ter uma ideia,em 1970, a participação do agro no PIB era de apenas 7,5%.
O avanço do setor é evidente quando se compara o crescimento da produção em relação à área ocupada pelo agribusiness. Basta conferir o rendimento médio (quilos por hectare) das lavouras de arroz, feijão, milho, soja e trigo, entre a década de 70 e os anos 2000.
Destaque para os aumentos de rendimento de 346% para o trigo, de 317% para o arroz e de 270% para o milho, segundo a Embrapa.
A revolução agrícola dos últimos 40 anos teve um grande efeito transformador na sociedade brasileira e é, de acordo com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), o fato mais importante da história econômica recente do Brasil.
Qual é a importância do agronegócio no Brasil?
O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo. Além de abastecer o mercado interno, mais de 233 milhões de toneladas de produtos agropecuários foram exportados apenas em 2022, segundo dados da CNA.
A maior parte dessa produção à China, principal importador do Brasil, além de Estados Unidos e países da União Europeia.
Graças a essas negociações, a produção agropecuária brasileira impacta não só na balança comercial, mas também na geração de empregos e no desenvolvimento do país.
Para comprovar essa informação, basta observar os dados sobre o desempenho dos principais produtos do setor.
Os principais produtos agrícolas brasileiros
A produção agropecuária brasileira abastece tanto o mercado interno quanto o externo. Os destaques dessa produção são as commodities agrícolas, especialmente oleaginosas.
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra agrícola de 2021/22, por exemplo, foi estimada em 271,2 milhões de toneladas, representando um recorde para o setor e uma alta de 5,6% em relação à safra anterior.
Para entender a relevância dessas commodities para a economia do país, confira abaixo o desempenho dos principais produtos agrícolas brasileiros.
SOJA
Colheita de soja.
Recentemente, o Brasil ultrapassou os Estados Unidos e se tornou o maior produtor e exportador mundial de soja, uma das principais commodities do mundo.
Hoje, a oleaginosa é considerada o principal produto agrícola brasileiro e um elemento-chave para o desenvolvimento agroindustrial no Brasil.
Nos últimos 30 anos, a produção brasileira de soja aumentou mais de 500%, ultrapassando o volume de 130 milhões de toneladas na safra 2021/22. A movimentação financeira em torno da produção desse grão também impressiona.
Segundo a CNA, em 2022, foram exportados mais 78 milhões de toneladas de soja em grão, movimentando quase US$ 46,7 bilhões.
No mesmo período, foram exportados mais de 20 milhões de toneladas de farelo de soja, movimentando cerca de US$ 10,3 bilhões.
E os sojicultores brasileiros continuam se superando, devendo bater um novo recorde de produção em 2022/23: mais de 147 milhões de toneladas.
SAIBA MAIS: Guia da soja: como planejar a safra do plantio à colheita em 2023
MILHO
Colheita de milho.
O grão mais produzido e comercializado no mundo é o milho. E isso só é possível graças a participação do agronegócio brasileiro. Afinal, o país é o terceiro maior produtor mundial de milho, sendo responsável pelo abastecimento de 41% do mercado global.
Na safra 2021/22, a produção nacional de milho atingiu cerca de 115 milhões de toneladas, destinada ao mercado interno e externo. E a expectativa é que esse número cresça ainda mais.
A Conab estima que o país produza 125,8 milhões de toneladas na safra 2022/23, o que representa um aumento de 11,2% em relação a safra anterior.
Após obter significativo crescimento de produção nos últimos 20 anos, hoje, o Brasil é o segundo maior exportador de milho do planeta, movimentando mais de US$ 454 milhões.
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CANA-DE-AÇÚCAR
Equipamento realiza a colheita da cana-de-açúcar.
Também é importante na pauta de exportações do agronegócio brasileiro o Complexo Sucroenergético, cujos produtos são oriundos do cultivo da cana-de-açúcar.
