A agricultura brasileira produz uma diversidade de produtos, entre legumes, grãos, verduras e frutas
De origem milenar, a agricultura é estratégica para a população mundial, uma vez que fornece alimentos, origina matérias-primas que abastecem diferentes atividades industriais e, somente na agricultura, o Brasil gera mais de 19 milhões de empregos diretos, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
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Segundo o Dicionário Aurélio, agricultura é o cultivo do solo, por meio de procedimentos, métodos e técnicas próprias, que buscam produzir alimentos para o consumo humano, como legumes, cereais, frutas e verduras, ou para serem usados como matérias-primas na indústria.
O campo não é apenas responsável por prover os alimentos que chegam à mesa da população.
Com o desenvolvimento tecnológico, a produção agrícola tornou-se essencial para abastecer inúmeros outros segmentos, como bebidas, fibras, energia, tecidos, medicamentos, construção, dentre outros.
A palavra "agricultura" vem do latim e é composta pelos termos “agru”, que significa “terra cultivada ou cultivável”, e “colere" (cultura), que corresponde a "cultivo".
SAIBA MAIS: Plantando o futuro
A agricultura existe há mais de 12 mil anos. A adoção de diferentes técnicas para cultivo do solo permitiu que as comunidades, que eram majoritariamente nômades, pudessem se fixar em terras agricultáveis, possibilitando a constituição das primeiras civilizações.
Acredita-se que o cultivo do solo tenha sido adotado em diferentes partes do mundo e em diferentes momentos.
Mas o primeiro registro arqueológico sustenta que a prática tenha se iniciado em uma área conhecida como Crescente Fértil, banhada pelos rios Tigre e Eufrates, no Oriente Médio – região conhecida na época como Mesopotâmia. O mesmo aconteceu às margens do rio Nilo, no Egito.
Para o paleogeneticista alemão Joachim Burger, a adoção da agricultura pelos povos mesopotâmicos serviu de base para o nascimento da Civilização Moderna.
Nesse contexto, percebe-se que o meio rural sempre foi a atividade econômica mais importante para a constituição e manutenção das sociedades.
Quando as técnicas agrícolas permitiram o excedente na produção, iniciaram-se as primeiras trocas comerciais.
Arado puxado por elefante no Sri Lanka (Therond and Huyot/ Le Tour du Monde, Paris, 1860)
No período entre 8 mil a.C. e 5 mil a.C. ocorreu um fenômeno que ficou denominado de primeira revolução agrícola. É nessa fase que o homem descobre o fogo, o que permite dominar a produção de alimentos.
Além da agricultura, o homem passou a criar animais. Os dois fatores foram decisivos para a redução dos deslocamentos em busca de água e alimentos. As tribos deixam de ser essencialmente caçadoras e coletoras.
Nasciam as duas principais atividades primárias da economia: a agricultura e a pecuária. Práticas que sempre caminharam lado a lado, uma vez que são realizadas pelo produtor rural, muitas vezes no mesmo espaço produtivo.
Uma segunda revolução agrícola marcante ocorreu na Europa, entre os séculos 18 e 19, e tinha o objetivo de aumentar a produção e a produtividade.
Para isso, algumas transformações ocorreram:
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O uso de cavalos desde o plantio à colheita ajuda reduz a necessidade da força humana
Outra grande revolução agrícola aconteceu no Século XX: a Revolução Verde, que foi uma profunda transformação que o mundo passou no campo após a Segunda Guerra Mundial.
Foi um processo de modernização da agricultura, que permitiu aumentar a produção de alimentos a partir das décadas de 1960 e 1970.
Tratou-se de um conjunto de inovações tecnológicas que permearam o setor primário da economia (agricultura e pecuária) a fim de melhorar tais atividades.
Essas inovações caracterizaram-se por conter um conhecimento técnico avançado, com cientistas empenhados em fortalecer as produções agrícolas mundo afora.
Dentre essas inovações, pode-se citar o desenvolvimento e a incorporação de:
Além disso, por meio de muita pesquisa, foram desenvolvidos os OGM's (Organismos Geneticamente Modificados) ou biotecnologias.
Essas medidas, aliadas às boas práticas e tratos culturais com a terra, resultaram no crescimento da produtividade agrícola, contribuindo para o aumento na produção e, consequentemente, para a maior disponibilidade de alimentos.
