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A cigarrinha do milho (Dalbulus maidis) é um inseto sugador responsável pela transmissão de patógenos causadores de doenças na cultura, como o vírus do raiado fino e as mollicutes do enfezamento do milho.
Caso a infestação não seja controlada e o inseto contaminado entrar em contato com plantas saudáveis, o produtor pode perder até 100% da produção, a depender do nível de dano e de infestação.
Para evitar esses prejuízos, é fundamental que o agricultor invista no Manejo Integrado de Pragas (MIP), combinando diferentes métodos de controle para proteger a produção e reduzir de forma significativa a presença da cigarrinha na lavoura de milho.
Boa leitura!
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A cigarrinha do milho (Dalbulus maidis) é uma das pragas que mais causam danos à lavoura do milho. Apesar de ser muito pequeno, com cerca de 0,5 cm de comprimento, e de sua coloração palha, esse inseto é bem adaptado ao clima brasileiro e tem facilidade para se reproduzir.
Ele também chama a atenção por ser capaz de infestar a plantação independente do estágio de desenvolvimento do milho. E sua presença no campo ainda é favorecida pela expansão de cultivo do milho safrinha.
No entanto, ao contrário de outras pragas, o problema causado pela cigarrinha não está relacionado apenas à alimentação da espécie, mas ao fato dela atuar como um vetor para algumas doenças, como o enfezamento pálido e a virose do raiado fino.
Para se ter uma ideia do perigo oferecido pela cigarrinha, basta olhar os números. De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), as perdas causadas pelo enfezamento do milho, um dos vírus transmitidos pela praga, podem chegar a 100% da lavoura.
Por isso, caso o produtor não invista no manejo e controle dessa praga, ele corre o risco de sofrer grandes perdas econômicas.
Para te ajudar a evitar esse prejuízo e cuidar da saúde da lavoura, neste artigo, você vai entender tudo sobre o manejo da cigarrinha-do-milho, desde a identificação da praga até a forma de controle, a fim de evitar o enfezamento do milho.
Continue a leitura!
A cigarrinha-do-milho, Dalbulus maidis, é uma espécie de cigarrinha, de cor branco-palha, que infestam as lavouras de milho e podem ser vetores de doenças. A cigarrinha-do-milho se adapta bem às condições tropicais do Brasil, sendo favorecida pelo plantio do milho safrinha.
A cigarrinha-do-milho tem a cor branco-palha, podendo apresentar-se levemente acinzentada. O adulto da cigarrinha mede em torno de 3,5 a 4,5 mm de comprimento, possui duas pequenas manchas pretas na parte dorsal da cabeça e asas semitransparentes.
Já os ovos possuem coloração esbranquiçada, quase transparente, medindo em torno de 1 mm de comprimento. Adultos e ninfas vivem em colônias no cartucho e em folhas jovens do milho, onde se alimentam, sugando a seiva da planta.
Segundo a Embrapa, a praga faz a postura sob a epiderme da folha, preferencialmente na nervura central do cartucho da plântula. As ninfas são de coloração amarelo-clara, medem 1 mm no primeiro estágio e chegam a 4 mm no último estádio.
Cada fêmea pode pôr de 400 a 600 ovos, sendo que a temperatura ideal para incubação é em torno de 26° a 28°C, e dura de 8 a 10 dias.
Após a emergência das ninfas, elas passam a viver em colônias junto aos adultos, preferencialmente dentro do cartucho do milho, onde permanecem protegidas.
A longevidade dos adultos pode chegar a 8 semanas, sendo que seu ciclo de vida gira em torno de 25 a 30 dias, numa temperatura média de 25°C.
Esse inseto, habitualmente, migra de lavouras com plantas adultas para outras com plântulas recém-emergidas. Ele pode infestar a lavoura em qualquer fase de desenvolvimento do milho, incluindo o período de estabelecimento da cultura. Apesar disso, a praga prefere atacar plantas jovens.
Por conta desse comportamento, lavouras com plantas em diferentes idades favorecem que as cigarrinhas migrem das plantas adultas para as mais novas.
A cigarrinha-do-milho é um inseto sugador que pode provocar danos diretos e indiretos à plantação de milho.
Os danos diretos são resultado do seu hábito alimentar, que exige a sucção de seiva, ela pode comprometer o desenvolvimento da planta, especialmente do sistema radicular.