O Brasil é o maior produtor e exportador mundial do açúcar derivado dessa planta, além de ser o segundo maior produtor mundial de etanol. Segundo a Conab, a estimativa é que a safra 2022/23 de cana-de-açúcar supere os 598,3 milhões de toneladas. Parte dessa produção também é destinada ao exterior.
De acordo com a CNA, o país exportou mais de 24 milhões de toneladas de açúcar de cana bruto em 2022, movimentando quase US$ 9,5 bilhões.
CAFÉ
Outro produto do agro brasileiro que é sinônimo de tradição é o café. O país é o maior exportador e maior produtor mundial desse produto há 150 anos.
Para se ter uma ideia da importância da produção brasileira de café, o Brasil responde por um terço da produção do planeta.
De acordo com a Conab, a safra 2022 produziu mais de 50,92 milhões de sacas de café beneficiado, com uma produtividade média nacional de 27,2 sacas por hectare.
Desse total, merece destaque a produção de café tipo arábica (32,7 milhões de sacas) e tipo conilon (18,1 milhões de sacas).
Ainda segundo a Conab, boa parte dessa produção é destinada ao mercado internacional. De janeiro a novembro de 2022, o Brasil exportou mais de 36 milhões de sacas de café de 60 kg, considerando a soma dos produtos verde, solúvel e torrado & moído.
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A importância da produção agrícola para a balança comercial brasileira
A produção agropecuária é considerada um dos principais pilares da economia brasileira, já que representa uma parte significativa das exportações e importações do país.
Para comprovar essa afirmação, basta observar os dados sobre a balança comercial brasileira. Segundo o boletim divulgado pela CNA, em 2022, o saldo comercial do setor é positivo em aproximadamente US$ 141,8 bilhões.
Em função disso, o setor agropecuário garantiu o superávit da balança comercial do país, já que outros segmentos registraram déficit de cerca de US$ 75 bilhões.
Além disso, segundo relatório produzido pela Secretaria de Comércio Exterior, o setor agropecuário registrou um aumento de 36,1% no volume de exportações em 2022.
Segundo levantamento realizado pela CNA em parceria com o IBGE, em média, as exportações movimentam cerca de USD 100,7 bilhões ao ano.
Porém, por conta da implementação de novas tecnologias no campo, responsáveis por melhorar significativamente a produtividade e rentabilidade das fazendas, esse número tende a aumentar nos próximos anos.
Em 2022, por exemplo, as exportações do agro brasileiro somaram US$ 159,09 bilhões, o que representa uma alta de 32% em relação ao ano anterior.
Segundo dados do Ministério da Agricultura e Pecuária, esse número é resultado do crescimento da produção da safra 2021/2022, que atingiu 271,4 milhões de toneladas.
Além disso, os setores que se destacam nas exportações também refletem os principais produtos agrícolas e pecuários produzidos no país.
Ainda segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária, entre janeiro e dezembro de 2022, os setores que mais exportaram seus produtos foram:
- Complexo soja - US$ 60,95 bilhões;
- Carnes - US$ 25,67 bilhões;
- Produtos florestais - US$ 16,49 bilhões;
- Cereais, farinhas e preparações - US$ 14,46 bilhões;
- Complexo sucroalcooleiro - US$ 12,79 bilhões.
E as importações?
Por outro lado, segundo dados do Ministério da Agricultura, o Brasil importou cerca de US$ 17,24 bilhões em produtos agropecuários em 2022.
Porém, esse valor foi influenciado pela alta dos preços médios (+13,8%), não pelo aumento da importação, uma vez que o país registrou uma queda de 2,4% no volume de produtos agrícolas importados.
No entanto, as importações insumos agrícolas foram mais significativas. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior, adubos ou fertilizantes químicos e insumos como inseticidas, fungicidas, herbicidas, entre outros, estão entre os dez itens com maior valor importado pelo país em 2022.
Os dados se referem ao último ano, mas refletem números frequentes na balança comercial brasileira, reforçando o protagonismo do setor agropecuário para a economia do país.
