Como realizar o controle de lagartas na soja e evitar prejuízos na lavoura

Combinar estratégias de manejo integrado com ferramentas da agricultura digital facilita o controle de lagartas na soja e aumenta a produção da oleaginosa.

Lagarta se destrói as folhas da soja.

+ Sem tempo de ler o texto todo? Confira os principais destaques!

As lagartas são algumas das pragas mais prejudiciais à lavoura de soja. Embora existam várias espécies de lagartas que atacam essa cultura, apenas sete se destacam em função do seu potencial de dano e da frequência em que são registradas nas plantações. 

A lagarta-da-soja, falsa-medideira, lagarta helicoverpa e lagarta-da-maçã são algumas das espécies que se encaixam nesse grupo. 

Para fazer o controle de lagartas na soja, é fundamental que o produtor invista em práticas associadas ao Manejo Integrado de Pragas (MIP), como o monitoramento da lavoura e medidas de controle biológico, químico e genético.

E para potencializar os resultados do MIP, o sojicultor pode investir em ferramentas da agricultura digital, que facilitam a identificação e o manejo de pragas que atacam a cultura.

Juntos, MIP e tecnologias digitais, ajudam o sojicultor a maximizar a produção da soja e reduzir os danos e prejuízos provocados pelas lagartas.

Boa leitura!

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As lagartas são pragas agrícolas capazes de produzir danos e prejuízos significativos à cultura da soja, reduzindo a produtividade da lavoura. 

Apenas a infestação da lagarta helicoverpa na região Oeste da Bahia, por exemplo, provocou prejuízos estimados em R$ 2 bilhões na safra da soja 2012/2013. Na época, as perdas foram agravadas pelo fato da praga ter sido recém registrada na cultura, surpreendendo os sojicultores. 

Embora a situação seja diferente atualmente, uma vez que já existem métodos de manejo eficientes para o controle para essa praga, o caso mostra o que o produtor pode enfrentar caso não adote técnicas adequadas de manejo e controle de lagartas na soja. 

O ideal é adotar estratégias de manejo eficientes não só para controlar a helicoverpa, mas também para proteger a lavoura de outras lagartas que também podem atacar a cultura.

Por isso, neste artigo, explicaremos quais são as lagartas mais prejudiciais à soja, como identificá-las e quais estratégias de controle podem ser adotadas para proteger a plantação.

Principais espécies de lagartas que afetam a cultura da soja 

Infestação de lagartas.

Segundo um manual da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Empresa), existem mais de 40 pragas que atacam a cultura da soja. 

Desse grupo, sete se destacam por serem lagartas com alto potencial de dano à lavoura da oleaginosa. Confira a seguir quais essas lagartas, como identificá-las e quais danos elas podem causar na lavoura.

1. Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis)

A lagarta-da-soja é uma praga desfolhadora que ocorre em todas as regiões produtoras de soja do país. Por conta da sua disseminação e severidade dos danos causados à lavoura, ela é uma das pragas mais comuns na plantação da oleaginosa no Brasil. 

Caso não seja controlada da forma correta, a infestação da lagarta-da-soja pode provocar mais de 30% de desfolhamento das plantas, reduzindo a produtividade da lavoura.

Como identificar a lagarta-da-soja?

A lagarta-da-soja varia entre 10 e 15 mm de comprimento e se destaca por sua coloração verde ou escura, com três linhas brancas no seu dorso. Ela se move como se estivesse medindo “palmos”, o que a faz ser confundida com a lagarta falsa-medideira. 

Quando adultas, se tornam mariposas que se destacam pela linha diagonal marrom e pela coloração que varia entre cinza-claro e marrom-escuro. Seus ovos apresentam a cor verde clara e podem ser encontrados na parte inferior das folhas, nos pecíolos e nos galhos da soja.

Quais os danos causados pela lagarta-da-soja?

A lagarta-da-soja se alimenta das folhas da planta. No início da infestação, a presença dessa praga na lavoura provoca o surgimento de perfurações nas folhas. No entanto, a extensão do dano depende do nível da infestação e da fase de desenvolvimento da praga. 

A partir do seu quarto estágio de desenvolvimento, as lagartas podem consumir até 95% da área foliar, ou seja, cada lagarta pode consumir cerca de 120 cm² dessa área. Por isso, grandes populações de lagarta-da-soja podem provocar desfolhas elevadas e prejudicar a produtividade da lavoura.

2. Falsa-medideira (Chrysodeixis includens e Rachiplusia nu)

A lagarta falsa-medideira recebe esse nome por conta da forma como se movimenta, uma vez que se desloca como estivesse medindo palmos. Além dos danos causados à lavoura de soja, essa praga é conhecida por ser resistente a alguns inseticidas, dificultando o seu controle.

