Considerado um instrumento indispensável para o planejamento da safra, o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) se diferencia pelo grande volume e pela qualidade de dados referentes a mais de 40 culturas cultivadas no país.
Lavoura de milho.
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O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) é uma ferramenta digital desenvolvida pela Embrapa em parceria com o Ministério da Agricultura.
Sua principal função é auxiliar o agricultor a planejar melhor a semeadura, de modo a reduzir o impacto de problemas climáticos na sua lavoura.
Isso é possível porque o ZARC é elaborado com base na análise de diversos parâmetros relacionados ao clima, ao solo e aos ciclos de vida de diferentes culturas.
Com base no cruzamento dessas informações e da aplicação de funções estatísticas, surge essa poderosa ferramenta de consulta.
Por isso, o produtor que consulta o Zoneamento Agrícola de Risco Climático é capaz de prever os riscos de cultivo, de entender os melhores períodos de semeadura de mais de 40 culturas diferentes.
Boa leitura!
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O ZARC é uma das ferramentas mais importantes quando o assunto é planejamento agrícola.
Afinal, esse sistema de consulta online tem todas as informações necessárias para orientar o produtor em relação aos riscos agroclimáticos e suas consequências.
Porém, apesar da sua importância e associação com outros instrumentos de planejamento, muitos produtores ainda não sabem como o ZARC é desenvolvido e porque ele é considerado confiável.
Quer saber mais sobre isso? Então acompanhe os próximos tópicos!
Lavoura de beringela enxarcada por chuvas torrenciais.
O que é Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC)?
O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) é uma ferramenta digital utilizada para auxiliar o agricultor a reduzir o impacto de problemas climáticos no campo.
Para isso, esse instrumento de gestão agrícola é elaborado a partir do cruzamento de dados relacionados a fenômenos climáticos adversos e o mapeamento das diversas cidades do país.
Assim, o produtor consegue identificar quais épocas do ano são mais indicadas para o plantio de diversas culturas, considerando os tipos de solo e os ciclos dos cultivares.
O mais importante é que esse instrumento de política agrícola é fácil de usar, facilitando seu uso por agricultores, agentes financeiros e quaisquer outros interessados nas informações desse sistema.
Como o Zoneamento Agrícola de Risco Climático surgiu?
A estrutura do ZARC começou a ser desenhada ainda nos anos 1980 pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Arroz e Feijão, que na época era chamada de Centro Nacional de Pesquisa de Arroz e Feijão (CNPAF).
No início, a instituição apenas desenvolvia estudos sobre o regime pluvial, balanço hídrico e risco climático de áreas produtoras de arroz de sequeiro.
Dessa forma, eles conseguiam identificar quais os melhores períodos para o plantio dessa cultura, favorecendo os produtores de arroz.
A adoção dessa ferramenta de zoneamento climático fez tanto sucesso que despertou o interesse do Governo Federal.
Por isso, a partir dos anos 1990 o governo passou a adotar estratégias para ampliar as pesquisas de zoneamento climático, inicialmente destinado apenas ao estudo de riscos agroclimáticos relacionados ao plantio de arroz.
Somente em 1995, o então Ministério da Agricultura criou o ZARC com boa parte das características conhecidas hoje em dia.
Por fim, em 2019 o Governo Federal, por meio do Decreto Nº 9.841/2019, criou o Programa Nacional de Zoneamento Agrícola de Risco Climático.
O objetivo desse programa é melhorar a qualidade e a disposição de dados sobre os riscos agroclimáticos do país.
Para isso, o programa tem como foco fomentar a melhoria e o funcionamento de políticas públicas de gestão agrícola.
Desde então, os produtores podem acesso aos dados do zoneamento climático através de ferramentas digitais mais intuitivas e fáceis de usar.
Agrônomo examina campo de soja atingido pela seca.
Quais são os parâmetros ambientais utilizados na definição do zoneamento agrícola de risco climático das culturas?
O Zoneamento Agrícola de Risco Climático fornece informações agroclimáticas baseadas nas análises espaço-temporal de parâmetros relacionados ao clima, ao solo e às culturas.
Para isso, as análises são baseadas em dados climatológicos obtidos a partir de séries históricas consistentes.
Essas informações podem ser acessadas por meio do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), do Portal HidroWeb, gerenciado pela Agência Nacional de Águas, e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Além disso, os dados sobre o clima também podem ser obtidos a partir de quase 3.500 estações pluviométricas espalhadas pelo território nacional, que possuem registros de 15 a 30 anos sobre os dados climáticos em diversas áreas do país.
Para completar, a avaliação também considera as redes climatológicas estaduais, por meio de agências públicas e privadas, que utilizam a interpolação de informações e o sensoriamento remoto para auxiliar nesse mapeamento.
