Adotar o sistema de plantio direto é uma das estratégias mais importantes da agricultura de baixo carbono, que auxilia na mitigação das mudanças climáticas e na sustentabilidade da lavoura.
Agrícola Ames - Horizontina - RS Fotos - Eduardo Ames
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A agricultura de baixo carbono reúne práticas agrícolas capazes de reduzir as emissões de gases de efeito estufa enquanto mantém ou aumenta a produtividade agrícola.
Uma das suas principais práticas é o sistema de plantio direto, que utiliza técnicas integradas de conservação do solo e da plantação.
Graças ao uso de técnicas como a cobertura de palhada, que aumenta o acúmulo de matéria orgânica do solo, o plantio direto estimula os processos de sequestro de carbono.
Por isso, ao adotar esse sistema, o produtor pode aumentar o estoque de carbono do solo, aumentar a fertilidade do terreno, melhorar a estrutura do solo e até obter vantagens econômicas por meio do mercado de carbono.
Todos esses fatores contribuem para a sustentabilidade da produção agrícola e, por consequência, ajudam a reduzir o impacto das atividades do setor nas mudanças climáticas.
Boa leitura!
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O setor agrícola tem sido apontado como um dos protagonistas no processo de sequestro de carbono e de mitigação das mudanças climáticas.
A princípio, isso pode parecer contraditório, já que o setor também é considerado um dos grandes responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa.
No entanto, os produtores rurais podem reverter esse quadro ao adotar a agricultura de baixo carbono, que inclui práticas como o sistema de plantio direto.
Dessa forma, além de estimular o sequestro de carbono e a conservação dos recursos ambientais, o agricultor ainda aumenta a produtividade da lavoura e a rentabilidade da safra.
Apesar da importância desse tema, no Brasil, ainda existem poucas iniciativas que ensinam e estimulam o produtor a adotar a agricultura de baixo carbono.
Pensando nisso, neste artigo, explicaremos o que é agricultura de baixo carbono, como o plantio direto estimula o sequestro de carbono e o que o produtor pode fazer para tornar sua lavoura mais sustentável.
O que é agricultura de baixo carbono?
Dessecação e colheita de feijão - fotos - Júlio Rubin Nonoaí (RS)
Agricultura de baixo carbono é um conjunto de estratégias e práticas agrícolas que visa reduzir as emissões de gases de efeito estufa, enquanto mantém ou aumenta a produtividade agrícola.
Como resultado, ela minimiza a contribuição da agricultura para as mudanças climáticas e ainda melhora a sustentabilidade da cadeia de produção agrícola.
Uma das práticas mais conhecidas e utilizadas da agricultura de baixo carbono é o sistema de plantio direto. Esse sistema exige a utilização de técnicas integradas de manejo visando aumentar a produtividade e a sustentabilidade da lavoura.
Dentre as técnicas utilizadas pelo plantio direto estão a rotação de culturas, o uso de coberturas de palhada, o manejo integrado de pragas e o não revolvimento do solo.
Estudos indicam que a implementação desse sistema tem sido fundamental para aumentar o processo de sequestro de carbono do solo, considerado um elemento-chave da agricultura de baixo carbono.
Entenda o processo do sequestro de carbono no solo
O solo armazena quase quatro vezes mais carbono do que a biomassa vegetal e três vezes mais que a atmosfera. Isso porque ele é fundamental para o ciclo biogeoquímico do carbono, estimulado pelo processo de sequestro de carbono.
O sequestro de carbono no solo acontece quando o dióxido de carbono (CO₂) da atmosfera, considerado um dos principais gases do efeito estufa, é capturado e armazenado no solo. Esse processo pode ocorrer de 4 formas diferentes:
- Por microrganismos responsáveis por decompor a matéria orgânica incorporada ao solo, como resíduos vegetais, esterco ou restos de culturas agrícolas;
- Por meio de raízes de plantas, que liberam no solo o carbono capturado durante o processo de fotossíntese;
- Via fixação biológica do nitrogênio, processo que só pode ser realizado por plantas que possuem uma relação simbiótica com bactérias fixadoras de nitrogênio;
- Por meio de agregados do solo formados a partir da associação de partículas minerais e matéria orgânica.
Todos esses processos permitem a formação do chamado Estoque de Carbono do Solo (ECS). Esse estoque é importante porque se refere a quantidade de carbono retirada da atmosfera, que pode ser mantida no solo.
Por isso, ele contribui para a mitigação das mudanças climáticas, para aumentar a fertilidade do solo e para o aumento da sustentabilidade agrícola.
Leia Também: O que é sequestro de carbono no solo e como funciona esse processo?
Impactos do sequestro de carbono na mitigação das mudanças climáticas
Para entender o papel do sequestro de carbono nas mudanças climáticas, primeiro, é importante lembrar o que tem provocado essas mudanças.
A queima de combustíveis fósseis, a agricultura intensiva e o desmatamento são apenas algumas das atividades antrópicas principais responsáveis pela emissão dos chamados gases do efeito estufa, como o dióxido de carbono (CO₂).
Embora o efeito estufa seja um processo natural e essencial para manutenção da vida na Terra, acredita-se que o aumento da emissão e acúmulo desses gases tem modificado os padrões climáticos no planeta.
Como resultado, chuvas intensas, secas severas, invernos mais curtos, entre outros eventos climáticos extremos, têm se tornado mais comuns.
Estima-se que esses eventos já são responsáveis por provocar cerca de 17% de perdas nas lavouras e diminuir até 20% das áreas agricultáveis para plantio até 2050.
Ou seja, as mudanças climáticas não só afetam a qualidade de vida e segurança da população, como também colocam em risco a sustentabilidade e produtividade dos sistemas agrícolas.
