Área em vazio sanitário no Centro-Oeste do Brasil
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O vazio sanitário é o período contínuo de até 90 dias, no qual, a área de cultivo não apresenta nenhuma planta viva, além de também não ser permitido plantar na mesma.
O principal objetivo dessa estratégia é reduzir a disseminação de pragas e doenças na lavoura, permitindo o aumento da produção e a redução de custos da fazenda.
No caso da soja, o uso dessa técnica é considerado fundamental para o controle do fungo da Ferrugem Asiática, já que ela interrompe o ciclo reprodutivo da doença e impede que ela provoque perdas significativas nas lavouras do país.
Por isso, todos os anos, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e o Ministério da Agricultura divulgam o calendário do vazio sanitário da soja, que estipula o início e o fim desse período em cada Estado da federação.
Portanto, no período estipulado, o sojicultor precisa limpar a área de cultivo, destruir todas as plantas e manter o terreno totalmente vazio.
Assim, ele protege sua fazenda, melhora a gestão financeira da propriedade e ainda aumenta sua rentabilidade através de uma safra altamente produtiva.
Boa leitura!
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O vazio sanitário é uma estratégia de manejo de período contínuo de até 90 dias adotada para reduzir a infestação de pragas e doenças em diversas culturas.
Na lavoura de soja, essa técnica é fundamental para o controle da Ferrugem Asiática, considerada uma das principais ameaças para a produtividade da cultura.
Apesar disso, agricultores e profissionais da área ainda podem ter dúvidas sobre esse tema.
Por isso, neste artigo você vai entender o que é vazio sanitário da soja, como funciona e como fazer na sua fazenda.
Acompanhe a leitura!
O vazio sanitário é um período contínuo e definido, caracterizado pela ausência de plantas vivas em determinada área da fazenda.
Esse ciclo de ausência tem duração de 90 dias e tem como principal objetivo reduzir o impacto de pragas e doenças na lavoura.
Como consequência, é possível diminuir os danos econômicos provocados por infestações, aumentar a produção agrícola e reduzir os gastos com a aplicação de defensivos.
O vazio sanitário, estratégia de proteção da produção agrícola e de redução de danos, é aplicado a diversas culturas, como algodão, feijão e milho. Mas o vazio sanitário na cultura da soja merece uma atenção especial.
Afinal, essa técnica de manejo é essencial para o controle doenças e pragas que atingem a cultura, especialmente o fungo da Ferrugem Asiática, responsável por provocar perdas significativas na cultura da soja no Brasil.
Entenda abaixo como o vazio sanitário da soja auxilia a reduzir esse problema.
Considerada uma das doenças mais agressivas que atingem a cultura da soja, a ferrugem asiática é causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi.
De acordo com registros da Ageitec, Agência Embrapa de Informação Tecnológica, o primeiro registro da doença nas lavouras brasileiras ocorreu na safra 2001/02.
Como o fungo se dissemina por meio do vento, que carrega os esporos (suas unidades de reprodução), a doença se alastrou rapidamente pelas principais regiões produtoras do País, gerando prejuízos e deixando sojicultores preocupados.
Somente a interrupção do ciclo de reprodução do fungo é capaz de reduzir a velocidade de disseminação e evitar prejuízos na lavoura.
O fungo que causa a ferrugem-asiática é biotrófico, o que significa que precisa de hospedeiro vivo para se desenvolver e multiplicar.
Ao se eliminar as plantas de soja na entressafra, quebra-se o ciclo do fungo, a chamada ponte verde, reduzindo, assim, a quantidade de esporos presentes no ambiente e retardando possíveis ocorrências da doença na safra.
Por isso, no Brasil, a adoção do vazio sanitário da soja é essencial para quebrar esse ciclo e retardar a disseminação da Ferrugem Asiática na lavoura.
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A doença atinge as folhas da planta e pode ser identificada por conta do aparecimento de pontuações escuras e verrugas, também chamadas de urédias, no tecido foliar. Esses sintomas provocam a desfolha precoce da soja, o que prejudica a formação de grãos e reduz a produtividade da safra.
De acordo com a Ageitec, a ferrugem asiática pode reduzir a produtividade da lavoura de soja em até 70%, isso em áreas não tratadas com fungicidas.
Segundo a Embrapa, na safra 2002/03, pouco depois da doença ter sido identificada no Brasil, a perda de grãos foi estimada em 3.351.392 toneladas.
