O uso de práticas integradas de controle de pragas da cana-de-açúcar é a solução mais eficiente para proteger o canavial.
Canival em fase inical.
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Fazer o controle de pragas da cana-de-açúcar é essencial para garantir a produtividade e a rentabilidade do canavial.
Afinal, caso o produtor não faça esse investimento, pode sofrer prejuízos significativos em função do ataque de pragas como a broca-da-cana e a cigarrinha-da-raiz.
Para evitar esse problema, o produtor deve investir no Manejo Integrado de Pragas (MIP), que integra diferentes técnicas de manejo para proteger e controlar as infestações que atacam o canavial.
Além disso, o produtor precisa do apoio de ferramentas da agricultura digital para tornar esse manejo mais assertivo e proteger a lavoura.
Boa leitura!
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O Brasil é o principal produtor de cana-de-açúcar do mundo. Somente na safra 2022/23, por exemplo, a moagem da cana atingiu quase 542 milhões de toneladas.
Mas esse número ainda pode aumentar. Estimativas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq-USP, apontam que somente o Centro-Sul deve produzir entre 560 e 595 milhões de toneladas de cana na safra 2023/24.
Para alcançar, e até melhorar números como esse, o agricultor precisa aumentar a produtividade e rentabilidade do canavial. Para isso, ele precisa vencer o desafio de fazer o controle de pragas da cana-de-açúcar eficientemente.
Afinal, estima-se que o prejuízo anual provocado pelas pragas que atacam o canavial fique em torno de R$ 8 bilhões ao ano.
Esse número demonstra a importância de investir em estratégias eficientes de manejo de pragas da cana-de-açúcar para evitar prejuízos.
Neste artigo, explicaremos como identificar as principais pragas que atacam a cultura e quais as melhores estratégias para proteger o canavial.
Qual a importância do controle de pragas na cultura da cana-de-açúcar?
Cigarrinha na plantação.
As pragas agrícolas podem causar danos significativos às plantações de cana-de-açúcar. Isso porque elas podem se alimentar das folhas, raízes e colmos da planta, enfraquecendo-a e reduzindo a produção de açúcar.
Conforme explicado, esse comportamento associado ao manejo inadequado desses insetos podem provocar perdas em torno de R$ 8 bilhões por ano.
No entanto, os números podem ser ainda maiores. Apenas as perdas causadas pela broca-de-cana, por exemplo, podem chegar a R$ 5 bilhões por ano. Caso não seja controlada, essa praga pode resultar em perdas de cerca de 12% na produção.
A única forma de evitar esses prejuízos é investir em estratégias de controle eficientes dos insetos-pragas que atacam o canavial.
Quais as principais pragas que afetam a produção de cana-de-açúcar?
O primeiro passo para aplicar as estratégias certas de manejo é conhecer as pragas agrícolas que atacam o canavial.
Conheça abaixo as principais pragas que atacam a cultura e os danos que elas causam no canavial:
1. Broca-da-cana (Diatraea saccharalis)
A broca-da-cana é considerada a principal praga da cana-de-açúcar no Brasil. Trata-se de uma lagarta que atinge cerca de 2,3 centímetros na sua fase larval, etapa de desenvolvimento em que o inseto provoca mais danos à cultura.
Nessa fase, a lagarta perfura as partes mais moles do colmo da cana (bainha) após se alimentar das folhas. Por isso, ela recebe o nome de broca-da-cana.
O ataque dessa praga pode provocar problemas como a morte de perfilhos, brotação lateral, redução na absorção e transporte de nutrientes e perda de peso dos colmos.
Além disso, seu ataque pode favorecer a ocorrência de quebras e tombamentos da planta, a infecção por fungos e bactérias, bem como o secamento e apodrecimento da gema apical, fenômeno conhecido como “coração morto”.
2. Cigarrinha-da-raiz (Mahanarva fimbriolata)
A cigarrinha-da-raiz, também conhecida como cigarrinha da cana, é uma praga que pode comprometer até 60% da produtividade do canavial.
Esse prejuízo é consequência do modo de ação do inseto na lavoura, que ataca os vasos lenhosos da raiz para se alimentar da seiva da cana. Isso dificulta e pode até impedir o fluxo de água e nutrientes na região.
Como resultado, a planta pode desenvolver problemas relacionados ao enfraquecimento, como afinamento do colmo e desenvolvimento de rugas na superfície externa.