Como identificar a lagarta falsa-medideira?

A falsa-medideira é o nome popular de um complexo de espécies da subfamília Plusiinae. Desse grupo, duas espécies se destacam: Chrysodeixis includens e Rachiplusia nu. Ambas possuem coloração verde-clara, além de listras brancas e manchas pretas no corpo. 

Para diferenciá-las, é necessária uma avaliação mais minuciosa. A C. includens não possui dentes no lado interno da mandíbula, já a R. nu conta com microespinhos próximos às pernas na região do tórax. 

Vale lembrar que a R. nu ocorre com mais frequência em lavouras localizadas na região sul do país, já que se adapta bem a climas frios.

Quais os danos causados pela lagarta falsa-medideira?

As duas espécies de falsa-medideira provocam danos parecidos. Ambas “raspam” a folha e deixam as nervuras intactas. Por isso, as folhas ganham um aspecto rendilhado. 

Aliás, essa é a principal diferença entre a lagarta-da-soja e a falsa-medideira. Enquanto a lagarta-das-soja consome toda a folha, a falsa-medideira faz essa raspagem e deixa a folha rendilhada. 

Além disso, geralmente a falsa-medideira ataca as regiões da planta mais próximas ao solo, dificultando sua identificação e controle. 

3. Lagarta-da-maçã (Chloridea virescens)

A lagarta-da-maçã é bem conhecida entre os produtores de algodão, já que ela é uma das pragas mais nocivas ao algodoeiro. No entanto, ela também pode atacar outras espécies, como a soja, e causar grandes prejuízos ao produtor. 

Como identificar a lagarta-da-maçã?

A lagarta-da-maçã tem uma coloração esverdeada logo após a eclosão dos ovos. Nessa fase, ela pode ficar escondida entre as folhas e vagens, o que dificulta sua identificação na fase reprodutiva da soja. 

À medida que se desenvolve, essa lagarta adquire uma coloração que varia entre verde-amarelada e marrom-avermelhada, podendo até mesmo ficar completamente enegrecida. 

Geralmente, essa praga apresenta listras pálidas longitudinais e pontos escuros no corpo, facilitando sua identificação. Quando adultas, se tornam mariposas de coloração marrom-clara e tom esverdeado, destacando três linhas escuras em seu corpo.

Quais os danos causados pela lagarta-da-maçã?

A lagarta-da-maçã pode causar prejuízos em todas as fases de desenvolvimento da lavoura. Isso porque ela pode consumir tanto as folhas quanto as vagens e até os brotos terminais da soja.

Vale lembrar que a infestação desta praga é mais nociva às lavouras localizadas na região centro-oeste do país, já que ela se adapta bem ao clima quente.

4. Lagarta elasmo (Elasmopalpus lignosellus)

A lagarta elasmo, também conhecida como broco-do-colo, é uma praga que costuma ser negligenciada por muitos sojicultores. No entanto, o controle desse inseto é fundamental para proteger a lavoura, uma vez que infestações dessa praga deixam a planta debilitada e até podem levá-la à morte.

Como identificar a lagarta elasmo?

A lagarta elasmo é um inseto que se destaca pela sua coloração. Inicialmente, ela apresenta um corpo de coloração esverdeada e cabeça marrom-escura.

À medida que se desenvolve, adquire seu corpo adquire uma coloração marrom-azulada e pode chegar até 2 cm de comprimento. 

Além disso, elas desenvolvem faixas transversais de tom marrom a avermelhado no dorso. Quando adulta, se torna uma mariposa de cor cinza-amarelada com 20 mm de envergadura.

Vale lembrar que a lagarta elasmo ocorre, principalmente, em lavouras cultivadas em solos arenosos. Além disso, as infestações são mais frequentes na fase inicial da cultura após longos períodos de seca.

Quais os danos causados pela lagarta elasmo?

A lagarta elasmo penetra a planta no nível do solo, cava galerias no caule e até tece um casulo no local em que entrou na planta. Esse comportamento prejudica o fluxo de água e nutrientes na planta, causando déficit nutricional. 

Como resultado, a soja fica debilitada, seus ramos se quebram com facilidade e, em casos extremos, a planta morre. Por isso, grandes infestações podem provocar o aparecimento de falhas no estande da lavoura e comprometer a produtividade da safra.

5. Broca-das-axilas (Crocidosema aporema)

A broca-das-axilas é uma lagarta que prejudica o desenvolvimento da soja por provocar o desfolhamento da planta e a abertura de galerias no caule. Ela ocorre principalmente em lavouras localizadas na região sul do país, já que se adapta bem a climas mais frios.

Como identificar a broca-das-axilas?