Isso resultou em um prejuízo de mais de US$ 737 milhões, o que equivale, atualmente, a quase 10% da produção mato-grossense da oleaginosa.
Porém, o nível de dano pode ser maior ou menor dependendo de diversos fatores associados à lavoura, como o momento em que a doença acomete a cultura e fatores climáticos.
Diante do potencial de destruição da ferrugem asiática, o vazio sanitário é considerado a técnica mais viável e efetiva para restringir a disseminação e evitar os prejuízos da lavoura.
Afinal, esse período de ausência de plantas vivas na área de produção interrompe o ciclo reprodutivo da ferrugem asiática.
Por isso, essa técnica é considerada essencial para controlar as doenças que atingem a cultura. Outro benefício associado ao vazio sanitário é a redução de custos operacionais da fazenda.
De acordo com pesquisadores do Cepea (Centro de Pesquisas Econômicas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), da Universidade de São Paulo, o custo dos produtores de soja com fungicidas para controle da ferrugem foi de R$ 8,3 bilhões apenas na safra 2016/2017.
Outra vantagem do vazio sanitário é que essa estratégia tem uma durabilidade maior e é mais efetiva do que as moléculas dos fungicidas. A mutação genética do patógeno é muito rápida e o processo do estudo e a inserção de novos produtos no mercado não têm a mesma velocidade.
Além disso, o vazio sanitário garante a eliminação das plantas voluntárias de soja, complementando a estratégia de controle da doença. Porém, isso não significa que o produtor pode relaxar e negligenciar o monitoramento e manejo da lavoura.
Jamais deve-se descartar a necessidade de fazer o monitoramento da lavoura desde o início do desenvolvimento da cultura, além de planejar aplicações preventivas de fungicidas para manter a proteção da cultura.
O período do vazio sanitário da soja não é determinado pelo produtor. Na verdade, ele é definido pela Embrapa, instituição responsável por elaborar o calendário anual do vazio sanitário para cada estado produtor da cultura no país.
Esse calendário é divulgado pela própria Embrapa e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que publica o calendário através de uma portaria.
Para a safra 2022/23, o Mapa divulgou a Portaria nº 516. Além de estabelecer os períodos de vazio sanitário da soja, essa portaria também determina que a prática é obrigatória para produtores de 20 estados do país e do Distrito Federal.
O descumprimento do vazio sanitário pode gerar várias penalidades, como multas aos produtores. No Mato Grosso do Sul, por exemplo, a multa pode chegar a R$ 25 mil. No Distrito Federal, as multas variam de R$ 15 mil a R$ 50 mil.
Para verificar se os produtores cumprem com essa obrigatoriedade, cada estado do país mantém um órgão que acompanha e fiscaliza o vazio sanitário da soja.
No Distrito Federal, por exemplo, a Secretaria de Estado da Agricultura (SEAGRI) é responsável pela fiscalização, oferecendo canais para dúvidas e denúncias: gesav@seagri.df.gov.br e 3051-6422 (WhatsApp).
Até o fim de 2022, todos os estados produtores devem finalizar o período de vazio sanitário, que varia de acordo com a região, como mostra a tabela abaixo.
Dessa forma, todas as regiões produtoras do país estarão aptas a iniciar o plantio em abril de 2023.
Vale lembrar que essas tabelas não devem ser a única fonte de informação do sojicultor, já que os órgãos estaduais de Defesa Agropecuária têm autonomia para alterar o calendário de plantio conforme as particularidades de cada região.
Portanto, é recomendável que o produtor de soja confira os calendários divulgados pelos órgãos responsáveis do seu Estado.
Período do vazio sanitário em diferentes estados brasileiros (Fonte: site Canal Rural)
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O período do vazio sanitário da soja é determinado pelos órgãos competentes, mas colocá-lo em prática é obrigação e responsabilidade do produtor. Por isso, cabe ao sojicultor seguir as normas e respeitar o calendário para evitar qualquer penalidade legal.
Na prática, isso significa que no período do vazio sanitário especificado para o seu Estado, o produtor deve adotar as seguintes medidas:
Vale lembrar que o produtor pode aproveitar esse período de vazio para fazer a análise do solo, investir na melhoria das características do terreno e prepará-lo para a próxima safra.
Quando bem executado, o vazio sanitário não só reduz os riscos de infestação pelo fungo da Ferrugem Asiática, como também aumenta a produtividade e ainda permite a melhoria das condições do solo.
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