A cultura de cobertura é uma prática que ajuda o produtor a incrementar a produtividade da lavoura e tornar sua fazenda mais sustentável e competitiva.
Canola - cultura de cobertura.
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A cultura de cobertura é uma prática conservacionista associada ao Sistema de Plantio Direto (SPD). Além de proteger o solo contra possíveis erosões e lixiviação de nutrientes, essa prática também auxilia no manejo de plantas daninhas, pragas e doenças que prejudicam o desenvolvimento das culturas sucessoras.
Essa estratégia também pode ser utilizada para aumentar o sequestro de carbono do solo e tornar a produção agrícola mais sustentável.
Para implementar a cultura de cobertura, o produtor precisa escolher as espécies que serão utilizadas para essa finalidade, investir na rotação de culturas, preparar o solo para o plantio e fazer o manejo dessas espécies.
Depois disso, a depender do seu objetivo, ele pode incorporar essas plantas ao solo ou utilizá-las como cobertura da área de plantio, preparando o local para a próxima semeadura.
Boa leitura!
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A cultura de cobertura é uma estratégia utilizada para combater a degradação do solo, acelerar sua recuperação e prepará-lo para o plantio de culturas economicamente relevantes, como soja e milho.
Ao mesmo tempo, essa prática é considerada uma aliada da agricultura de conservação, favorecendo o manejo sustentável do solo e da lavoura.
Por isso, o cultivo de plantas de cobertura é considerado uma estratégia que ajuda o produtor a tornar sua fazenda mais competitiva e alinhada às tendências de mercado.
Quer saber como isso é possível? Entenda abaixo tudo o que você precisa saber sobre cultura de cobertura!
O que é a cultura de cobertura?
Sorgo - cultura de cobertura.
A cultura de cobertura é aquela cultivada com o objetivo de cobrir e proteger o solo temporariamente. Dessa forma, é possível proteger as áreas de plantio contra processos erosivos, lixiviação de nutrientes, bem como melhorar a qualidade do solo, entre outros benefícios.
Por isso, geralmente as plantas de cobertura são cultivadas em sistema de rotação de cultura, principalmente durante a entressafra, preparando a área de plantio para os próximos ciclos de cultivo.
Por conta da sua importância na proteção e renovação do solo, a cultura de cobertura também é uma prática associada ao Sistema de Plantio de Direto (SPD), que promove um cultivo mais sustentável e inteligente da lavoura.
Quais os benefícios da cultura de cobertura?
O cultivo de plantas de cobertura consiste em uma estratégia que proporciona diversos benefícios. Confira alguns deles a seguir:
Melhora a fertilidade do solo
O cultivo de plantas de cobertura consiste em uma estratégia que melhora as características físicas, químicas e biológicas do solo.
Afinal, essa prática incrementa a matéria orgânica do solo, melhora sua estrutura, contribui para a regulação térmica, favorece a ciclagem de nutrientes e reduz o processo de evapotranspiração.
Todas essas características contribuem para o manejo sustentável do solo, facilitando o cultivo das culturas sucessoras.
Promove o controle da erosão
A presença da cultura de cobertura reduz o impacto da chuva no solo, diminui os problemas associados à enxurrada e ainda aumenta a resistência do substrato. Como resultado, o investimento em plantas de cobertura ajuda a controlar a erosão do solo.
Favorece o sequestro de carbono
O cultivo de plantas de cobertura permite o aumento da biomassa vegetal disponível no solo, incrementando o volume de matéria orgânica. Como resultado, além de aumentar a microbiota disponível no local, seu cultivo também auxilia no processo de sequestro de carbono.
Afinal, a produção de biomassa favorece a manutenção do estoque de carbono do solo, ou seja, ajuda a retirar gás carbônico da atmosfera.
Por conta disso, a prática da cultura de cobertura, assim como todos os métodos associados ao plantio direto, é considerada uma estratégia conservacionista. Portanto, ela contribui para a mitigação das mudanças climáticas e otimização dos sistemas de cultivo.
Contribui para o manejo de plantas daninhas
A cultura de cobertura contribui para o manejo de plantas daninhas por formar uma barreira física que limita a disponibilidade de luz solar, dificultando a emergência de ervas daninhas.
Além disso, algumas plantas de cobertura produzem um efeito alelopático, ou seja, liberam substâncias no solo que prejudicam a germinação, a emergência e o desenvolvimento das plantas daninhas.
