A colheita do algodão exige a aplicação de técnicas e cuidados específicos para garantir uma safra rentável e de boa qualidade.
Colheita algodão
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O processo de colheita do algodão pode ser feito de forma manual ou mecanizada. A mecanizada é o método mais utilizado por médios e grandes produtores. Afinal, ela é mais eficiente e permite a redução de custos a longo prazo.
Esse método mecanizado exige o investimento em colhedoras com sistema picker ou stripper, considerada mais eficiente. Além das colhedoras, o cotonicultor também precisa de um sistema de enfardamento eficiente, que facilite o transporte, armazenamento e processamento do algodão colhido.
Para maximizar a eficiência dessa operação, o produtor precisa garantir tanto a preparação adequada desse processo quanto os cuidados pós-colheita. Todas essas etapas, do preparo ao pós-colheita, podem ser otimizadas com o apoio de tecnologias, como os recursos da agricultura digital.
Boa leitura!
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A colheita do algodão é considerada uma etapa estratégica para garantir o sucesso da safra. A forma como essa operação é conduzida combinado ao manejo da lavoura determina a qualidade do algodão colhido.
Além disso, o sucesso da operação também ajuda a reduzir as perdas associadas à colheita. O ideal é que as perdas durante essa operação permaneçam entre 5% e 15%, dependendo das condições da lavoura.
Para reduzir essas perdas e garantir uma safra de algodão de qualidade superior, o primeiro passo é entender como é o processo de colheita do algodão.
Neste artigo, explicaremos quais técnicas, equipamentos e cuidados que o produtor deve adotar para maximizar os resultados dessa operação.
Como é feita a colheita de algodão?
O processo e a eficiência da colheita influenciam na qualidade e rentabilidade do algodão. Por isso, essa operação exige a atenção e o cuidado do produtor, especialmente em relação aos métodos ou técnicas de colheita de algodão utilizadas na lavoura.
Conheça abaixo as principais técnicas que podem ser aplicadas nessa etapa de produção:
Colheita manual
Na colheita manual, toda a operação é realizada com trabalho braçal. Embora seja um método menos eficiente e mais lento em comparação a técnica mecanizada, a colheita manual ainda é uma alternativa viável para pequenos produtores.
Segundo a Circular Técnica da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), essa colheita deve ser realizada apenas quando 60% dos capulhos estiverem abertos, limpos, secos e livres de orvalho.
Além disso, é fundamental que os trabalhadores sejam treinados para separar o algodão de qualidade superior do inferior.
Também é recomendado evitar a colheita de capulhos afetados por carimãs, pragas, plantas daninhas e impurezas. Isso é essencial para garantir que o produto colhido mantenha uma alta qualidade.
Assim que o processo de colheita for concluído, o algodão deve ser levado o quanto antes para as usinas de beneficiamento. Isso é essencial para evitar riscos de fermentação e contaminação — problemas que comprometem a qualidade do algodão.
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Colheita mecanizada
A colheita mecânica é resultado da evolução das tecnologias agrícolas, que permitiu o desenvolvimento de colhedoras capazes de maximizar a eficiência da colheita do algodão.
Embora a aquisição de maquinário exija um investimento inicial elevado, a velocidade e eficiência da colheita mecanizada pode compensar os custos para produtores de médio e grande porte.
Ela só pode ser realizada em áreas em que o terreno tem um declive inferior a 8%, ou seja, o solo deve estar nivelado. Além disso, é essencial que não haja obstáculos, como tocos e pedras, na área da lavoura, já que isso pode danificar as colhedoras.
O produtor também deve adotar técnicas para limitar a altura dos algodoeiros, que não podem ultrapassar 1,3 metro de altura.
Se a área da lavoura atender esses requisitos, o produtor pode optar pela colheita mecanizada.
Segundo a Circular técnica da Embrapa, a colhedora pode começar a operação apenas quando o algodão estiver seco e cerca de 70% a 80% dos capulhos devem estar bem formados e completamente abertos.
Em caso de chuvas frequentes ou outra condição climática excepcional, o produtor pode antecipar a colheita para quando 50% a 60% dos capulhos estiverem abertos.
Quais equipamentos são utilizados na colheita do algodão?
Produtor observa desenvolvimento do algodão com tablet
Os equipamentos são recursos indispensáveis para fazer a colheita mecanizada do algodão. Atualmente, o produtor que investe nessa técnica de colheita pode adotar três tipos de sistemas ou máquinas de colheita.
Conheça suas características a seguir:
Colhedora com sistema picker
A principal característica das colhedoras de algodão com sistema picker é a presença de fusos cônicos. A rotação desses fusos permite que a máquina extraia o algodão em caroço dos capulhos abertos das plantas, mas sem puxar as casquilhas.