O que explica o sucesso da produção agrícola brasileira?
O sucesso do Brasil na produção e exportação de produtos como soja, milho, açúcar e café não é fruto do acaso. Diferentes fatores contribuíram para o crescimento do agronegócio no Brasil ao longo das últimas décadas, como:
- Apoio governamental;
- Investimento em pesquisa e desenvolvimento;
- Incorporação de novas tecnologias e manejos produtivos;
- Abertura de novas fronteiras agrícolas, como o cerrado e o Matopiba;
- Expansão da demanda externa por produtos agrícolas, além do fortalecimento da demanda interna;
- Disponibilidade de crédito rural;
- Surgimento interno de um setor forte de fornecimento de insumos, máquinas e tecnologias agrícolas;
- Produtores rurais cada vez mais interessados em inovações.
Os desafios do agronegócio brasileiro
Segundo dados da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), a população mundial deve atingir o patamar de 9,8 bilhões de pessoas até 2050.
Para atender esse aumento significativo da demanda global, a produção agrícola deve aumentar 70% nesse período. Por ser um dos principais players do mercado mundial do agronegócio, a expectativa é que, em 30 anos, o Brasil se torne responsável por 40% da produção agrícola mundial.
Embora essa estimativa represente várias oportunidades para o crescimento do setor, ela também sinaliza os desafios que o agro brasileiro deve enfrentar nos próximos anos.
Afinal, a tendência é que agronegócio também seja cada vez mais pressionado para produzir de forma ambiental e socialmente sustentável.
Redução do desmatamento, economia no uso da água, reciclagem, diminuição do uso de agroquímicos e aumento da reciclagem são apenas algumas das principais pautas que devem orientar a produção agrícola nos próximos anos.
E é bom que o produtor acompanhe essas pautas, já que a sustentabilidade da fazenda pode ser decisiva para ingressar no mercado internacional e aumentar a competitividade da produção.
O uso de tecnologias no campo também exige mudanças
Para solucionar esses desafios, a melhor saída é investir na digitalização do campo e na atuação conjunta de várias tecnologias agrícolas, como Big Data, drones, IoT e Inteligência Artificial, entre outras ferramentas da Agricultura Digital.
No entanto, o uso dessas tecnologias também exige a superação de outros desafios, especialmente aqueles relacionados a falta de infraestrutura, acesso à internet no campo e trabalhadores capacitados para atuar nas fazendas e manusear as tecnologias.
Todos esses desafios indicam que além de se manter informado e de estar disposto a implementar tecnologias na fazenda, o produtor precisa do apoio de entidades públicas e provadas.
Somente a partir dessa parceria, ele conseguirá aproveitar as vantagens da modernização do campo e preparar sua produção agrícola para os novos paradigmas do agronegócio mundial.
Qual é o futuro do agronegócio do Brasil?
Se nos últimos 50 anos, o agronegócio brasileiro cresceu e se tornou um importante fornecedor de alimentos e fibras para o mundo, no futuro esse processo tende a se acelerar.
Afinal, a estimativa é que o mundo atinja 9,8 milhões de pessoas até 2050. E, conforme explicado, isso vai exigir um aumento considerável da produção brasileira. Considerando os desafios mencionados anteriormente, tudo indica que os ventos que impulsionaram o agronegócio brasileiro a partir de 1970 serão outros ao longo das próximas décadas.
Confira alguns fatores que influenciarão diretamente o futuro do nosso agro:
Agropecuária mais sustentável
As inovações científicas e o uso de novas tecnologias são essenciais para aumentar a produção, mas com maior sustentabilidade. A cobrança por atividades agropecuárias com baixo impacto ambiental e social tende a ser cada vez mais forte, especialmente por parte do mercado internacional.
Além disso, a agricultura e a pecuária devem ter maior protagonismo na luta contra as mudanças climáticas.
Para isso, os produtores devem incorporar práticas e tecnologias que permitam a redução das emissões de gases de efeito estufa, como plantio direto e rotação de culturas.
