O Brasil é uma potência agrícola na produção de algodão. Segundo a Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), hoje o país é o quinto maior produtor e o segundo maior exportador mundial da commodity.
Especialistas em cultura do algodão acreditam que, em dez anos, o Brasil se torne o maior exportador, passando dos atuais 2 milhões de toneladas exportadas para cerca de 4 milhões de toneladas.
Atualmente, a produção brasileira é menor apenas que da Índia, China, Estados Unidos e Paquistão. A maior parte do algodão produzido no país vem dos estados de Mato Grosso e Bahia, que foram responsáveis por 91% da produção nacional na safra 2021/22.
Nas últimas décadas a cultura se tornou uma das principais atividades agrícolas do país porque se profissionalizou, avançou em práticas sustentáveis e incorporou tecnologias de ponta.
Quer saber mais sobre a evolução da cultura no país? Fica com a gente neste artigo e descubra algumas ferramentas da agricultura digital que têm ajudado o cotonicultor brasileiro a ganhar em produtividade e rentabilidade.
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O algodão é conhecido pela Humanidade há pelo menos 6 mil anos. Civilizações antigas, como os Incas, usavam essa fibra para a fabricação de tecidos.
Quando os portugueses chegaram no território brasileiro, os indígenas já dominavam o cultivo da planta. Com esse material, teciam e tingiam fios, que eram usados para fazer redes.
A produção de algodão tornou-se uma importante atividade comercial no Brasil-Colônia no Século XVIII nos estados do Nordeste. O país se posicionou como um grande produtor mundial, estimulado pela alta demanda da Inglaterra que passava pela Revolução Industrial.
Mas a cotonicultura brasileira enfrentou sérios problemas a partir do final dos anos de 1980. Dois motivos foram a abertura econômica e a infestação das lavouras com a praga do bicudo. Na década de 1990, por exemplo, o país deixou de ser exportador e se tornou importador da commodity.
Diante desse período desafiador, o setor se uniu. Todos os elos da cadeia buscaram se profissionalizar e incorporar tecnologias e práticas mais sustentáveis na cultura do algodão.
No campo, o algodão no Brasil passou por uma grande transformação:
Além disso, as ferramentas da agricultura de precisão e da agricultura 4.0 se tornaram aliadas do cotonicultor do país, que viu a atividade dar um salto de competitividade, produtividade e sustentabilidade.
Hoje 75% da cotonicultura brasileira tem certificação de origem, o que abre portas para o produto nacional nos principais mercados. O certificado atesta que o cultivo do algodão é feito com responsabilidade socioambiental, e obedece padrões modernos de governança.
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Em 2012, a Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão) deu um importante passo para que essa transformação acontecesse no setor.
Lançou o programa Algodão Responsável Brasileiro, com o objetivo de trazer consciência à cadeia produtiva, atuando sobre três pilares: ambiental, social e econômico. Isso trouxe maior confiabilidade e credibilidade para a cotonicultura do país, atraindo investimentos.
Outra iniciativa da Associação que está em sintonia com a sustentabilidade é o projeto “Sou de Algodão”. Por este projeto, uma etiqueta com a tecnologia blockchain permite rastrear todo o ciclo de vida de cada peça de roupa: desde o plantio do algodão certificado, até o produto chegar nas lojas.
Ação semelhante é o uso do QRCode em cada peça, permitindo acompanhar, pela internet, o percurso da fibra e verificar as condições ambientais e sociais que cada fardo de algodão foi produzido. São as novas tecnologias contribuindo com o desenvolvimento do setor.
Quer saber um dos propulsores da transformação do setor? Foi o grande desenvolvimento tecnológico que a cotonicultura brasileira deu nos últimos anos. O produtor de algodão passou a utilizar ferramentas como GPS, agricultura de precisão e softwares de gestão financeira.
De acordo a pesquisa Mercado de Agricultura de Precisão e Digital, feita em 2021 pela IHS Markit com o apoio da Associação Brasileira de Agricultura de Precisão e Digital (AsBraAP), a taxa de adoção de agricultura de precisão (AP) é de 66% no algodão.