Além disso, o ataque da cigarrinha-da-raiz também pode provocar o surgimento de folhas amareladas ou avermelhadas.
Esse conjunto de problemas pode provocar a redução da produtividade do canavial, bem como o comprometimento da qualidade do açúcar produzido a partir dessa matéria-prima.
3. Broca-Gigante (Telchin licus)
A forma de ataque e os prejuízos causados pela broca-gigante são muito parecidos com a broca-da-cana. A diferença entre as duas pragas está, principalmente, nas suas características físicas.
Como o próprio nome indica, a broca-gigante é grande mesmo na sua forma larval, fase na qual costuma atacar a cana-de-açúcar.
Assim como a broca-da-cana, essa praga é capaz de provocar sintomas como “coração morto”, perda de peso nos colmos, tombamentos e favorecimento de infecções por fungos e bactérias.
O problema dessa espécie é que a broca-gigante pode penetrar o solo e cavar galerias de até 1 metro de comprimento no interior do colmo. Além disso, ele não desaparece mesmo após a colheita da cana, já que continua se alimentando da raiz da planta, o que também dificulta seu controle.
4. Bicudo da cana-de-açúcar (Sphenophorus levis)
O bicudo da cana-de-açúcar, também conhecido como Gorgulho da cana-de-açúcar, é uma praga de solo que ataca, principalmente, os canaviais dos estados de Goiás, Minas Gerais, Paraná e São Paulo.
Trata-se de um besouro que provoca danos à cultura da cana na sua fase larval. Assim como a broca-gigante, essa larva forma galerias, danificando o tecido do rizoma, o colmo e os perfilhos da cana.
Seu ataque também provoca o desenvolvimento de clorose nas folhas e secamento da planta, que ocorre de dentro para fora. Caso não seja controlada, essa praga pode levar a planta à morte.
O bicudo da cana-de-açúcar ainda está associado ao aumento da proliferação de plantas invasoras, dano indireto causado pelos espaços gerados a partir das falhas dos perfilhos.
Basta que 3% de perfilhos sejam atacados para que a infestação atinja um Nível de Dano Econômico (NDE) e provoque perdas de produtividade em torno de 3 a 5 Toneladas de Cana por Hectare (TCH).
5. Formiga saúva-parda (Atta capiguara)
A formiga saúva é um tipo de formiga-cortadeira, conhecida por cortar folhas e levá-las para os seus ninhos. Por isso, o ataque desse inseto pode provocar o desfolhamento parcial ou total da planta.
Um sauveiro (ninho de saúvas) adulto, por exemplo, com cerca de 3 anos de idade, pode consumir até 3 toneladas de cana-de-açúcar por ano.
Existem várias espécies de formiga saúva que podem causar prejuízos como esse. Dentre elas, uma das mais preocupantes para o produtor de cana é a chamada saúva parda (Atta capiguara).
Ela é capaz de formar ninhos grandes e cheios de câmaras e ainda pode atacar quase todas as culturas, inclusive a cana-de-açúcar.
6. Cupins
Existem várias espécies de cupins que podem atacar o canavial, como Heterotermes tenuis, Syntermes molestus, Rynchotermes spp. e Cornitermes spp.
O problema desses insetos de hábito subterrâneo é que eles atacam a lavoura de forma silenciosa, provocando danos principalmente na fase inicial da cultura. Nessa etapa, eles atacam os toletes recém-plantados, danificam gemas e, como consequência, provocam falhas na germinação.
O cupim-de-solo (Coptotermes gestroi), em específico, ataca as raízes da planta, causando seu enfraquecimento. Como resultado, a produção diminui e a qualidade do açúcar produzido é prejudicada.
Como fazer o controle de pragas da cana-de-açúcar?
Pulverização de cana.
Não existe uma técnica que, isoladamente, seja totalmente eficiente no controle de pragas da cana-de-açúcar.
Por isso, o produtor deve combinar o uso de diferentes métodos de controle para potencializar seus efeitos e aumentar sua eficiência
Confira abaixo as características de cada um desses métodos de controle.
Controle mecânico
O controle mecânico consiste no uso de técnicas de destruição direta da praga ou que dificultam seu acesso à planta.
No caso da cana-de-açúcar, os produtores podem utilizar métodos como a catação manual dos insetos (quando a infestação é pequena), esmagamento dos ovos das pragas e instalação de armadilhas.