A broca-das-axilas é uma lagarta pequena, com cerca de 10 mm de comprimento, coloração branco-amarelada e a cabeça preta. À medida que se desenvolve, seu corpo ganha uma tonalidade bege-amarelada e sua cabeça se torna marrom. 

Quando adulta, se torna uma mariposa pequena, com cerca de 14 mm de envergadura de asas cinzas com manchas claras. 

Quais os danos causados pela broca-das-axilas?

Os danos são causados pelo hábito alimentar e a forma de desenvolvimento da broca-das-axilas. Essa lagarta normalmente penetra o caule da planta por meio dos brotos foliares terminais e cria abrigos com fios de seda, unindo os folíolos da planta.

Depois disso, a lagarta cava uma galeria que também serve como abrigo. À medida que cresce, ela se locomove e cria galerias nos pecíolos e hastes da planta, prejudicando o fluxo de nutrientes. 

Essas alterações provocam um desenvolvimento anormal da planta, podendo levá-la à morte. 

6. Lagarta helicoverpa (Helicoverpa armigera)

A lagarta helicoverpa, também conhecida como lagarta-do-velho-mundo, é conhecida pelo seu alto poder de destruição da lavoura. 

Para se ter uma ideia, a depender do nível de infestação, as perdas na produção de soja podem chegar a 40%. Por isso, o produtor precisa adotar estratégias de manejo eficientes para proteger a lavoura de soja. 

Como identificar a lagarta helicoverpa?

A lagarta helicoverpa pode apresentar diferentes colorações ao longo do seu ciclo de vida, como branco, verde, amarelo, rosa e até preto. 

Além disso, essa lagarta apresenta manchas escuras em seu corpo e podem alcançar até 40 mm de comprimento no seu último estágio de desenvolvimento. 

Quais os danos causados pela lagarta helicoverpa?

A lagarta helicoverpa possui um potencial de destruição elevado porque pode atacar diferentes fases de desenvolvimento da lavoura de soja. 

Caso o ataque seja realizado no início do ciclo da cultura, as lagartas atacam as plântulas pequenas e comem as folhas, brotos apicais e cotilédones. 

No entanto, se o ataque ocorre na fase reprodutiva da soja, as lagartas se alimentam das flores, vagens e dos grãos da planta. Dependendo do nível de infestação, a helicoverpa pode provocar perdas significativas na lavoura. 

7. Lagarta-das-vagens (Complexo Spodoptera)

Lagarta-das-vagens é o nome popular de várias espécies do gênero Spodoptera que atacam a cultura da soja. 

Sua presença na lavoura pode ser influenciada por plantas daninhas e voluntárias e é favorecida pelo hábito alimentar da praga, capaz de atacar diferentes partes da planta. 

Por conta disso, a infestação da lagarta-da-vagem pode provocar grandes prejuízos econômicos ao sojicultor.

Como identificar a lagarta das vagens?

No Brasil, as espécies de lagarta-das-vagens mais frequentes são a Spodoptera eridania, S. frugiperda e S. cosmioides. 

Em geral, elas podem apresentar até 50 mm de comprimento e coloração que varia entre cinza, amarelo e preto, a depender da espécie. 

A diferenciação entre elas é difícil e exige uma análise minuciosa, considerando as listras, manchas e segmentos do corpo específicos de cada espécie. 

Quais os danos causados pela lagarta das vagens?

Em geral, as diferentes espécies de lagarta-das-vagens podem se alimentar das folhas, vagens e grãos da soja. Além disso, elas podem causar prejuízos em lavouras cultivadas com soja Bt, já que não são afetadas pela toxina Cry1Ac. 

No entanto, o tipo de dano e a intensidade do ataque varia de acordo com a espécie, como você pode ver abaixo:

Como fazer o controle de lagartas na soja?

Aplicação de herbicidas.

A melhor forma de fazer o controle de lagartas na soja é adotar as práticas associadas ao Manejo Integrado de Pragas (MIP). Essa metodologia combina diferentes ferramentas de controle, utilizadas de forma planejada e estratégica. 

Dessa forma, além de reduzir os custos de produção e aumentar a sustentabilidade da lavoura, o produtor potencializa os resultados de cada método de controle utilizado no MIP. 

Como resultado, o manejo de lagartas na soja se torna mais eficiente e o produtor aumenta a proteção da produtividade e rentabilidade da lavoura. 

Considerando as técnicas do MIP, o ideal é que o produtor faça o controle das lagartas na soja seguindo as orientações abaixo:

Faça o monitoramento e diagnóstico das infestações por lagartas

Comparação das imagens do Diagnóstico FV com Mapa de Produtividade.

O primeiro passo para fazer um controle eficiente das lagartas que atacam a cultura da soja é identificá-las de forma correta. Para isso, é fundamental adotar estratégias relacionadas ao monitoramento de pragas. 

