Planta do milho, ainda pequena, tenta se desenvolver num solo rachado pela falta d’água
+ Sem tempo de ler o texto todo? Confira os principais destaques!
Redução da produtividade, diminuição dos estoques de alimentos e prejuízos econômicos são alguns dos efeitos da estiagem na lavoura.
Para reduzir esses problemas, o agricultor precisa utilizar técnicas, estratégias e tecnologias para o período de seca.
Dentre as estratégias, é possível utilizar sistemas conservacionistas, rotação de cultura, estruturas de armazenamento de água, entre outras.
Em relação às tecnologias para reduzir o consumo de água, existem outras alternativas, como agricultura de precisão, bioinsumos e mapas de vegetação.
Com o auxílio de todas essas ferramentas, o produtor conseguirá reduzir os impactos da seca na sua produção.
Boa leitura!
-
Quem trabalha no campo já sabe que os últimos anos foram marcados por fenômenos climáticos intensos, como secas severas e chuvas torrenciais em diferentes partes do país.
Esses problemas têm sido acompanhados de perto por instituições responsáveis por fazer análises meteorológicas e monitorar as mudanças climáticas em todo o território nacional.
O mais grave é que os dados apontam que esses fenômenos tendem a se tornar cada vez mais intensos e ocorrer com mais frequência nos próximos anos.
Como a água é um dos insumos agrícolas mais importantes para o desenvolvimento da lavoura, os agricultores que quiserem proteger a produtividade de suas plantações terão que adotar novas estratégias de manejo.
Dentre essas estratégias, o uso de tecnologia apropriadas para o período de seca merece destaque.
Por isso, nos próximos tópicos vamos discutir os efeitos da estiagem na agricultura, como reduzir o impacto da seca e 7 tecnologias que podem ajudar o agricultor a lidar com o déficit hídrico no campo.
Solo seco prejudica o desenvolvimento das plantas de soja, ainda em fase inicial de crescimento
Nenhum sistema agrícola sobrevive sem água. Para provar essa afirmação, basta observar os efeitos do déficit hídrico nas lavouras. Dentre os principais problemas provocados pela seca, podemos destacar:
A estiagem provoca problemas de abastecimento de água nos talhões. Sem esse insumo, as plantas não se desenvolvem como deveriam.
O resultado desse cenário é a redução da produtividade da lavoura, que tem um rendimento muito menor e o aumento de perdas durante a safra.
Estiagem provoca perda significativa na lavoura de milho
Como consequência de uma produção menor, a lavoura também sofre uma queda da rentabilidade.
Em função disso, os agricultores podem enfrentar problemas para a manutenção da propriedade por falta de dinheiro, aumento de dívidas e dificuldade de quitar financiamentos, por exemplo.
Somando o prejuízo de todos os produtores, fica mais fácil de entender como a seca afeta o setor agrícola e até a economia do país.
De acordo com dados divulgados por associações e cooperativas agrícolas, as ondas de calor e seca que atingiram o país em 2021 geraram perdas de cerca de R$ 45,3 bilhões no campo.
Déficit híbrido atinge milharal: seca reduz a produtividade da lavoura
A seca reduz a produtividade das lavouras, mas não diminui a demanda de consumo.
Nesse cenário, é necessário utilizar as reservas dos estoques de alimentos para evitar problemas de abastecimento.
Como consequência, esses estoques também são reduzidos, aumentando a pressão sobre os agricultores para que consigam abastecer a cadeia de suprimentos.
O problema tende a se agravar em função do aumento populacional que deve ocorrer nos próximos anos e, consequentemente, do aumento da demanda por alimentos.
Vale lembrar que esse cenário de grande demanda e pouca disponibilidade resulta em preços menos acessíveis ao consumidor, pressiona a inflação e agrava problemas sociais.
Produtor mostra plantas de soja com problema de desenvolvimento por conta da falta de chuva
Diante dos problemas citados acima, o agricultor pode se perguntar: O que fazer para solucionar a seca? Como resolver esse problema?
É importante entender que o clima é um sistema complexo afetado por diferentes fatores, incluindo a atividade agrícola.
Porém, o agricultor, sozinho, não consegue alterar os parâmetros climáticos que afetam o estado ou a região onde está localizada sua propriedade.