A sucção da seiva faz com que a planta perca o vigor, ficando mais suscetível à instalação de doenças e fragilizada na matocompetição com plantas daninhas, por exemplo.
Porém, o maior potencial de dano da cigarrinha na lavoura de milho é indireto. É que esse inseto é transmissor de diferentes patógenos, como as bactérias da classe mollicutes, que são causadoras dos enfezamentos do milho, e do vírus que provoca o raiado fino ou virose risca (Maize Raiado fino virus).
Cada um desses patógenos provoca sintomas e danos diferentes na lavoura. Entenda os problemas e as diferenças entre eles abaixo:
O enfezamento do milho é uma doença com grande incidência nas lavouras nas últimas safras, provocando prejuízo aos produtores por todo o país. Causam perdas que chegam a 100%, dependendo da dimensão da infecção e da variedade de híbrido do milho.
O enfezamento é provocado pelos mollicutes, que são microrganismos patogênicos capazes de sobreviver apenas nessa cultura.
Eles são responsáveis por causar infecções e entupimentos dos tecidos do floema, prejudicando o funcionamento do sistema vascular da planta e, consequentemente, seu crescimento saudável.
Há dois tipos de enfezamentos no milho: a doença enfezamento-pálido (provocada por espiroplasma) e a doença enfezamento-vermelho (originada por fitoplasma). Diferenciá-las é praticamente impossível se considerar apenas os sintomas que ocasionam à cultura.
Quando a planta está infectada pelo mollicute do enfezamento pálido, ela desenvolve sintomas como faixas cloróticas ou esbranquiçadas nas folhas, sendo que as folhas inferiores podem ficar avermelhadas.
Porém, se a planta estiver com enfezamento vermelho, vai apresentar folhas descoloridas e avermelhadas.
Na prática, a distinção entre as duas em campo com base apenas nos sintomas da planta é muito difícil. Apesar disso, os danos produzidos pelos dois tipos de enfezamento são muito parecidos. São eles: menor crescimento, entrenós curtos, problemas na formação das espigas — apresentando baixa produtividade. Além disso, como esta doença enfraquece os colmos, muitas vezes a planta sofre com o tombamento.
De maneira geral, quando o milho é atingido por esta doença, tem problema de crescimento. É como se a planta ficasse “enfezada”. Daí a denominação de enfezamento do milho.
Plantas infectadas com raiado fino começam a apresentar sintomas da doença entre 7 e 10 dias após a inoculação do vírus.
Inicialmente, são formados pequenos pontos cloróticos nas folhas. Com o avanço da doença, esses pontos podem crescer e se juntar, formando linhas ao longo das nervuras, também chamadas de riscas finas.
Essas linhas podem ser observadas nas folhas de plântulas e indivíduos adultos, sendo acompanhadas por outros sintomas.
Afinal, a planta atingida pelo raiado fino pode desenvolver os seguintes problemas:
Por conta dessas características, o vírus do raiado fino pode afetar diretamente tanto a capacidade produtiva da lavoura, quanto o potencial de venda do produto em função da perda de qualidade, reduzindo os lucros do produtor.
Vale lembrar que, segundo a Embrapa, a incidência dessa doença no Brasil está geralmente associada à ocorrência dos enfezamentos. Porém, a correlação entre as duas doenças ainda precisa ser esclarecida.
O que se sabe é que a infecção com mollicutes ocorre nos estádios iniciais de desenvolvimento da plântula de milho. Esses microrganismos patogênicos proliferam nos tecidos do floema e a planta apresenta os sintomas do enfezamento apenas na fase de produção.
Além disso, nem todas as cigarrinhas que chegam em uma lavoura de milho jovem são infectantes com mollicutes.
Mas, segundo os pesquisadores da Embrapa, ainda não há ferramenta prática que ajude a identificar no campo quais estão ou não infectadas.
A cigarrinha-do-milho adquire os mollicutes (fitoplasma ou espiroplasma) quando se alimenta da seiva de uma planta de milho doente. Esse patógeno fica alojado em suas glândulas salivares. Posteriormente, no ato de sucção de seiva das plantas sadias, libera o conteúdo salivar, espalhando a contaminação.
Por isso, quando a cigarrinha infectada suga a seiva das plantas sadias, libera o conteúdo salivar contaminado, transmitindo a doença.
