Para aprender como identificar plantas daninhas, o agricultor precisa contar com o apoio de materiais botânicos e das tecnologias da agricultura de precisão.
Daninha cresce entre as plantas de milho.
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Entender como identificar plantas daninhas é o primeiro passo para evitar os problemas causados pela infestação dessas espécies na lavoura.
Para reconhecer corretamente a espécie invasora, o produtor pode recorrer a materiais de consulta, como manuais da Embrapa e livros de identificação botânica.
Esses conteúdos devem ser utilizados quando as tecnologias de monitoramento e identificação precoce indicarem a presença de infestações. Com base nesses dados, o agricultor pode investigar a origem do problema e adotar as estratégias de manejo.
Essas estratégias envolvem técnicas de controle químico, cultural, mecânico e biológico. O ideal é que sejam aplicadas de forma integrada, conforme orienta o Manejo Integrado de Plantas Daninhas (MIPD) para evitar a resistência aos herbicidas e aumentar a sustentabilidade no sistema produtivo.
Boa leitura!
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A presença de plantas daninhas na lavoura é uma das maiores ameaças à produtividade agrícola. Estima-se que, em média, 15% da produção mundial de grãos é perdida devido à presença dessas invasoras nas lavouras.
Isso acontece porque as ervas daninhas competem diretamente com as culturas cultivadas por água e nutrientes, comprometendo o desenvolvimento vegetativo e reprodutivo das plantas.
Além disso, muitas dessas espécies atuam como hospedeiras de pragas e doenças, afetando tanto a qualidade quanto o volume da produção. Em casos de infestação severa, podem até inviabilizar a atividade agrícola, impactando diretamente o valor comercial da propriedade.
Para evitar esses prejuízos, o primeiro passo é investir na identificação precisa dessas ervas. Neste artigo, explicaremos como identificar plantas daninhas e as melhores estratégias de controle para proteger sua lavoura.
Planta daninha em soja.
Como identificar plantas daninhas
Para identificar corretamente a espécie dessas invasoras, é importante contar com ferramentas de consulta e análise que facilitem esse processo. Confira abaixo alguns recursos que ajudam a otimizar esse trabalho:
Manuais técnicos da Embrapa
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) é uma das fontes mais confiáveis de informações sobre o manejo de invasoras. Ela oferece materiais gratuitos e especializados nesse assunto, como o Manual de identificação de plantas daninhas na cultura da soja e na cana-de-açúcar.
Livros de identificação botânica
Os livros de identificação botânica também são fontes confiáveis que o produtor pode utilizar. Produzidos por especialistas, esses materiais incluem fotos e descrições precisas das plantas, facilitando sua identificação.
Uma das principais referências nessa área é o Manual de Identificação e Controle de Plantas Daninhas: Plantio Direto e Convencional, escrito pelo engenheiro agrônomo Henri Lorenzi.
Classificação das plantas daninhas
Antes de consultar qualquer material sobre identificação de plantas daninhas, o produtor precisa compreender algumas características dessas invasoras. Uma delas é a sua classificação.
As plantas daninhas podem ser categorizadas de diversas formas. A escolha do critério depende do objetivo do estudo ou manejo, sendo que as classificações mais comuns são baseadas no ciclo de vida e no hábito de crescimento. Confira cada uma a seguir:
Ciclo de vida
O ciclo de vida de uma planta diz respeito ao tempo necessário para que ela complete seu desenvolvimento, da germinação até a morte.
Esse período pode variar bastante conforme a espécie e ser influenciado por fatores como clima, altitude e tipo de solo. Conheça a seguir as principais categorias de acordo com essa classificação:
- Anuais: espécies que completam o ciclo em menos de 12 meses. Podem ser subdivididas em anuais de verão e de inverno;
- Bianuais: completam o ciclo entre 12 e 24 meses. Germinam e crescem no primeiro ano, florescendo e se reproduzindo no segundo;
- Perenes: levam mais de 24 meses para completar o ciclo e são as mais difíceis de controlar.
Hábito de crescimento
O hábito de crescimento é a forma como a planta ocupa o espaço na lavoura. Isso é determinado pela estrutura de suas raízes, caules, ramos, folhas, flores e frutos.
Essa classificação é importante porque o tipo de crescimento pode afetar a competição com as culturas cultivadas e a facilidade de manejo. Conheça a seguir suas principais categorias:
- Herbáceas: plantas com estrutura tenra e copa inferior a um metro de diâmetro;
- Subarbustivas: atingem alturas de até 1,5 m;
- Arbustivas: apresentam caules lenhosos mais robustos e podem atingir até 2,5 metro;
- Arbóreas: ultrapassam 2,5 metros de altura;
- Trepadeiras: precisam de suporte para crescer. Podem se enrolar ao redor de estruturas (volúveis) ou se fixar por espinhos ou gavinhas (ciríferas);
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Epífitas: crescem sobre outras plantas, podendo ou não ser parasitas.