Mas a adoção de medidas que estimulem o sequestro de carbono pode mudar esse cenário. Isso porque o sequestro de carbono é responsável por retirar o dióxido de carbono da atmosfera — um dos principais gases do efeito estufa.
Esse sequestro também envolve o armazenamento do carbono em reservatórios naturais, como solos, florestas e oceanos.
Assim, esse processo promove a redução das concentrações de gases nocivos na atmosfera, ajudando a estabilizar o clima e a minimizar os extremos climáticos, como ondas de calor, secas e eventos climáticos intensos.
Vale lembrar que os estudos comprovam que a adoção de práticas de agricultura sustentável é fundamental para estimular o processo de sequestro de carbono.
Dessa forma, é possível assegurar tanto a conservação do solo e da água quanto a produtividade agrícola e a mitigação das mudanças de temperatura.
Qual a relação entre plantio direto e sequestro de carbono?
Agrícola Ames - Horizontina - RS Fotos - Eduardo Ames 2
O plantio direto intensifica o processo de sequestro de carbono. Isso é possível porque esse sistema utiliza técnicas que criam as condições ideais para o acúmulo de matéria orgânica no solo.
A adoção da prática de rotação de cultura e a cobertura de palhada são algumas das principais técnicas que contribuem para esse resultado.
Depois disso, essa matéria orgânica acumulada é decomposta por microrganismos presentes no solo ou por utilizada em outros processos de sequestro de carbono.
Dessa forma, o carbono é liberado no solo, onde fica armazenado. Ao mesmo tempo, esses processos também permitem a liberação de macro e micronutrientes essenciais para aumentar a fertilidade do solo.
Por isso, o plantio direto é considerado uma das principais estratégias da agricultura de baixo carbono, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas e para a promoção da sustentabilidade agrícola.
Vale lembrar que além de estimular o sequestro de carbono pelo solo, o sistema de plantio direto também ajuda a evitar a erosão, bem como reduzir os custos com combustíveis e a aplicação de defensivos agrícolas. Esses motivos reforçam a importância desse sistema para a agricultura sustentável.
Como o plantio direto contribui para a captura e armazenamento de carbono no solo?
As técnicas associadas ao sistema de plantio direto estimulam a captura e o armazenamento de carbono de diferentes formas.
Uma delas ocorre quando o produtor utiliza a cobertura de palhada. Nesse caso, os restos culturais da plantação são utilizados como cobertura do solo antes do início do plantio.
Essa prática aumenta a umidade local e reduz o aquecimento do solo, aumentando o acúmulo de matéria orgânica e tornando seu processo de decomposição mais lento.
Isso estimula a atividade microbiana e, por consequência, o processo de captura e armazenamento de carbono no solo, aumentando o estoque do elemento no sistema agrícola.
Além da cobertura de palhada, a adoção de outras técnicas associadas ao plantio direto, como práticas de conservação do solo, também estimula esse processo.
Afinal, essas técnicas também contribuem para o acúmulo de resíduos vegetais na superfície do solo. Como resultado, a estrutura do solo se torna mais porosa, aumentando sua capacidade de retenção de água, evita a erosão e favorece o armazenamento do carbono.
Todos esses processos também ajudam a melhorar a fertilidade do solo e sua capacidade de retenção de nutrientes.
Assim, as lavouras podem se tornar mais produtivas, estimulando o produtor a continuar a prática do plantio direto e, consequentemente, a captura contínua de carbono no solo.
Quais os benefícios da agricultura de baixo carbono?
Dessecação e colheita de feijão - fotos - Júlio Rubin Nonoaí (RS)
O produtor que investe na agricultura de baixo carbono não só torna sua lavoura mais sustentável, mas também aumenta a produtividade da sua safra.
Ou seja, as vantagens de adotar esse sistema vão além da mitigação das mudanças climáticas e podem beneficiar — e muito — todo o sistema agrícola.
Confira abaixo todas as vantagens de adotar as práticas da agricultura de baixo carbono na fazenda:
- Estimula o processo de sequestro de carbono no solo;
- Aumenta o Estoque de Carbono do Solo;
- Melhora a qualidade, a estrutura, a fertilidade, a infiltração e a capacidade de retenção de água do solo;
- Evita e previne processos erosivos;
- Aumenta a biodiversidade presente no solo, favorecendo a produtividade agrícola e a sustentabilidade ambiental;
- Reduz a emissão de gases de efeito estufa e, por consequência, previne os efeitos que as mudanças climáticas nos sistemas agrícolas;
- Permite que o produtor ingresse no mercado de carbono e acesse vantagens econômicas em função do sequestro de carbono realizado na fazenda.
Participe do Programa Carbono Bayer!
O Programa Carbono Bayer é uma iniciativa que visa ajudar o produtor a tornar sua fazenda mais sustentável e, assim, aumentar o sequestro de carbono local.
Para isso, os agricultores que participam do programa recebem orientações específicas para adotar práticas de manejo mais sustentáveis.
Além disso, eles são estimulados e orientados a utilizar tecnologias agrícolas, como ferramentas da Agricultura Digital, como aliadas para melhorar a sustentabilidade da lavoura.
Tudo isso é feito para auxiliar o produtor a melhorar a produtividade da lavoura associada ao sequestro de carbono. Assim, ele ainda pode gerar créditos de carbono que podem ser comercializados para empresas que querem neutralizar suas emissões de dióxido de carbono.
Em outras palavras, o Programa Carbono Bayer não só estimula a produção sustentável e segura, como também incentiva o desenvolvimento do mercado de carbono no país.
Faça parte do Pro Carbono!