Apesar disso, pode adotar técnicas e estratégias para reduzir os impactos da seca na sua lavoura e garantir a integridade da sua safra.
Para isso, é necessário investir nas seguintes soluções:
Uma das principais formas de evitar o impacto da seca é investir em estruturas de armazenamento de água, como cisternas, barragens subterrâneas e poços artesianos.
Essas estruturas devem captar e reservar os recursos hídricos disponíveis na fazenda. Assim, será muito mais fácil fazer a manutenção da lavoura durante o período de estiagem.
O sistema de rotação de cultura é uma estratégia de cultivo que consiste no plantio alternado de diferentes culturas na mesma área de terra.
A alternância e as culturas escolhidas para integrar esse sistema variam de acordo com a sua finalidade.
Porém, em todos os casos a rotação de cultura é considerada uma boa prática de manejo do solo, uma vez que protege sua estrutura e melhora as condições de desenvolvimento das plantas.
Mas essas não são suas únicas funções. Esse sistema também garante o aumento de resíduos orgânicos disponíveis para compor a cobertura do solo.
Por isso, é possível conservar a temperatura e a umidade do solo, bem como elevar os níveis de micro e macronutrientes biodisponíveis para as plantas.
Como resultado, a lavoura permanece com condições favoráveis de desenvolvimento mesmo durante a estiagem.
O sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) consiste no uso integrado de sistemas agrícolas, pecuários e florestais dentro de uma mesma área de terra.
Essa integração pode ser realizada por meio de cultivo consorciado, sucessão ou rotação de atividades.
Com isso, o produtor não precisa abrir novas áreas para uso agropecuário, reduzindo o desmatamento e os passivos ambientais.
Além disso, a alternância de atividades reduz o processo de erosão do solo, aumenta sua fertilidade e diminui o uso de agroquímicos.
Para completar, o ILPF permite a diversificação das atividades econômicas, reduzindo os prejuízos que podem ocorrer por mudanças climáticas ou variações do mercado.
Soja cultivada sobre a palha é uma prática conservacionista, que melhora os atributos do solo
O Sistema de Plantio Direto (SPD) é uma prática conservacionista que promove o manejo mais inteligente do solo.
Para isso, esse sistema exige a adoção de diversas técnicas, como a rotação de cultura, a cobertura de palhada e a ausência ou mínimo revolvimento do solo.
Dessa forma, o SPD consegue melhorar os atributos físicos, químicos e biológicos do solo, reduzir a erosão e o uso de agroquímicos, bem como aumentar a estabilidade da produção.
Nesse cenário favorável, é possível diminuir os impactos da seca na lavoura e garantir que as plantas tenham acesso às condições necessárias para seu desenvolvimento.
+ SAIBA TAMBÉM: Inovação no agronegócio: 7 tendências que você precisa conhecer
Além de recursos para aumentar a produção e melhorar a gestão da lavoura, o investimento em tecnologias para reduzir o consumo de água tem sido cada vez maior.
Preocupados com as mudanças climáticas, redução dos recursos hídricos e diminuição de áreas agricultáveis, muitas empresas e agências de pesquisa têm estudado soluções para fornecer ao agricultor tecnologias para o período de seca.
Várias dessas tecnologias já estão disponíveis no mercado, como as ferramentas da Agricultura de Precisão.
Todas elas são consideradas indispensáveis para auxiliar o produtor a tomar decisões mais assertivas em relação à lavoura.
Como explicamos acima, o investimento em tecnologias faz parte das soluções que devem ser utilizadas para reduzir o impacto da estiagem nas lavouras no Brasil.
Por isso, o agricultor precisa conhecer 7 tecnologias que podem ser empregadas no período da seca.
A agricultura de precisão é um sistema de gerenciamento agrícola que utiliza diferentes tecnologias para otimizar e melhorar a produção.
Para isso, ela utiliza softwares e hardwares associados a máquinas agrícolas. Dessa forma, o agricultor consegue coletar e analisar dados mais precisos sobre o solo, o clima e o desenvolvimento das plantas da lavoura.
Por isso, a agricultura de precisão oferece recursos para que o agricultor identifique tendências meteorológicas.
Assim, com base nesses dados e na análise do solo e da lavoura, ele consegue adotar medidas para reduzir o impacto da seca na fazenda.