Auxilia no manejo de nematoides
Fazer o manejo de nematoides é um dos grandes desafios enfrentados pelos produtores. Afinal, esses vermes se alimentam das raízes das plantas. Por isso, caso não sejam controlados, podem comprometer o desenvolvimento e a rentabilidade da lavoura.
No entanto, quando o produtor investe no cultivo de plantas de cobertura que não são alvos de algumas espécies de nematoides, ele interfere no ciclo de vida desses vermes. Como resultado, é possível reduzir as infestações e os prejuízos causados por essas pragas nas culturas de maior valor comercial.
Facilita o manejo de doenças e pragas agrícolas
Inserir o cultivo de plantas de cobertura no sistema de rotação de culturas pode interferir no ciclo de vida de diversas pragas e doenças que atacam plantas de maior interesse comercial.
Como resultado, o produtor aumenta a proteção da lavoura e reduz os gastos com o controle químico dessas pragas e doenças.
O plantio de braquiárias, por exemplo, auxilia no manejo do mofo branco, fungo que ataca as lavouras de feijão e algodão.
Vale lembrar que essa estratégia só funciona se a planta de cobertura cultivada não for alvo para os fungos e doenças que o produtor deseja controlar.
Como fazer uma cultura de cobertura?
Croatalária Juncea - cultura de cobertura.
Agora que você já sabe o que é e quais as características da cultura de cobertura, está na hora de entender como adotá-la na fazenda. Para isso, basta seguir os passos abaixo:
1. Escolha as plantas de cobertura
Nem toda planta pode ser usada como cultura de cobertura. Isso porque, assim como qualquer outra espécie, as plantas de cobertura devem ser cultivadas em locais que ofereçam as condições ambientais adequadas para o seu crescimento.
Por esse motivo, a escolha da planta de cobertura que será utilizada exige uma análise profunda de diferentes aspectos de cada espécie. De forma geral, a planta utilizada para essa finalidade deve apresentar uma série de características específicas, tais como:
- Fácil estabelecimento;
- Crescimento rápido;
- Proporcionar boa cobertura do solo;
- Não ser hospedeira de doenças, pragas e nematoides que atacam as culturas sucessoras;
- Produzir algum grão, pasto ou fruto de interesse comercial;
- Apresentar um sistema radicular vigoroso e profundo, capaz de descompactar o solo;
- Produzir matéria seca, como palhada, em quantidade suficiente para o plantio direto.
Além dessas características, é fundamental que o produtor escolha uma planta de cobertura adaptada à região da fazenda e adequada à janela de plantio planejada.
Leia Também: Aprenda o que é janela de plantio, como funciona e qual é o momento ideal para cultivar cada cultura
Para completar, o produtor precisa considerar quais plantas são mais indicadas de acordo com a estação do ano.
Isso porque o cultivo de algumas espécies de cobertura é mais indicado para o verão do que para o inverno, e vice-versa. Entenda as diferenças entre elas a seguir:
Plantas de cobertura de verão
As plantas de cobertura de verão geralmente são cultivadas entre setembro e dezembro, ou entre a colheita da primeira safra e a semeadura da cultura de inverno.
Esse período também é chamado de janela outonal, quando normalmente o solo fica descoberto e vulnerável às ervas daninhas, pragas e doenças, além de problemas relacionados à erosão.
Para evitar esses desafios, o ideal é que o produtor aproveite este período para cultivar plantas de cobertura de verão. Nesse sentido, de acordo com o Guia Prático de Plantas de Cobertura, elaborado pela ESALQ/USP, o agricultor pode investir em espécies como:
- Braquiárias;
- Crotalárias;
- Girassol;
- Milheto;
- Sorgo;
- Capim Sudão;
- Trigo Mourisco;
- Feijão miúdo;
- Mucunas.
Plantas de cobertura de inverno
As plantas de cobertura de inverno são aquelas que podem ser cultivadas entre o fim do verão, ou seja, o início de março, e o início do inverno (junho).
Nesse período, é importante escolher espécies adaptadas ao clima ameno e que, ao mesmo tempo, sejam capazes de proteger e renovar o solo para o próximo ciclo de cultivo.
Por isso, de acordo com o Guia Prático de Plantas de Cobertura, nesse período, o ideal é cultivar plantas como:
- Aveia preta;
- Aveia branca;
- Azevém anual;
- Canola;
- Centeio;
- Cevada;
- Ervilha forrageira;
- Nabo forrageiro;
- Trigo.
