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Controle de pragas do trigo: como fazer e quais as principais

Escrito por Equipe FieldView™ | 17/04/2023 23:09:58

Fazer o controle de pragas do trigo, como pulgões, corós e percevejos, exige que o agricultor conheça as espécies mais nocivas e adote técnicas de manejo adequadas para evitar prejuízos.

Fazendeiro inspeciona o trigo.

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O controle de pragas do trigo é essencial para garantir a produtividade e a rentabilidade da lavoura. E o primeiro passo para fazer um controle eficiente das infestações é conhecer quais são as principais pragas que atacam a cultura. 

Ao todo, são mais de 15 espécies de insetos que colocam em risco a integridade e o desenvolvimento da lavoura, divididos entre pulgões, corós, lagartas desfolhadoras, percevejos e pragas de armazenamento

Os métodos de controle dessas pragas variam de acordo com o grupo e a espécie. De forma geral, todos eles exigem que o produtor invista no monitoramento de pragas, no controle biológico e químico, bem como no uso de tecnologias. 

Assim, ele consegue fazer o manejo das pragas do trigo corretamente e garantir a proteção da lavoura. 

Boa leitura!

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O trigo é uma das commodities agrícolas mais importantes do mundo devido a sua importância para a alimentação humana. E o Brasil, que é um dos principais players do mercado agrícola, também contribui para o seu cultivo. 

Afinal, embora não seja o carro-chefe da produção agrícola do país, em 2022, o Brasil produziu cerca de 9,5 milhões de toneladas de trigo. Segundo um levantamento divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), isso representa um aumento de 23,7% em relação à safra de 2021. 

No entanto, essa produção ainda pode aumentar, uma vez que existe espaço para a expansão do cultivo de trigo no país. Porém, para que essa expansão seja bem-sucedida, os produtores precisam superar alguns desafios. 

Um deles é fazer o manejo de pragas do trigo, que podem causar prejuízos significativos à lavoura, comprometer a produção e a rentabilidade dos produtores. 

Para evitar esses prejuízos e garantir uma safra de trigo rentável e de qualidade, o primeiro passo é conhecer as espécies e os métodos de controle das principais pragas que atacam a cultura do trigo.

Por esse motivo, neste artigo, você vai entender como fazer o controle de pragas do trigo, quais são as espécies mais prejudiciais à cultura e como a tecnologia pode te ajudar a resolver esse problema.

Quais são as principais e como fazer o controle de pragas do trigo?

As principais pragas da cultura do trigo se dividem em 5 grupos: pulgões, corós, lagartas desfolhadoras, percevejos e pragas de armazenamento. 

Confira a seguir quais as características de cada um desses grupos, as principais espécies e seus métodos de controle.

Pulgões

Pulgão do trigo - Metopolophium dirhodum.

Os pulgões, também chamados de afídeos, são insetos-praga relativamente pequenos que apresentam um aparelho bucal do tipo picador-sugador. Por conta disso, eles se alimentam a partir da sucção da seiva da planta, o que pode causar danos diretos ao desenvolvimento do trigo. 

Como resultado, infestações de afídeos podem provocar a redução do número de grãos por espiga, do tamanho e do peso dos grãos, bem como a diminuição do poder germinativo das sementes.

Apesar da possibilidade de causar danos diretos, geralmente as populações desses insetos não atingem níveis populacionais capazes de provocar prejuízos significativos. Em compensação, os danos indiretos provocados por essas pragas merecem mais atenção do produtor. 

Afinal, os pulgões atuam como vetores de doenças, já que podem transmitir espécies de vírus BYDV (Barley yellow dwarf virus) para a planta durante seu processo de alimentação. Caso o trigo seja infectado nas fases iniciais de rendimento, o rendimento de grãos da planta pode sofrer uma redução de até 50%.

Principais espécies de pulgões que atacam a cultura do trigo

Ao todo, quatro espécies de pulgões são frequentes na lavoura de trigo. São eles:

  • Pulgão-do-colmo-do-trigo (Rhopalosiphum padi);
  • Pulgão-da-folha-do-trigo (Metopolophium dirhodum);
  • Pulgão-da-espiga-do-trigo (Sitobion avenae);
  • Pulgão-verde-dos-cereais (Schizaphis graminum).
Como controlar o pulgão no trigo? 

O primeiro passo para controlar as infestações de pulgão no trigo é investir no monitoramento da lavoura. Para isso, além de imagens de satélite, drones e sensores, o produtor também precisa coletar amostras in loco, conforme orienta a Tabela 1, para decidir qual o método de controle mais adequado para a praga

Dentre os métodos de controle utilizados para o combate aos pulgões, os mais eficientes são o controle biológico e o controle químico. 

O controle biológico pode ser feito com insetos parasitoides, predadores e os bioinseticidas, que ajudam a reduzir as populações do inseto e os danos diretos causados pelas infestações.

No entanto, como essas pragas também podem transmitir doenças, é importante conciliar o controle biológico com o controle químico. Para isso, é necessário investir no tratamento de sementes e na aplicação de defensivos agrícolas, como piretroides e neonicotinoides.