Capim amargoso.
Métodos de controle de plantas daninhas
Os métodos de manejo de plantas daninhas são divididos em quatro categorias: cultural, mecânico, biológico e químico. Conheça cada uma delas a seguir:
Controle químico
O controle químico é uma das formas mais eficientes e rápidas de eliminar ou reduzir a presença de plantas daninhas, especialmente em grandes áreas de cultivo.
Esse método envolve o uso de herbicidas, que também podem ser classificados de várias maneiras, como herbicidas seletivos e não-seletivos, e herbicidas de contato e sistêmicos.
Controle mecânico
O controle mecânico utiliza métodos físicos para remover ou destruir plantas daninhas sem o uso de herbicidas. As técnicas incluem arranquio manual, capina (manual ou com ferramentas), roçada (manual ou mecânica) e cultivo mecanizado, feito com implementos puxados por tratores ou animais.
Apesar de ser mais trabalhoso e exigir maior disponibilidade de mão de obra e equipamentos, esse método é mais adequado para jardins, pequenos canteiros e áreas públicas.
Controle cultural
O controle cultural envolve práticas agrícolas que favorecem o desenvolvimento da cultura e dificultam o estabelecimento de plantas invasoras.
Algumas das técnicas usadas nesse tipo de controle são a rotação de cultura, o sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) e o plantio de cultura de cobertura.
Controle biológico
O controle biológico consiste na utilização de inimigos naturais para suprimir o crescimento de ervas daninhas. O objetivo não é eliminar completamente essas plantas, mas manter sua população abaixo do nível de dano econômico.
Para aplicar esse método, o produtor pode utilizar insetos fitófagos e bioherbicidas formulados com fungos, bactérias e vírus nocivos às invasoras, por exemplo.
Tecnologias para monitoramento e identificação
Como identificar plantas daninhas sem detectar o momento em que elas surgem na lavoura? Por isso, o produtor precisa do apoio das tecnologias da agricultura de precisão.
Essas ferramentas facilitam o monitoramento da lavoura e permitem a identificação precoce de invasoras. Confira a seguir as principais tecnologias que podem ser utilizadas nesses processos:
Imagens de satélite ajudam o produtor a identificar áras com presença de daninhas.
Drones e sensores
Ferramentas como drones e sensores podem ser utilizados no chamado sensoriamento remoto. Combinados às imagens de satélite, esses equipamentos permitem a coleta de dados da lavoura em tempo real.
Aplicativos e softwares
Os dados coletados por tecnologias de sensoriamento remoto são processados e integrados por aplicativos e softwares de gestão agrícola, como o Climate FieldView™, plataforma de agricultura digital da Bayer.
Com o recurso Diagnóstico FieldView™, o produtor tem acesso a mapas de vegetação usando o Climate Crop Index (CCI), que calcula o índice vegetativo da lavoura. Eles são semelhantes aos mapas NDVI, mas com maior precisão.
O agricultor pode usar esses mapas para identificar áreas específicas da lavoura com problemas, direcionando esforços de controle de forma mais precisa.
Essas imagens ainda podem ser comparadas com outros mapas da plataforma, como mapa de produtividade.
Para isso, o produtor conta com a funcionalidade Tela Dividida, recurso que facilita a análise comparativa de diferentes camadas de informação. Assim, fica mais fácil detectar problemas precocemente e agir para solucioná-los.
Mapas do Diagnóstico FieldView ajudam a identificar áreas que tiveram menor desenvolvimento por conta da infestação de daninhas.
Importância do manejo integrado
O manejo integrado de plantas daninhas (MIPD) é uma estratégia importante para o controle eficaz e sustentável dessas invasoras na lavoura.
Assim como o manejo integrado de pragas (MIP), essa abordagem também combina diferentes métodos químicos, culturais, mecânicos e biológicos para controlar infestações.
Além de manter a população de plantas abaixo do nível de dano econômico (NDE), o MIPD evita o desenvolvimento de resistência a herbicidas e ainda contribui para a preservação dos recursos naturais.
Para isso, o produtor precisa combinar técnicas como rotação de herbicidas com diferentes modos de ação e métodos de manejo cultural, mecânico e biológico.
Essa diversificação de técnicas mantém os herbicidas eficazes por mais tempo e ainda reduz a necessidade de defensivos, contribuindo para a conservação do solo, da água e da saúde animal e humana. Por isso, o MIPD também é um aliado importante da agricultura sustentável.
Em outras palavras, o MIPD não é uma opção, mas uma necessidade para enfrentar a resistência de plantas daninhas e manter a sustentabilidade agrícola. O segredo do sucesso dessa abordagem está na diversificação de estratégias e, claro, no monitoramento constante da lavoura.
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