Além de visitas periódicas à lavoura, é importante utilizar as tecnologias da agricultura digital para obter informações relevantes sobre o desempenho e a integridade da plantação. 

Com o Diagnóstico FieldView™, por exemplo, é possível ter acesso a imagens de satélite precisas e gerar mapas agrícolas que facilitam a identificação de falhas no estande. 

Com base nessas informações, o produtor pode consultar um agrônomo ou outro profissional da área para que ele investigue o que está causando o problema. 

Caso a falha seja causada por uma infestação de alguma espécie de lagarta, ou qualquer outra praga ou doenças da soja, ele pode tomar medidas mais assertivas e a aplicar estratégias eficientes para evitar perdas na lavoura. 

Faça o controle biológico de lagartas na cultura da soja

O controle biológico consiste no uso de micro ou macrorganismos capazes de combater as lagartas que atacam a cultura da soja. 

Para que esse controle seja eficiente, os organismos utilizados devem atuar como inimigos naturais dessas pragas, como fungos, bactérias, vírus e até outros insetos parasitas ou predadores. 

Vale lembrar que, segundo uma publicação da Embrapa, as espécies utilizadas nesse controle, bem como a forma como essa estratégia é aplicada, varia de acordo com a espécie da lagarta identificada na lavoura.

Invista no controle químico das lagartas na soja

A aplicação de inseticidas seletivos para lagartas da soja também é uma estratégia eficiente que pode ser utilizada na lavoura. 

O princípio-ativo utilizado nesse tipo de controle varia de acordo com a espécie de lagarta presente na lavoura, com sua fase de desenvolvimento e no momento da infestação. 

Por isso, é importante contar com o apoio de um agrônomo para escolher o tratamento químico adequado para a lavoura. 

Vale lembrar que é importante fazer a rotação de inseticidas baseado nos seus princípios ativos. Dessa forma, é possível reduzir os riscos de desenvolvimento de lagartas resistentes aos produtos e variedades de soja geneticamente modificadas.

Faça o controle cultural da plantação

O controle cultural das lagartas da soja consiste no uso de um conjunto de práticas que evitam o desenvolvimento e a disseminação da praga para outras partes da lavoura ou da fazenda. 

Assim, é possível melhorar a sanidade da plantação, já que ela se torna mais resistente ao ataque das lagartas. Algumas das práticas associadas ao controle cultural são:

• Eliminar os restos culturais;
• Escolher sementes de qualidade;
• Investir no tratamento de sementes;
• Criar uma área de refúgio;
• Cumprir o vazio sanitário;
• Plantar na época adequada, conforme orienta o calendário agrícola.

Invista no controle genético da lavoura

O controle genético da lagarta na soja consiste no uso de variedades geneticamente modificadas da planta, que se destacam por sua resistência natural à praga. 

Como resultado, é possível reduzir não só a presença de pragas na plantação, mas também diminuir os gastos com defensivos químicos e biológicos.

Como a soja é uma cultura de alta relevância econômica e suscetível ao ataque de diversas pragas, existem muitas opções de variedades de soja modificadas geneticamente disponíveis no mercado.

No entanto, para proteger a plantação do ataque de lagartas, especificamente, o ideal é que o produtor invista na soja Intacta, também conhecida como soja Bt. Outra opção eficiente é investir na soja Intacta 2 Xtend®, considerada uma evolução da soja Bt. 

Graças a sua biotecnologia, Intacta 2 Xtend® oferece resistência a seis diferentes espécies de lagartas que atacam a soja, incluindo a lagarta helicoverpa e a lagarta-das-vagens (S. cosmioides), consideradas especialmente danosas a cultura.

Prevenção de infestações por lagartas: boas práticas agrícolas

A melhor forma de evitar o desenvolvimento de infestações de lagartas na plantação de soja é adotar as boas práticas agrícolas associadas ao MIP. 

Para isso, além das estratégias explicadas anteriormente, é importante que o sojicultor adote as seguintes medidas:

• Adotar o sistema de rotação de cultura;
• Cultivar apenas em sementes certificadas e tratadas;
• Fazer o monitoramento e avaliação constante da lavoura;
• Preparar o planejamento agrícola seguindo todos os cuidados necessários para aumentar a proteção da lavoura;
• Utilizar as ferramentas digitais, como o Climate FieldView™, plataforma de agricultura digital da Bayer, para aumentar a eficiência no monitoramento e manejo da lavoura.

Vale lembrar que eliminar totalmente a presença de pragas na lavoura de soja é impossível. 

Porém, combinando práticas do MIP com o uso de ferramentas da agricultura digital, é possível reduzir os danos causados pelas lagartas na soja e ainda aumentar a produtividade da lavoura.

Proteja sua plantação e aumente a produtividade da soja com os recursos do Climate FieldView™!