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O controle de pragas no café exige a combinação de técnicas de manejo integrado e o uso de ferramentas da agricultura digital. O primeiro passo para fazer esse tipo de controle é entender como identificar as principais pragas que atacam a cultura, como o ácaro vermelho e a broca-do-café.
Além disso, o cafeicultor precisa investir no monitoramento da lavoura, usando estratégias como ferramentas digitais e coleta de amostras. A partir dos dados desse monitoramento, é possível prevenir infestações e identificar o nível de dano econômico causado pela praga.
Caso necessário, o produtor poderá utilizar esses dados para definir a aplicação de estratégias de controle biológico e químico para proteger a lavoura de infestações.
Boa leitura!
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O Brasil é o maior produtor e exportador de café verde do mundo. Para alcançar e manter essa posição, os cafeicultores enfrentam vários desafios.
Um deles é fazer o controle de pragas no café, que podem reduzir significativamente tanto a produtividade quanto a qualidade da safra.
Os danos causados pelo bicho mineiro exemplificam o tamanho desse problema. Considerado uma das piores pragas do cafeeiro no Brasil, a infestação dessa praga pode causar perdas de até 50% do cafezal.
O primeiro passo para evitar esse tipo de prejuízo é entender como identificar os principais insetos que atacam cafezal.
Neste artigo, explicaremos como fazer essa identificação e quais as melhores técnicas de manejo integrado de pragas no café.
A identificação de insetos no cafezal é fundamental para fazer o manejo correto dessas pragas. Uma das estratégias mais eficientes para facilitar essa identificação é conhecer as principais pragas que atacam o café.
Afinal, esse grupo é composto pelas espécies que infestam a lavoura com mais frequência e que, por esse motivo, exigem uma atenção maior do cafeicultor.
Segundo uma cartilha desenvolvida pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), as principais pragas do café incluem as seguintes espécies.
A broca-do-café é um besouro pequeno e de coloração escura. Ele ataca os frutos do café, onde passa a viver, se alimentar e reproduzir. Esse ataque é caracterizado principalmente pela presença de furos nos frutos, geralmente realizados durante a fase de granação do café.
Após o acasalamento, os machos continuam nos frutos e as fêmeas saem em busca de novos frutos, dando continuidade ao processo de reprodução e infestação da praga.
Os danos causados pelo ataque dessa praga incluem perda da qualidade, maturação forçada, queda dos frutos novos, inviabilidade das sementes e comprometimento da qualidade da bebida.
Normalmente, essa praga tende a infestar lavouras mais adensadas localizadas em regiões de baixas altitudes, temperaturas elevadas e alta umidade.
O bicho mineiro é uma mariposa branca prateada com cerca de 2 mm de comprimento que ataca exclusivamente o cafeeiro. O ataque ocorre principalmente durante a fase larval. A mariposa põe seus ovos na superfície superior das folhas.
Quando os ovos eclodem, as lagartas formadas penetram na folha e começam a se alimentar. Durante esse processo, as lagartas formam galerias ou minas que causam o desfolhamento das plantas.
Em geral, as consequências e prejuízos causados pelo desfolhamento das plantas aparecem na safra seguinte. Desfolhas drásticas sucessivas também enfraquecem o cafeeiro, comprometendo sua longevidade.
Caso o problema não seja controlado, os danos causados na lavoura podem reduzir a produção de café entre 37% e 80%.
O cafezal se torna mais vulnerável ao ataque dessa praga durante períodos mais secos com temperaturas elevadas. Normalmente, esse ataque ocorre no final da colheita, entre os meses de agosto e outubro.
Vale lembrar que o desequilíbrio nutricional do cafeeiro favorece as infestações. Além disso, o uso indiscriminado de inseticidas não seletivos e a aplicação constante de cobre afastam os inimigos naturais dessa praga, favorecendo o crescimento de populações de bicho mineiro.
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O cafezal pode ser atacado por diferentes espécies de ácaro, como o ácaro vermelho (Oligonychus ilicis), ácaro branco (Polyphagotarsonemus latus) e o ácaro da leprose (Brevipalpus phoenicus).
Desse grupo, o ácaro vermelho é considerado um dos mais prejudiciais à produção do café. Essa praga pode ser identificada com facilidade. Os insetos adultos são pequenos e avermelhados, mas podem ser observados a olho nu, principalmente quando se movimentam.
Eles vivem nas folhas do cafeeiro e criam teias finas e esbranquiçadas nas suas superfícies. Durante sua alimentação, o ácaro vermelho perfura as células da superfície foliar e suga seu conteúdo.