Por isso, a cigarrinha é classificada como um inseto-vetor, contaminando plantas saudáveis, principalmente quando migram de lavouras maduras para as recém-implantadas.
Uma medida isolada é incapaz de proteger de forma efetiva a lavoura de milho do ataque da cigarrinha.
Por esse motivo, o ideal é utilizar várias práticas integradas de manejo que, juntas, previnem e reduzem as infestações da praga.
Quer saber quais são essas práticas? Confira abaixo:
Como explicamos, a utilização de estratégias de forma isolada não é efetiva no controle da cigarrinha-do-milho. Por isso, recomenda-se o uso de estratégias no Manejo Integrado de Pragas (MIP), que permite a integração de práticas inteligentes de manejo.
Veja abaixo algumas medidas que podem ser adotadas para proteger a lavoura do ataque da cigarrinha-de-milho.
A ocorrência de plantas de milho tiguera ou guaxo, bem como a manutenção de plantas com sintomas de mollicutes podem favorecer a sobrevivência e multiplicação da praga, e a contaminação de plantas sadias.
Por isso, é importante eliminar o milho tiguera, que nasce entre uma colheita e outra de forma espontânea a partir de grãos de milhos caídos no solo. Isso é essencial para destruir o local de acúmulo da praga até a próxima leva de plantas jovens.
Aliás, em localidades com alta incidência de enfezamentos e de cigarrinhas, os pesquisadores da Embrapa recomendam a interrupção temporária do cultivo do milho para eliminar tanto as doenças, quanto os insetos-vetores.
O uso de híbridos mais tolerantes é a melhor medida, em termos de eficiência, para o manejo dos enfezamentos do milho. No entanto, até agora, não existem híbridos lançados especificamente para a resistência aos agentes causais dessas doenças.
De acordo com a Embrapa, trabalhos de avaliação da resistência de híbridos comerciais têm sido realizados em diversas regiões do Brasil.
No entanto, um híbrido com reação de tolerância em uma região, pode apresentar reação de suscetibilidade em outras regiões. A alteração geográfica e as condições climáticas predominantes em cada localidade podem ter relação.
É preciso considerar também a possíveis variações genéticas nas populações dos patógenos, resultando em adaptações particulares destas populações às cultivares de milho.
Nesse cenário, a recomendação é que trabalhos de caracterização da resistência/suscetibilidade dos híbridos de milho ao complexo dos enfezamentos sejam realizados em todas as regiões produtoras do Brasil.
Além da escolha de cultivares com bons níveis de resistência aos enfezamentos, é importante que o agricultor plante mais de uma cultivar e que faça a rotação destes materiais.
Assim, é possível evitar a quebra de resistência dos cultivares e os prejuízos provocados pelos enfezamentos.
Os sintomas das doenças transmitidas pela cigarrinha geralmente são percebidos tardiamente. Porém, é possível identificar a presença do inseto na lavoura desde os primeiros estádios de desenvolvimento da planta.
E quanto mais cedo a planta for atacada e infectada, maior serão os danos causados pela doença. Por essa razão, é fundamental começar a monitorar a lavoura de milho antes mesmo do plantio, já que os insetos podem migrar de cultivos próximos.
Para isso, o produtor deve utilizar tecnologias como ferramentas de apoio para facilitar e otimizar esse trabalho. Nesse sentido, os recursos da agricultura digital podem ajudar.
Existem vários métodos de controle da cigarrinha do milho. Porém, como explicamos, esses métodos não podem ser usados de forma isolada, já que isso reduz a sua efetividade.
O ideal é utilizar diferentes formas de controle de modo estratégico, conforme orienta o MIP. Mas para saber utilizá-las, primeiro, é preciso conhecer melhor cada uma delas.
Para isso, basta acompanhar os próximos tópicos. Confira!
O controle varietal consiste no uso de híbridos de milho resistentes à praga e seus patógenos. Variedades como o milho Dekalb 363 e SCS154 Fortuna são alguns exemplos de híbridos comprovadamente resistentes ao ataque da praga, aumentando a produtividade da lavoura.
Graças a combinação do plantio de híbridos resistentes à ação do inseto com uma plataforma de agricultura digital, o produtor de milho Julio Bravin, de Primavera do Leste (MT), conseguiu aumentar sua produtividade em 63 sacas/hectare.
Isso é só um exemplo de como uma medida simples – plantio de híbridos resistentes – é eficiente para proteger a rentabilidade da lavoura.