2. Invista na rotação de culturas
O sistema de rotação de cultura é uma das estratégias utilizadas no plantio direto e, consequentemente, pela agricultura de conservação. Essa prática consiste na alternância de cultivo de diferentes espécies em uma área de plantio.
O ideal é que o produtor alterne o plantio de culturas com objetivos comerciais com plantas capazes de recuperar e proteger o solo, como as plantas de cobertura.
Dessa forma, o produtor consegue melhorar os atributos físicos, químicos e biológicos do solo, proteger as culturas sucessoras de doenças e pragas, bem como maximizar a produção, entre outras vantagens.
Por esse motivo, o agricultor deve escolher uma planta de cobertura adequada para sua estratégia de rotação de culturas e incluir seu cultivo no planejamento da lavoura.
3. Prepare o solo
Equipamento prepara o solo para o plantio.
O produtor também precisa preparar o solo para o plantio antes de semear as plantas de cobertura. Caso contrário, ela não vai se desenvolver, nem promover os benefícios desejados para o solo.
Por isso, antes da semeadura, é fundamental que o agricultor remova os resíduos culturais da área de plantio e faça o nivelamento do solo. Investir na análise do solo também é importante para entender se é necessário aplicar fertilizantes ou corretivos antes da semeadura.
4. Faça o plantio das espécies de cobertura
O plantio da cultura de cobertura deve ocorrer conforme as orientações específicas para cada espécie. Pode ser necessário utilizar uma semeadora ou implemento agrícola, por exemplo, para garantir uma distribuição uniforme das sementes.
Vale lembrar que o produtor pode cultivar mais de uma planta de cobertura na mesma área de plantio. Essa semeadura simultânea é uma estratégia conservacionista, que favorece a biodiversidade e a recuperação do solo.
No entanto, esse tipo de semeadura deve ser feito apenas se for adequada ao sistema de rotação de culturas e as espécies consorciadas utilizadas na fazenda.
5. Faça o manejo adequado das plantas de cobertura
Assim como as demais culturas, as plantas de cobertura exigem um manejo adequado para se desenvolver corretamente e cumprir seu propósito na estratégia estabelecida pelo agricultor.
Por isso, ao longo do seu ciclo de desenvolvimento, é fundamental seguir as práticas utilizadas para o manejo de outras culturas, como o monitoramento da lavoura, o Manejo Integrado de Pragas (MIP), a irrigação inteligente, entre outras estratégias.
6. Incorpore as plantas de cobertura no solo
Dependendo da planta de cobertura utilizada e dos objetivos do produtor, após um determinado período de crescimento, essas plantas podem ser reaproveitadas.
Elas podem ser cortadas e incorporadas ao solo, ou apenas atuar como palhada de cobertura, protegendo e preparando o solo para a semeadura da próxima cultura.
Por isso, antes de iniciar o plantio de cobertura, é fundamental definir como essas espécies serão utilizadas com antecedência. Assim, o produtor pode incluir essa etapa no seu planejamento e se preparar corretamente para seguir o fluxo da rotação de cultura.
Cultura de cobertura é aliada do Programa PRO Carbono
Além de ampliar o potencial produtivo e a rentabilidade da sua lavoura, a prática da cultura de cobertura é uma estratégia que auxilia o produtor a aumentar o sequestro de carbono pelo solo.
Como resultado, ele torna sua produção mais sustentável e competitiva, uma vez que o mercado está cada vez mais exigente em relação à adoção de práticas conservacionistas na agricultura.
Para incrementar os resultados do cultivo de plantas de cobertura, o agricultor também pode contar com o Programa PRO Carbono, da Bayer, iniciativa que ajuda o produtor a adotar práticas conservacionistas mais eficientes, que impactam positivamente seus negócios.
Isso porque quem participa do Programa PRO Carbono tem acesso a várias facilidades, como a possibilidade de solicitar análises de fertilidade e estoque de carbono no solo e diagnósticos socioambientais das propriedades.
Além disso, o produtor que participa dessa iniciativa pode aprender com conteúdo elaborado por profissionais de referência na área e ainda tem acesso ao suporte necessário para a implementar medidas de manejo sustentável do solo e da lavoura.
Quer saber mais sobre essa iniciativa? Acesse a plataforma PRO Carbono e torne sua fazenda mais sustentável!