Por conta disso, as folhas adquirem uma coloração bronzeada e sem brilho e podem apresentar a redução da área foliar.
Como resultado, a planta sofre uma queda da sua capacidade fotossintética, o que pode causar o desfolhamento e comprometer o seu desenvolvimento. Esses sintomas podem levar à queda da produção de café.
O ataque dessa espécie de ácaro ocorre principalmente durante os períodos mais secos do ano, época que coincide com a fase pós-colheita da cultura, que vai de agosto a setembro.
Vale lembrar que o uso constante de alguns tipos de inseticidas, bem como a aplicação com cobre, pode causar desequilíbrios nas populações dessa praga, favorecendo seu ataque.
A prevenção e controle de pragas no café exige a combinação de diferentes técnicas de manejo. Essas técnicas devem ser aplicadas conforme orienta o Manejo Integrado de Pragas (MIP), que prevê a combinação harmoniosa de diferentes estratégias de controle.
Seu objetivo é manter a densidade populacional das pragas no cafezal abaixo do nível de dano econômico.
Dessa forma, o produtor protege o cafezal do ataque desses insetos, reduz os gastos com defensivos agrícolas e ainda contribui para manejo sustentável no cultivo de café.
Confira abaixo as principais estratégias de prevenção e controle de pragas no café segundo a abordagem do MIP.
O controle cultural das pragas do café envolve o uso de práticas de manejo que reduzem as condições favoráveis ao desenvolvimento desses insetos.
Essas práticas incluem o plantio com espaçamentos mais largos, fazer o manejo de plantas daninhas, utilizar a técnica do repasse (catação dos frutos remanescentes da colheita), fazer uma colheita bem-feita, entre outras práticas.
O controle biológico envolve a utilização dos inimigos naturais das pragas que atacam o cafeeiro. Esses inimigos podem ser fungos, bactérias e até outros insetos capazes de atacar e reduzir a população de pragas. As espécies utilizadas para esse tipo de controle variam de acordo com a praga.
Por exemplo, o controle biológico do ácaro vermelho pode ser feito com ácaros da família Phytoseiidae e coleópteros (besouros) do gênero Stethorus. Já o biocontrole do bicho mineiro pode ser feito com parasitoides (microhimenópteros) e vespas predadoras.
O controle químico consiste no uso de defensivos agrícolas específicos para cada praga. A pulverização desses produtos é recomendada apenas quando o nível de dano econômico associado a praga for atingido.
Os princípios ativos dos defensivos utilizados nessa pulverização dependem da correta identificação de insetos no cafezal. Somente a partir dessa identificação, o agrônomo que auxilia o produtor poderá recomendar a melhor estratégia para fazer o controle de pragas no cafezal.
Com o apoio da agricultura digital, o cafeicultor pode melhorar a produtividade e a rentabilidade da cultura
O monitoramento de pragas é essencial para identificar quando a praga infestou o cafezal e qual o seu nível de dano econômico. Essas informações são necessárias para definir quando e como realizar o controle químico das populações de inseto.
Para obter esses dados, o cafeicultor pode aplicar diferentes técnicas, como a avaliação visual dos cafeeiros e da área de plantio, bem como a coleta de amostras para análise em laboratório. Outro método eficaz que pode ser usado com essa finalidade é o chamado monitoramento digital de pragas.
Esse monitoramento consiste no uso de ferramentas da agricultura digital para avaliar e dimensionar a presença de pragas no cafezal, bem como traçar estratégias assertivas de controle. Para isso, o cafeicultor pode utilizar ferramentas como o Climate FieldViewTM, plataforma digital da Bayer.
Os produtores podem importar os dados de monitoramento gerados por drones, sensores, imagens de satélite e até outras ferramentas digitais, como o aplicativo de gestão da Farmbox, para o FieldView™.
A plataforma integra esses dados e gera diferentes mapas agrícolas, como os mapas de infestação. Com base nesses mapas, o cafeicultor consegue detectar áreas na lavoura que poderiam estar sendo afetadas por pragas e compará-las com o nível de desenvolvimento vegetativo da lavoura.
Caso seja constatada alguma variabilidade no desenvolvimento dos talhões, o cafeicultor pode enviar uma equipe de monitoramento e manejo até os talhões mais afetadas.
Assim, o cafeicultor consegue identificar possíveis infestações de pragas no café com mais facilidade e aplicar estratégias de controle precisas e eficientes para proteger a produtividade do cafezal.
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