Produtor de milho utiliza a agricultura digital para identificar os híbridos mais tolerantes à infestação da praga
O plantio de híbridos mais tolerantes é uma estratégia eficiente contra os danos causados pela cigarrinha-do-milho
A cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis) tem tirado o sono dos produtores de todas as regiões do país. De praga considerada secundária na lavoura, tem se tornado uma das principais ameaças à produção do grão pela severidade dos danos que causa.
Transmissor de doenças como o enfezamento e o raiado fino, esse inseto pode provocar perdas que podem chegar a 100% da rentabilidade.
Para controlar a infestação da cigarrinha, é importante adotar um conjunto de ações, dentro do Manejo Integrado de Pragas, e não práticas isoladas. Uma das iniciativas mais indicadas é o plantio de híbridos que sejam mais tolerantes à ação do inseto.
Mas em cada ambiente de produção os híbridos têm uma tolerância diferente em relação à cigarrinha. Pensando nisso, o produtor de milho Julio Bravin, de Primavera do Leste (MT), fez um teste para identificar os híbridos com melhor desempenho na sua área.
Confira, a seguir, como esse produtor utilizou a agricultura digital para realizar o ensaio, identificando ao final da colheita uma diferença de produtividade de 63 sc/ha entre os materiais plantados no experimento.
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Cigarrinha-do-milho: de praga secundária a um dos principais problemas do produtor de milho no Brasil (Crédito: Embrapa)
Produtor testa híbridos tolerantes à cigarrinha com auxílio da agricultura digital
Em toda safra o produtor Júlio Bravin sofre com a cigarrinha-do-milho. Para melhorar o manejo, decidiu realizar um teste com diferentes híbridos para identificar os mais tolerantes à ocorrência da praga e aos enfezamentos, que são a principal doença transmitida pelo inseto.
O produtor realizou esse experimento em uma área total de 182 hectares, sendo que a região que apresentava danos recorrentes por cigarrinhas correspondia a uma área de pivô de 90 hectares.
Na condução de todo o experimento, Júlio Bravin contou com o apoio da Climate FieldViewTM, plataforma de agricultura digital da Bayer.
Para facilitar o entendimento do leitor, explicaremos o passo a passo de Julio na condução do campo experimental. Importante salientar que o teste foi feito baseado em informações de duas safras, as quais chamaremos aqui de "safra 1" e "safra 2".
1० PASSO: Identificar a infestação de cigarrinhas
Para dimensionar a infestação e avaliar os danos causados pela praga na área, ele analisou os Mapas de Monitoramento do Diagnóstico FieldViewTM durante a safra 1, gerados a partir de imagens de NDVI.
Com essas imagens da lavoura, detectou nas bordas da área de pivô regiões em que o cultivo apresentou menor desenvolvimento vegetativo.
O Diagnóstico FieldViewTM apoiou o produtor na identificação de área atingida pela cigarrinha
2० PASSO: Inserir marcações georreferenciadas
A partir do Mapa de Monitoramento, o produtor enviou uma equipe até os locais indicados com o objetivo de verificar o motivo do menor desenvolvimento vegetativo, confirmando a presença da cigarrinha nas bordas do pivô. Assim, identificou a extensão da infestação e a severidade do ataque da praga nos diferentes híbridos plantados no local.
Também utilizou os PINs Georreferenciados para demarcar as áreas atingidas e registrar informações e imagens da infestação - dados que puderam ser analisados posteriormente.
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3० PASSO: Analisar o Mapa de Produtividade do talhão infestado
A cigarrinha causou o tombamento do milho na faixa indicada no Mapa de Monitoramento. As consequências do tombamento sobre a produtividade do talhão, bem como outros danos provocados pela praga, foram mensuradas durante a colheita da "safra 1" pelo FieldView.
É que, durante a colheita da área, o dispositivo FieldViewTM Drive coletou todos os dados da operação, gerando o Mapa de Produtividade do talhão. Ao avaliar este mapeamento, o produtor Bravin pôde constatar detalhadamente o quanto a cigarrinha prejudicou a sua produção na área.
Ao comparar o Mapa de Monitoramento com o Mapa de Produtividade do pivô, foi possível dimensionar o impacto da infestação de cigarrinha na produtividade da área
4० PASSO: Testar híbridos de milho mais resistentes à infestação de cigarrinha
Na safra seguinte, que aqui nomeamos como "safra 2", o produtor escolheu quatro diferentes híbridos para testar na área com histórico de infestação de cigarrinha, além de também semear outros materiais já cultivados no talhão.