O controle cultural da cigarrinha do milho consiste na adoção de práticas que reduzem a população de D. maidis e as chances de infestação.
Dentre as medidas adotadas nesse tipo de controle estão o plantio em época adequada, a destruição do milho tiguera, a rotação de cultura, entre outras práticas adotados no MIP.
O controle químico consiste na aplicação de inseticidas nocivos à cigarrinha do milho. Essa aplicação pode ser feita diretamente em diferentes fases de desenvolvimento da plantação a depender do ativo utilizado.
Geralmente, em vez de um ativo isolado, são feitas pulverizações com misturas de produtos de diferentes classes de inseticidas. Se aplicado da forma correta, é possível obter uma eficiência de até 90% no controle do inseto.
Dentre os químicos utilizados no combate dessa praga, os produtos à base de neonicotinoides (Tabela 1), como incluindo tiametoxam, imidacloprido e clotianidina, oferecem os melhores resultados. Lembrando que a eficiência desse controle é melhor quando a pulverização ocorre nas fases iniciais de desenvolvimento da lavoura.
Vale lembrar que é fundamental fazer a rotação de produtos químicos, sempre aplicando inseticidas com diferentes modos de ação. Essa prática faz parte do MIP e é considerada essencial para evitar o crescimento de populações de insetos resistentes ao uso de defensivos agrícolas.
Além disso, o controle químico também é utilizado de forma preventiva no tratamento das sementes, considerado o melhor método químico para proteger as plântulas da cultura.
Para o controle biológico da cigarrinha do milho pode ser feito com o auxílio de diferentes espécies de inimigos naturais do inseto, como parasitoides de ovos, predadores e fungos.
Os parasitoides de ovos utilizados nesse tipo de controle pertencem à família Mymaridae e Trichogrammatidae (Hymenoptera: Chalcidoidea). No Brasil, é permitido o uso das espécies Anagrus breviphragma Soyka e Oligosita spp. como parasitoides.
No caso dos predadores, são utilizadas espécies das famílias Dryinidae (Hymenoptera), Pipunculidae (Diptera) e Strepsiptera, que podem ser utilizadas na fase de ninfa e adulta.
Apesar dessas possibilidades, os produtos à base de fungos Beauveria bassiana e Isaria fumosorosea ainda são mais utilizados em estratégias de controle biológico. Segundo a Embrapa, se o controle for feito da forma certa, sua eficiência pode chegar a 85%.
Como mostra a Tabela 1, atualmente existem 16 produtos à base de Beauveria bassiana e um à base de Isaria fumosorosea registrados no Brasil, cujo uso é liberado pelo Ministério da Agricultura e Adapar.
Identificar a cigarrinha-do-milho e conhecer as doenças que ela é capaz de transmitir é o primeiro passo para fazer o manejo correto dessa praga.
Com base nesse conhecimento, o produtor entende que a melhor forma de lidar com esse inseto é adotar práticas integradas de controle, preferencialmente através do MIP.
Afinal, aplicar apenas uma medida de manejo, de forma isolada, não é o bastante para proteger a lavoura ou eliminar qualquer infestação.
Por isso, o agricultor deve adotar boas práticas de manejo integrado de forma estratégica, monitorando constantemente a plantação para, se necessário, tomar as melhores decisões de controle.
Para isso, o produtor pode contar com o apoio das ferramentas digitais, como a Climate FieldViewTM, plataforma de agricultura digital da Bayer, que oferece várias funcionalidades para ajudar o produtor a gerenciar e monitorar a lavoura com sucesso.
Através das imagens de satélite geradas pelo Diagnóstico FieldViewTM, por exemplo, o agricultor pode verificar quando uma área é afetada por pragas ou doenças, já que o crescimento vegetativo naquele ponto fica comprometido.
Além disso, se a presença de pragas ou de plantas atingidas por doenças for confirmada no talhão, é possível marcar e delimitar a área atingida com PINs georreferenciados, que permitem anotar informações e fazer upload de fotos na plataforma digital.
Sendo assim, com a ajuda dessa tecnologia, monitorar a lavoura de milho e acompanhar a eficiência das estratégias de manejo adotadas pelo produtor se torna mais simples e eficiente.
Aproveite as vantagens da Climate FieldViewTM e aumente a produção de milho na sua fazenda!