Tabela 1: Orientações para o monitoramento e manejo de pulgões na lavoura de trigo.

Fonte: Informações técnicas para trigo e triticale (Embrapa).

Corós

Os corós são larvas de besouros da família Coleoptera que geralmente vivem no solo e apresentam um corpo em forma de “C”, cabeça esbranquiçada e corpo de coloração mais escura. 

Na fase adulta, esses besouros apresentam coloração escura, podem atingir até 2,5 cm de comprimento e vivem no solo, mas deixam o substrato em direção à superfície para acasalamento e dispersão. 

Já as larvas podem viver tanto no solo quanto na superfície, consumindo raízes, sementes e partes vegetativas do trigo. Suas infestações podem ser encontradas em reboleiras e identificadas na forma de manchas na lavoura. 

O tamanho das populações desse inseto-praga e os danos causados na lavoura variam de um ano para o outro. E caso não sejam controlados, os corós podem provocar prejuízos significativos à lavoura. 

Para se ter uma ideia, um único coró pode consumir cerca de duas plântulas de trigo em apenas uma semana. Por isso, durante muito tempo, os corós foram considerados as pragas do trigo mais nocivas à lavoura.

Principais espécies de corós que atacam a cultura do trigo

Apenas duas espécies de corós são frequentemente encontradas nas lavouras de trigo do país. São elas: 

  • Coró-das-pastagens (Diloboderus abderus); 
  • Coró-do-trigo (Phyllophaga triticophaga).
Como fazer o controle de corós no trigo?

A melhor forma de controlar as infestações de corós na lavoura de trigo é investir em métodos preventivos, como o tratamento de sementes com inseticidas, indicado principalmente para o produtor que é adepto do Sistema de Plantio Direto (SPD). 

Também é importante investir na rotação de culturas e no manejo de resíduos, de modo a reduzir a presença de palhada no solo, já que isso favorece a oviposição do coró-das-pastagens.

Além dessas medidas, é fundamental fazer o monitoramento da área de plantio antes da semeadura, especialmente se houver histórico de surtos de corós no local. O monitoramento deve ser feito com amostragem de solo, conforme indica a Tabela 2. 

A partir dos resultados dessa análise, o produtor pode definir quais são as estratégias preventivas mais adequadas para proteger a lavoura de trigo.

Tabela 2: Orientações para o monitoramento e manejo de corós na lavoura de trigo.

Fonte: Informações técnicas para trigo e triticale (Embrapa).

Lagartas desfolhadoras

Pseudaletia sequax - lagarta do trigo. Foto: ELEVAGRO.

As lagartas desfolhadoras recebem esse nome porque se alimentam principalmente de folhas e de outros órgãos das partes aéreas do trigo. 

Isso prejudica o processo de fotossíntese e, consequentemente, o metabolismo das plantas, provocando problemas de desenvolvimento e até de formação de grãos.

Assim como os corós, as lagartas são insetos nas fases iniciais de desenvolvimento, ou seja, não são indivíduos adultos. Neste caso, elas representam as fases larvais de diferentes espécies de mariposas.

Mesmo não sendo indivíduos adultos, as lagartas desfolhadoras podem atacar a lavoura desde a fase de plântula até a etapa da colheita, incluindo o processo de formação das espigas. 

Principais espécies de lagartas desfolhadoras que atacam a cultura do trigo

As espécies de lagartas desfolhadoras mais comuns na cultura do trigo são:

  • Lagarta-do-trigo (Pseudaletia adultera);
  • Lagarta-do-trigo (Pseudaletia sequax);
  • Lagarta-militar (Spodoptera frugiperda).
Como fazer o controle das lagartas desfolhadoras no trigo?

Investir no monitoramento de pragas também é essencial para combater as infestações de lagartas desfolhadoras na cultura do trigo. Esse monitoramento deve incluir a realização de amostragens semanais, conforme indica a Tabela 3

Além disso, é fundamental avaliar a presença de insetos nas plantas e no solo da lavoura. Baseado nessas informações, o produtor pode tomar decisões mais assertivas em relação ao manejo das lagartas.

Se for necessário, ele pode investir no controle biológico desses insetos, medida eficiente já que as lagartas desfolhadoras têm muitos inimigos naturais. 

Em casos mais extremos, o produtor pode investir no controle químico, usando inseticidas específicos para essa praga, que devem ser aplicados de forma cuidadosa.

Tabela 3: Orientações para o monitoramento e manejo de lagartas na lavoura de trigo.

Fonte: Informações técnicas para trigo e triticale (Embrapa).

Percevejos

Os percevejos são insetos sugadores que podem causar diversos danos à lavoura do milho. 

A depender da espécie e da época de infestação, esses insetos-pragas podem prejudicar o desenvolvimento da planta, causando sintomas como atrofiamento, altura reduzida, bem como espigas deformadas e brancas. 

Além disso, é possível identificar sintomas semelhantes aos danos causados por geadas, problemas de afilhamento e redução do rendimento de grãos.