Ao fazer o plantio desses híbridos, ele mapeou a operação com o dispositivo FieldViewTM Drive, gerando o Mapa de Plantio, em que cada híbrido possui uma cor correspondente, permitindo identificar a região em que cada material foi plantado. Veja no mapa!
Mapa de Plantio apresenta, com cores, os híbridos que foram plantados na área de teste de Júlio Bravin
5० PASSO: Avaliar a produtividade dos híbridos testados na área com cigarrinha
A colheita do teste de híbridos da "safra 2" também foi mapeada pelo FieldView DriveTM, permitindo a Júlio Bravin ter em mãos o Mapa de Colheita do experimento. Assim, ele pôde correlacionar o Mapa de Plantio (híbridos) com o Mapa de Colheita (Produtividade) da área, que tem alta ocorrência de cigarrinha-do-milho.
Essa comparação entre os mapas permitiu ao produtor perceber que o Híbrido 2 (indicado na cor azul no Mapa de Plantio - mapa à esquerda) e o Híbrido 1 (indicado na cor verde no Mapa de Plantio) tiveram melhor performance. Mesmo sob o ataque de cigarrinhas, não sofreram tombamento e produziram mais.
Bravin confirmou o melhor desempenho desses dois materiais ao correlacionar, nos mapas, as cores correspondentes a esses dois híbridos com as manchas verdes (mais produtivas) do Mapa de Colheita (mapa à direita), que indicam as regiões de mais alta produtividade na área.
Ao correlacionar o Mapa de Produtividade com o Mapa de Plantio da área, o produtor identificou quais híbridos tiveram melhor desempenho em condições de alta infestação de cigarrinha
6० PASSO: Conferir o Relatório de Sub-talhão para avaliar os híbridos testados
Ao se correlacionar os dois mapas (Plantio vs. Colheita), era visível que alguns híbridos tiveram melhor desempenho em relação à infestação da cigarrinha. No entanto, era importante quantificar essa diferença.
Para definir com precisão o desempenho dos materiais plantados no teste, Júlio Bravin utilizou o Relatório de Sub-talhão, do FieldViewTM. Assim, foi possível conferir, separadamente, a produtividade de cada híbrido plantado no talhão.
Confira o desempenho obtido por cada material:
- Híbridos 1 e 2 = 104 sc/ha;
- Híbrido 3 = 79 sc/ha;
- Híbrido 4 = 41 sc/ha.
Conforme mostra o Relatório de Sub-talhão, o híbrido 3 atingiu 79 sc/ha
O Relatório de Sub-talhão mostrou que o híbrido 4 obteve 41 sc/ha
Os híbridos 1 e 2 tiveram a maior produtividade: 104 sc/ha, conforme apresenta o Relatório de Sub-talhão
63 scs/ha é a diferença entre os híbridos de maior e menor desempenho no teste
De acordo com os resultados do teste realizado na área de pivô, a diferença foi de 63 sc/ha entre os híbridos que apresentaram maior tolerância à praga (materiais 1 e 2) na área e os híbridos 3 e 4, que obtiveram menor desempenho.
🤔 A partir desses dados, podemos fazer um exercício de suposição:
- Quanto o produtor maximizaria a sua rentabilidade caso plantasse apenas os híbridos 1 e 2 nos 90 hectares em que mais enfrenta os danos com a cigarrinha?
Nesse cálculo, consideremos um valor aproximado da cotação da saca de milho de 60 kg em meados de 2021: R$ 90,00/sc. A partir dessa projeção, Bravin teria um incremento de R$ 510 mil de rentabilidade somente nesta área.
Com esses números em mãos, o produtor de Primavera do Leste teve subsídios para tomar uma decisão de compra mais assertiva de sementes na safra seguinte, podendo melhorar a rentabilidade da área de pivô, mesmo com a presença incômoda da cigarrinha.
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Utilizar híbridos tolerantes é uma boa prática de manejo da cigarrinha
Os resultados do teste de híbridos realizado por Júlio Bravin, com o apoio da agricultura digital, mostram que ele buscou uma estratégia certeira no manejo da cigarrinha-do-milho em sua fazenda.
Considerando que é possível observar variação na incidência e na severidade dos danos provocados pela praga de acordo com a localização da lavoura, a busca por híbridos mais tolerantes à cigarrinha tende a ser uma estratégia eficiente.
Mas não se pode esquecer das outras práticas de manejo desta praga, como eliminação da tiguera, evitar semeadura da cultura em datas variadas, tratamento de sementes, adoção da dessecação antecipada e uso do controle biológico.
Quando essas boas práticas caminham juntas, a produtividade da lavoura agradece!
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