O mapa de cobertura vegetal é um recurso da Agricultura Digital que agrupa informações meteorológicas e ambientais sobre determinada área de cultivo.
Esse mapa é elaborado com a tecnologia do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI) e o sensoriamento remoto, além de outros parâmetros.
Usando ferramentas como o Diagnóstico FieldViewTM - que oferece ao produtor mapas da lavoura que são gerados com o NDVI -, é possível detectar áreas com baixo desenvolvimento vegetativo.
Para constatar a causa dessa deficiência no desenvolvimento da cultura, o produtor deve investigar as regiões da fazenda identificadas no mapa.
Assim, é possível identificar exatamente a causa do problema, que pode ser causado, por exemplo, por estresse hídrico e térmico.
Com essa tecnologia digital, o produtor consegue monitorar as condições da lavoura com facilidade e tomar medidas assertivas caso se constate o impacto da seca, como o uso de irrigação em determinadas áreas.
Diante dos problemas relacionados ao aumento da temperatura e chuvas irregulares, os pesquisadores desenvolveram sementes e cultivares geneticamente modificadas capazes de resistir às variações climáticas.
Alterando os genes de culturas de grande importância agrícola, como a soja e o milho, os pesquisadores conseguiram desenvolver cultivares resistentes à seca.
O agricultor pode analisar a viabilidade de investir nesse insumo, minimizando as consequências da estiagem.
Bioinsumos são produtos biológicos ou naturais formulados com microrganismos ou extratos botânicos.
Eles podem ser utilizados com diferentes objetivos, com destaque para os produtos que promovem o crescimento das plantas.
Nesse caso, os bioinsumos ajudam as plantas a se desenvolverem com tolerância à menor disponibilidade de água.
Assim, é possível não só melhorar o manejo de pragas e doenças, mas também tornar o uso de recursos hídricos mais eficiente.
+ CONFIRA TAMBÉM: Sustentabilidade na lavoura como um dos pilares da agricultura moderna
Um sistema de irrigação digital utiliza inteligência artificial para informar ao produtor quais os momentos certos para distribuir água à lavoura.
Para isso, ele utiliza informações obtidas de imagens de satélite e de sensores de solo espalhados nos talhões da fazenda.
Com essa irrigação inteligente, é possível reduzir em até 60% o volume de água utilizado para irrigar a propriedade.
Irrigação por gotejamento em um canteiro de hortaliça: esse sistema permite otimizar o uso de água
A irrigação por gotejamento consiste no uso de um sistema que aplica gotas de água diretamente nas raízes das plantas.
Para isso, são utilizados canos com gotejadores alinhados ao longo das linhas de plantio.
A depender da forma como o sistema é implantado e da atividade agrícola praticada, é possível reduzir em até 90% o uso de água.
Por esse motivo, esse tipo de sistema já é utilizado em regiões que sofrem com irregularidades ou baixa ocorrência de chuvas, mas também pode ser implementado por produtores que desejam reduzir o consumo de água.
A hidroponia é uma técnica que consiste no cultivo de plantas numa solução nutritiva, sem contato com o solo.
Nesse sistema, o cultivo é realizado em canos de PVC, que possuem orifícios por onde se faz o plantio das mudas.
A solução nutritiva, composta por água e fertilizantes, circula pelos canos com os nutrientes necessários para o desenvolvimento da cultura.
Essa prática já é amplamente utilizada em diferentes cultivos, como alface, couve, rúcula, tomate, brócolis, repolho e mudas de árvores, podendo gerar uma economia de até 90% no consumo de água.
Seguindo todas essas dicas, o agricultor consegue lidar com os problemas causados pela estiagem e reduzir o impacto da seca na produção.
E, para ter resultados ainda melhores no campo, é importante entender os fenômenos climáticos que influenciam diretamente o clima. Continue conosco e aprenda sobre os impactos do fenômenos El Niño e da La Niña na lavoura!
+ Acompanhe mais sobre este assunto nos artigos:
* Por que o sequestro de carbono pode ser bom negócio para a agricultura brasileira?
* Digitalização do campo como caminho da agricultura sustentável
+ Quer ficar por dentro do que a agricultura digital pode fazer por você?