Principais espécies de percevejos que atacam a cultura do trigo

Adulto de D. furcatus (A) e D. melacanthus (B) - Percevejos que atacam o trigo. Foto: Antônio R. Panizzi

É possível citar pelo menos quatro espécies de percevejo comumente encontradas nas lavouras de trigo. São eles:

  • Percevejo-da-barriga-verde (Dichelops furcatus ou Dichelops melacanthus);
  • Percevejo-raspador (Collaria scenica);
  • Percevejo-do-trigo (Thyanta perditor).

No entanto, desse grupo, as espécies de percevejo-da-barriga-verde é o que exige mais atenção, já que são os mais frequentes na cultura do trigo. 

Como fazer o controle dos percevejos no trigo?

O controle de percevejos que atacam a cultura do trigo começa com o monitoramento da lavoura, que deve ser feito tanto nas fases vegetativas quanto reprodutivas da planta, conforme indica a Tabela 4. 

A partir dessa análise, o produtor pode definir as formas de controle mais adequadas para a lavoura. 

Vale lembrar que o controle de percevejos geralmente é feito com base no uso de inseticidas químicos associados aos bioinseticidas (controle biológico).  

Tabela 4: Orientações para o monitoramento e manejo de percevejos na lavoura de trigo.

Fonte: Informações técnicas para trigo e triticale (Embrapa).

Pragas do armazenamento de trigo

O produtor não deve se preocupar com o controle de pragas do trigo apenas durante o desenvolvimento da lavoura. 

Isso porque existem insetos-pragas que atacam a produção durante a fase de armazenamento da safra, podendo comprometer sua rentabilidade e comercialização. 

Geralmente, esses insetos atacam diretamente grãos sadios ou danificados, facilitando a contaminação da produção por fungos e micotoxinas.

Principais pragas do milho que atacam na fase de armazenamento 

Várias espécies de insetos-pragas podem danificar o trigo armazenado. No entanto, são as espécies de besouros (Coleoptera) e traças (Lepidoptera) que causam mais prejuízos. 

Conheça alguns deles a seguir: 

  • Gorgulho-do-milho (Sitophilus zeamais);
  • Gorgulho-do-arroz (Sitophilus oryzae);
  • Besourinho-dos-cereais (Rhyzopertha dominica).
Como controlar as pragas de armazenamento de trigo?

O manejo de pragas do trigo que ocorrem durante o armazenamento da produção é composto por medidas preventivas e curativas. 

As medidas preventivas consistem na limpeza de depósitos e equipamentos, na eliminação de focos de infestação e queima de resíduos do armazenamento anterior. 

Além disso, é importante armazenar a produção em locais com umidade máxima de 13% e tomar cuidado para nunca misturar lotes infestados com ou grãos sadios, para não espalhar a infestação.

Para o tratamento curativo, ou seja, para o expurgo dos grãos, o produtor pode pulverizar inseticidas como a fosfina. Esse defensivo deve ser aplicado em armazéns, silos ou qualquer outro local que armazene a produção.

Depois do expurgo, é recomendável aplicar uma cobertura de inseticida na massa dos grãos. Assim, é possível evitar a reinfestação.

Principais técnicas e métodos de controle de pragas do trigo

Além das técnicas e métodos de controle de pragas do trigo mencionadas anteriormente, existem outras estratégias que devem ser usadas para o manejo desses problemas. 

Por isso, reunimos todas elas na lista a seguir:

  • Monitoramento de pragas;
  • Rotação de culturas;
  • Eliminação de restos culturais;
  • Uso de variedades resistentes às pragas;
  • Manejo integrado de pragas (MIP);
  • Limpeza de maquinário e de instalações utilizadas para armazenamento.

Uso de tecnologias e inovações facilitam o controle de pragas do trigo

Agricultora monitora a plantação de trigo através do tablet.

O uso de ferramentas associadas à Agricultura de Precisão e à Agricultura Digital tem facilitado o manejo de pragas do milho na lavoura

Recursos como sensoriamento remoto, inteligência artificial, armadilhas inteligentes e softwares e aplicativos agrícolas de monitoramento agrícola, ajudam o produtor tanto a identificar a presença de infestações de forma mais fácil e rápida. 

Além disso, o produtor também pode utilizar softwares de gestão agrícola, como o Climate FieldView™, plataforma de agricultura digital da Bayer, para integrar e analisar as informações coletadas por essas ferramentas

Dessa forma, ele tem acesso a diagnósticos, relatórios e dados mais precisos para orientar as estratégias de manejo e controle de pragas do trigo.

O produtor pode utilizar o Diagnóstico FieldView™, por exemplo, para monitorar a plantação em tempo real e  gerar mapas detalhados da lavoura, que facilitam a identificação de infestações e danos na lavoura

Assim, fica mais fácil e prático verificar quais talhões devem ser visitados e acompanhados de perto, bem como avaliar dados de forma integrada sobre a lavoura de trigo.

Por conta desse tipo de ferramenta, as tecnologias e inovações são consideradas aliadas indispensáveis para o sucesso da plantação.

Entenda como o Climate FieldView™ te ajuda a proteger sua lavoura de trigo!