Embora esse tipo de colhedora seja mais cara e tenha um custo de manutenção mais elevado, ela reduz as impurezas do algodão. Por isso, seu uso melhora a qualidade e a rentabilidade do algodão.
Colhedora com sistema stripper
A colhedora com stripper funciona com o auxílio de um “pente fino gigante”, responsável por arrancar os capulhos inteiros da planta. Esse pente atua em conjunto com o molinete, que desprende a fibra que não se soltou da planta.
No entanto, esse sistema aumenta a quantidade de impurezas no algodão, diminuindo a qualidade da fibra. Apesar disso, a colhedora com sistema stripper é uma opção mais econômica e ainda reduz as perdas durante a operação, permitindo a coleta de quase todo o algodão da lavoura.
Sistema de enfardamento
O sistema de enfardamento consiste em uma máquina capaz de compactar o algodão colhido em fardos, facilitando o transporte, armazenamento e processamento desse produto.
Atualmente, o produtor pode optar entre dois sistemas usados para essa finalidade. O mais convencional é a máquina ou prensa enfardadeira. Nesse caso, quando a colhedora completa o cesto de armazenagem, o operador da máquina deve fazer a descarga do produto no cesto de transporte.
Depois disso, esse cesto é transportado até a prensa, que formará os fardos de algodão. No entanto, esse processo é considerado mais lento e pode causar perdas durante a operação.
Uma alternativa mais eficiente e moderna a esse sistema é a colheitadeira de enfardamento automático. Nesse caso, a própria máquina compacta o algodão colhido e forma fardos cilíndricos com um filme de polietileno.
Em seguida, os fardos são descarregados na lavoura enquanto a colhedora ainda está em movimento. Isso otimiza o processo de enfardamento, que se torna mais rápido, prático e eficiente.
Como preparar a colheita do algodão?
Pulverizador Jacto
Antes de iniciar qualquer método de colheita de algodão, o produtor precisa planejar e se preparar para realizar essa operação.
No caso da colheita mecanizada, que é o método mais utilizado atualmente, a recomendação é que o cotonicultor siga as seguintes recomendações:
- Faça manejo de plantas daninhas antes da colheita, já que essas plantas podem prejudicar o funcionamento da máquina e o sucesso da operação;
- Use reguladores de crescimento para garantir o desenvolvimento uniforme da lavoura, que não deve ultrapassar 1,3 metro de altura;
- Aplique desfolhantes quando 60% a 70% dos capulhos estiverem abertos para garantir a abertura mais uniforme dos capulhos e reduzir as impurezas nas plumas;
- Monitore a umidade do algodão em capulho. A operação mecanizada deve iniciar preferencialmente quando a umidade for menor do que 12%;
- Invista no monitoramento de pragas de fim de ciclo e, se necessário, utilize defensivos para controlar as infestações antes de iniciar a colheita.
Como cuidar do pós-colheita do algodão?
Além de fazer a colheita da lavoura, o cotonicultor é responsável por realizar o chamado pré-processamento do algodão. Essa etapa integra a fase de pós-colheita da cultura e pode influenciar na qualidade do algodão colhido.
Conforme a Circular Técnica da Embrapa, esse pré-processamento envolve a realização de três processos básicos: a secagem, o beneficiamento e a armazenagem. Cada um deles exige cuidados específicos, como armazenamento do produto colhido em local seco, limpo e arejado, além de monitoramento contínuo da umidade do algodão.
Para saber mais detalhes sobre cada uma dessas etapas, a recomendação é consultar a Circular Técnica da Embrapa mencionada anteriormente e o Manual de Beneficiamento do Algodão, elaborado pelo Instituto Mato-Grossense do Algodão (IMAmt).
Use a tecnologia para otimizar a colheita do algodão!
Assim como outras etapas da produção agrícola, a colheita também pode ser otimizada com o apoio de ferramentas da agricultura digital e agricultura de precisão.
Recursos como GPS agrícola, piloto automático, sensores e imagem facilitam tanto o monitoramento das colhedoras quanto o manejo de pragas, plantas daninhas e qualquer outro fator que influencie na colheita.
A eficiência dessas e outras tecnologias pode ser potencializada com o auxílio de um bom software de gestão agrícola, como o Climate FieldView™, a plataforma digital da Bayer.
Além de integrar e analisar os dados coletados por esses recursos, o FieldView™ consegue gerar relatórios e mapas agronômicos que orientam e facilitam as tomadas de decisão do produtor.
Esses e outros dados relevantes ainda podem ser acompanhados em tempo real remotamente, por meio de aplicativos e plataforma web.
Caso o produtor perceba alguma falha ou problema na operação, ele consegue fazer os ajustes necessários para reduzir perdas, preservar a qualidade da produção e melhorar a produtividade do algodão.