Controle cultural
O controle cultural consiste no uso de técnicas e práticas de plantio que reduzem a incidência de pragas na lavoura de cana-de-açúcar. Para isso, o produtor pode utilizar práticas como:
- Rotação de culturas;
- Destruição de restos culturais;
- Plantio e colheita na época adequada;
- Aração e revolvimento do solo;
- Limpeza de máquinas e equipamentos agrícolas utilizados no canavial, especialmente durante a transição de um talhão para outro.
Controle químico
O controle químico consiste no uso de defensivos, como inseticidas, fungicidas e herbicidas sintéticos, para o combate aos agentes indesejados que atacam a cana-de-açúcar.
Esse tipo de controle é considerado o principal aliado no combate de pragas do canavial. Porém, o ativo utilizado depende da praga que será combatida.
Vale lembrar que é importante alternar o uso de defensivos com diferentes ativos para evitar o desenvolvimento de populações de pragas resistentes.
Controle biológico
O controle biológico consiste na exposição de macro e microrganismos que atuam como inimigos naturais das pragas da cana-de-açúcar.
Geralmente, os microrganismos utilizados no controle de pragas do canavial são espécies entomopatogênicas, ou seja, capazes de causar doenças nos insetos. O fungo Metarhizium anisopliae, por exemplo, é um microrganismo utilizado para o controle da cigarrinha-da-raiz.
No entanto, esse controle também pode utilizar insetos predadores e parasitoides das pragas que atacam o canavial, como ácaros, insetos e outros animais. As vespas parasitoides Cotesia flavipes e Trichogramma galloi, por exemplo, são utilizadas no manejo da broca-da-cana.
Controle genético
Por fim, o produtor ainda pode utilizar o controle genético no combate às pragas que atacam a cana-de-açúcar.
Esse tipo de controle consiste no plantio de variedades geneticamente modificadas para serem mais resistentes aos ataques das pragas. São os chamados cultivares transgênicos, como a Cana BT, que já está à disposição do agricultor.
Como evitar pragas da cana-de-açúcar?
Cigarrinha das raízes.
Adotar estratégias preventivas ainda é a melhor forma de proteger o canavial de ataques de pragas agrícolas. Essas estratégias devem ser utilizadas de forma integrada, combinando diferentes métodos de controle.
Por isso, a melhor forma de evitar as pragas da cana-de-açúcar é investir nas práticas associadas ao Manejo Integrado de Pragas (MIP).
O MIP é uma estratégia de controle de pragas que combina e integra diferentes métodos de manejo para manter os insetos abaixo do nível de dano econômico (NDE). O objetivo é manter a densidade de insetos no nível de controle (NC), isto é, em equilíbrio, impedindo que ela cause prejuízos à lavoura.
Os métodos utilizados pelo MIP incluem os tipos de controle explicados anteriormente, como o cultural e o químico, combinados com outras estratégias.
O monitoramento de pragas, por exemplo, é uma das práticas mais importantes associadas ao MIP. Ele permite a detecção de pragas em diferentes estágios de desenvolvimento, facilitando a identificação e controle precoce de infestações.
Além de ajudar o produtor a economizar, o MIP é considerado uma estratégia mais sustentável, já que reduz o uso de defensivos e técnicas nocivas ao ser humano e ao meio ambiente.
Agricultura digital é aliada no controle de pragas da cana-de-açúcar
O apoio de ferramentas associadas a Agricultura Digital, como sensores, drones, e softwares agrícolas, é fundamental para controlar as infestações de insetos-praga de forma eficiente.
Com esses recursos, o produtor acessa dados mais precisos e eficientes sobre a lavoura. Isso permite a otimização das operações agrícolas e controle de problemas na lavoura de forma precoce.
Nesse sentido, uma das tecnologias mais eficientes é a Climate FieldView™, plataforma de agricultura digital da Bayer.
Ela é conhecida por sua capacidade de reunir e processar dados complexos da lavoura, essenciais para o diagnóstico das condições da plantação.
Para isso, o usuário desse software pode utilizar recursos como o Diagnóstico FieldView™, por exemplo, ferramenta avançada utilizada para monitorar a plantação e gerar mapas detalhados da lavoura.
Com o FieldView™, o produtor tem acesso a uma solução avançada para fazer uma gestão estratégica do canavial e minimizar problemas que comprometem a produtividade da cana-de-açúcar.
Conheça todas as soluções do Climate FieldView™ para proteger sua lavoura!