Além disso, grandes produtores da cultura estão entre os pioneiros da digitalização da agricultura brasileira.
O cotonicultor passou a usar ferramentas digitais, como sensores em plantadeiras e colheitadeiras, para mapear as operações e imagens de satélite para monitorar a lavoura.
Importante protago nista na adoção da agricultura digital na cultura do algodão no Brasil foi a Climate FieldViewTM – plataforma de agricultura digital da Bayer -, que implementou na cotonicultura brasileira, em 2018, diferentes ferramentas digitais, as quais apresentamos a seguir.
Com o FieldViewTM, os produtores passaram a mapear digitalmente as diferentes operações agrícolas no campo, como plantio, pulverização e colheita.
Assim, tiveram condições de visualizar, comparar e analisar os dados das diferentes operações de modo mais simples, permitindo insights e decisões mais assertivas.
Outra ferramenta muito utilizada pelos cotonicultores é o Diagnóstico FieldView™, que possibilita acompanhar o desenvolvimento vegetativo dos talhões. Isso é possível por meio da análise de imagens de satélite das áreas da fazenda que são cadastradas.
Com a digitalização da cotonicultura brasileira, o agricultor passou a ter à disposição diferentes funcionalidades digitais, gerando inúmeros dados ao longo da safra que permitem tomar decisões mais assertivas.
O FieldView™, por exemplo, disponibiliza funcionalidades ao produtor focadas em diferentes momentos da safra de algodão.
Além disso, a plataforma ajuda a monitorar se a umidade da colheita do algodão está dentro do patamar ideal (inferior a 12%). Se estiver acima, o produtor é avisado, podendo interromper a operação.
Ao mapear a colheita, a plataforma FieldView™ gera diversos dados que permitem a Análise de Produtividade da operação.
Além disso, a plataforma possui funcionalidades que permitem ao agricultor gerar dados mais precisos durante a operação, o que facilita a análise de produtividade. Quer um bom exemplo?
Ao fazer esse ajuste, a plataforma mostra, com maior precisão, a quantidade de impurezas gerada na operação de colheita desse talhão.
É que o tipo de variedade que é plantado em uma área e a data em que essa lavoura é colhida podem influenciar no nível de impurezas obtido na operação. E essa correlação é levada em conta pela plataforma, ao traçar o Mapa de Produtividade da colheita desse talhão.
Ou seja, como apenas o linho do algodão que entra na colheitadeira durante a operação deve ser computado na elaboração do Mapa de Produtividade, a plataforma precisa considerar dados reais sobre o referido talhão (como tipo de variedade e data de colheita) para calcular a porcentagem de impurezas e, assim, definir com exatidão a produtividade obtida na área.
Esses dados, portanto, podem ser ajustados no FieldView™ de acordo com a realidade de cada área. Posteriormente, o volume de produtividade e de impurezas é mensurado pela plataforma, sendo depois apresentado ao agricultor em "arroba" (unidade de medida).
FieldView para colheita de algodão
Graças ao surgimento de novas práticas agronômicas, à incorporação de diferentes tecnologias, como a agricultura digital, e ao desenvolvimento de novas soluções, é que a cotonicultura brasileira voltou a figurar entre as maiores do mundo.
Depois da jornada de superação ao longo dos últimos trinta anos, hoje o cotonicultor do Brasil não tem dúvidas: para ser competitivo e ter rentabilidade, precisa ser sustentável e investir em tecnologia com Climate FieldView™.
Não é por acaso que hoje o setor está entre as atividades agrícolas que mais exportam no país, gerando riqueza e renda em diferentes regiões do país.
2017/2018 - 2 milhões de toneladas
2018/2019 - 2,70 milhões de toneladas
2019/2020 - 3 milhões de toneladas
2020/2021 - 2,35 milhões de toneladas
2021/2022 - 2,71 milhões de toneladas
Fonte: Conab (Companhia Nacional de Abastecimento)
1º - Soja – US$ 38,6 bilhões
2º - Café – US$ 5,8 bilhões
3º - Milho – US$ 4,2 bilhões
4º - Algodão – US$ 3,4 bilhões
5º - Trigo – US$ 1,6 bilhão
Fonte: ComexStat