Assim, além da intensidade de precipitação, as análises também consideram os dados sobre temperatura, umidade, taxas de evapotranspiração das plantas, entre outras informações coletadas nesses locais.
Com relação aos parâmetros do solo, as análises são baseadas na profundidade e capacidade de retenção de água dos diversos tipos de solo registrados no país.
Por fim, os parâmetros referentes às culturas estão relacionados às suas diferentes fases de desenvolvimento, ou seja, ao ciclo de vida dos cultivares.
Não confunda os tipos de zoneamento agrícola!
Em função dos parâmetros mencionados anteriormente, surgiram os dois principais tipos de zoneamento agrícola.
O primeiro deles é o zoneamento de aptidão climático, que exige a análise do solo, dos dados climatológicos e de informações sobre o ciclo da planta.
Com base nessas informações, esse tipo de zoneamento é capaz de mostrar o potencial produtivo de cada cultura cultivada em determinada área.
Esses parâmetros também são avaliados no segundo tipo de zoneamento, que é o ZARC.
Porém, nesse caso, além das três variáveis, dados estatísticos também são utilizados para quantificar o risco de perda das lavouras em função de problemas climáticos, especialmente a seca.
Embora os dois tipos de zoneamento sejam importantes, é importante entender a diferença entre eles e saber que as funções estatísticas são fundamentais para que ZARC consiga emitir os alertas de riscos climáticos.
Fazendeiro caminha pela lavoura de milho ainda pequeno alagada depois das fortes chuvas.
Qual a função do zoneamento agrícola?
Atualmente, o zoneamento agrícola desempenha funções que ultrapassam as aplicações de uma simples ferramenta de consulta.
Em função das características citadas acima, hoje o ZARC é fundamental para que o produtor identifique qual a melhor época de semeadura em cada cidade do país.
Além disso, o sistema da ZARC também permite a identificação dos períodos climatológicos que oferecem mais riscos ao desenvolvimento das plantas.
Assim, o produtor pode se basear nesses dados para planejar o início do plantio, que deve coincidir com os períodos que oferecem menores riscos de problemas climáticos.
Qual a importância do Zoneamento Agrícola de Risco Climático?
A adoção do ZARC permite que o agricultor reduza os riscos de produção e os custos com seguridade agrícola.
Isso é possível porque, hoje em dia, o ZARC fornece dados agroclimáticos relevantes referentes a mais de 40 culturas cultivadas no país, como soja, trigo, milho, algodão, entre outras.
Todas essas culturas são classificadas em plantas de ciclo anual ou permanentes, de acordo com todos os estados do país.
Como consequência de todos esses fatores, agricultores que adotam o ZARC também são beneficiados pelo Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) e pelo Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR).
Dessa forma, o produtor consegue ter tanto uma visão ampla, quanto informações detalhadas que vão ajudá-lo a planejar melhor a próxima safra.
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Seca na lavoura de soja.
Como é feito o zoneamento agroclimático?
Como explicamos acima, o desenvolvimento do ZARC se baseia em diferentes parâmetros relacionados ao clima, ao solo e ao ciclo de vida das culturas.
A Embrapa é a instituição responsável pelo desenvolvimento da metodologia utilizada na avaliação de todos esses parâmetros. Além disso, ela também é responsável pela aplicação do zoneamento agrícola no país.
Depois que a Embrapa termina o estudo, o ZARC precisa passar por um processo de validação.
Para isso, são organizados seminários técnicos e reuniões em conjunto com representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e do setor produtivo.
Agricultores, pesquisadores e empresas interessados no zoneamento também podem participar desses eventos.
O próximo passo é a publicação do ZARC em documentos oficiais. Essa função é do MAPA, que deve publicar os dados do zoneamento climático referente a cada cultura através de portarias.
Essas portarias podem ser acessadas no site do Diário Oficial da União (DOU) e no site do próprio ministério.
Vale lembrar que o ZARC está em constante atualização. Por isso, os estudos utilizados como base para seu desenvolvimento são revisados e atualizados a cada cinco anos.
Como consultar o zoneamento agrícola?
O ZARC pode ser acessado através do próprio site do Ministério do Trabalho, por meio do Sistema de Zoneamento Agrícola de Risco Climático (SISZARC), pelo Painel de Indicação de Riscos e até pelo aplicativo ZARC, disponível para Android e iOS.
Vale lembrar que além do ZARC, é recomendável que o produtor também utilize as funcionalidades de uma plataforma de agricultura digital, como a Climate FieldView™, para otimizar o planejamento da lavoura e melhorar os resultados da safra.
Saiba como a agricultura digital pode te ajudar!