ENTENDA POR QUÊ: A digitalização do campo pode ser caminho para uma agricultura mais sustentável
Modernização da gestão do agribusiness
A evolução do mercado também vai exigir cada vez mais profissionalização das empresas familiares, que devem acompanhar a modernização do setor agrícola.
Nos últimos anos, um forte movimento de governança corporativa e modernização dessas empresas começou a se destacar.
A tendência é que esse movimento ganhe mais força no setor nos próximos anos, gerando oportunidades de desenvolvimento dos negócios e novos procedimentos corporativos.
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Incorporação de novas ferramentas tecnológicas
O setor das agtechs vai crescer ainda mais, acelerando no agronegócio a incorporação de novas ferramentas tecnológicas.
Recursos como a ciência de dados, IoT, Big Data, robótica, veículos autônomos, Inteligência Artificial, mapas e imagens de satélites e Machine Learning devem ser implementados em sintonia com um movimento ainda mais forte de transformação digital.
Além dessas ferramentas, as máquinas automatizadas e teleguiadas, a individualização do gado para melhor tratamento durante a engorda, a análise dos dados por imagem com recursos da Nasa e a domesticação microbiológica são outros recursos que também que prometem modificar de vez o setor.
OUÇA O EPISÓDIO 08 DO NOSSO PODCAST: Hubs de Inovação - Quem são os integrantes do ecossistema das soluções inovadoras?
Avanço da biotecnologia
Produzir mais com menos pautará, cada vez mais, o agronegócio. Para tanto, as tecnologias estarão focadas em genética avançada, melhoria da eficácia de uso dos recursos de produção, bem como manejo inteligente dos fatores redutores de produtividade.
Nesse contexto, a biotecnologia propiciará novas variedades geneticamente modificadas, permitindo avanços em proteção de culturas e ganhos de produtividade.
Esses ganhos podem ser resultado, por exemplo, da diversificação das tolerâncias a herbicidas em variedades produzidas com esse tipo de tecnologias, em culturas como soja, milho e algodão.
Outras conquistas também são esperadas nessa área, como a introdução de características de tolerância à seca na soja e no milho, e de aumento de biomassa e a proteção contra insetos na cana-de-açúcar.
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Outras tendências e oportunidades para o agronegócio no Brasil
Diante do atual cenário agropecuário brasileiro e das mudanças globais esperadas para o setor nos próximos anos, a Embrapa produziu o relatório Visão 2030.
Esse documento reúne as tendências globais e nacionais que devem impactar o futuro do agronegócio e que devem ser acompanhadas de perto.
Segundo o texto, existem pelo menos sete megatendências que moldarão a agricultura brasileira nas próximas décadas, como explica esse infográfico.
O futuro da agricultura brasileira: principais sinais e tendências em cada megatendência. Fonte: Embrapa.
O futuro da agricultura brasileira: principais sinais e tendências em cada megatendência. Fonte: Embrapa.
O agronegócio brasileiro tem capacidade para continuar protagonista no futuro
Estima-se que os alimentos embarcados pelo Brasil sejam responsáveis pela alimentação de cerca de 800 milhões de pessoas ao redor do mundo.
Mas isso só foi possível porque, ao longo dos últimos 40, 50 anos, a sociedade brasileira entendeu que investir no agronegócio no Brasil é fundamental para o desenvolvimento do país.
Apesar dos avanços do setor, os desafios continuam. Como vimos, superar esses desafios exige o esforço conjunto de produtores e entidades públicas e privadas.
Mas, considerando o histórico do agronegócio brasileiro, tudo indica que o Brasil tem expertise, capacidade e a acesso às ferramentas certas para reduzir esses problemas. Assim, o país poderá permanecer entre os maiores produtores e exportadores mundiais de produtos agrícolas. O agro brasileiro já está pronto para acolher outras novidades tecnológicas que estão a caminho. Afinal, temos “um mundo” para ajudar a alimentar.