A Revolução Verde foi crucial para alimentar uma população mundial crescente. Em 1950, o mundo tinha cerca de 2,5 bilhões de habitantes, atingindo 7,8 bilhões em 2020 – portanto, mais do que triplicou em 70 anos.
A Revolução Verde foi crucial para alimentar uma população mundial crescente
Em sintonia com esse processo global de incremento tecnológico e avanços das pesquisas no campo, o Brasil criou, em 1973, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
Passo fundamental para fomentar a reestruturação produtiva no campo, por meio da incorporação de tecnologias e da expansão agrícola para novas fronteiras, como o Cerrado.
Um dos frutos desse processo de desenvolvimento do agro brasileiro foi a adesão a métodos agrícolas que melhoram a qualidade do solo, como o plantio direto.
Quando o assunto é essa prática agrícola, o produtor brasileiro tornou-se referência mundial, colhendo inúmeros benefícios, como maior retenção de água e facilidade de infiltração no solo, e redução da erosão e da perda de nutrientes.
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O plantio direto foi uma técnica agrícola bastante difundida no país
O desenvolvimento científico está por trás da Revolução Verde e de todos os outros grandes passos que a agricultura mundial já vivenciou.
O investimento do Brasil em pesquisas na área também foi importante para que a agropecuária ganhasse destaque no Produto Interno Bruto (PIB) do país.
A sintonia entre ciência e agricultura propicia benefícios como:
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A atividade agrícola engloba dois sistemas básicos de plantio:
Máquinas e equipamentos agrícolas potencializaram o trabalho no campo
No Brasil, existem diferentes tipos de produção agrícola, as quais se adequam às características do ambiente no qual são realizadas, como a agricultura de subsistência, agricultura familiar, agricultura orgânica (biológica), agricultura comercial e permacultura.
Essas características podem estar relacionadas à formação vegetal que constitui o local, às condições climáticas do ambiente, ao relevo, à composição do solo e à demanda de produção existente.
O principal objetivo é a produção de alimentos para garantir a sobrevivência do agricultor, da sua família e da comunidade em que está inserido.
A agricultura de subsistência pode ser um tipo de agricultura familiar, mas não necessariamente a agricultura familiar é exclusivamente focada na subsistência da família.
Na agricultura familiar, o cultivo da terra é realizado por pequenos proprietários rurais, tendo como mão de obra, essencialmente, o núcleo familiar. A produção pode visar a subsistência e também a comercialização.
A agricultura comercial, chamada de "agricultura moderna" ou de mercado, é a agricultura que realiza o plantio em larga escala de cultivos para atender a demanda da economia mundial.
É executada em grandes propriedades com a utilização de diferentes insumos, como adubos, fertilizantes químicos e defensivos.
Também se caracterizam pela aplicação de técnicas modernas de cultivo, melhoramento genético e máquinas, utilizam mão de obra especializada, como engenheiros, agrônomos e técnicos agrícolas.
Mas, no início do Século XXI, o modelo de produção agrícola evoluiu rapidamente. Dentro do novo contexto, passaram a ser usadas máquinas, veículos autônomos, drones, robôs com sensores.
Nasceu a agricultura 4.0, marcada pela automação, conectividade e geração de dados sobre a atividade agrícola, permitindo maior precisão, acuracidade e assertividade nas decisões tomadas no dia a dia do campo.
Nesse contexto, o produtor passou a contar com serviços e soluções baseados em ciência de dados, auxiliando no gerenciamento de suas operações com mais eficiência durante toda a safra, do plantio à colheita.
O que são atividades agrícolas?
As atividades agrícolas correspondem a todas as etapas de cultivo do solo que são necessárias para a implantação de uma lavoura, com a finalidade de produzir alimentos ou fibras. Essas atividades consistem, basicamente, em plantio (como preparo do solo, adubação e plantio); pulverização; e colheita. Assim, temos a realização da agricultura, que é uma maneira econômica de usar a terra para plantar alimentos e garantir o sustento alimentar da população, além de gerar matéria-prima capaz de transformar mercadorias secundárias em insumos para outras atividades econômicas, por exemplo:
A adesão à agricultura digital tem sido acelerada por parte dos produtores que praticam a agricultura comercial no país. Pesquisa liderada pela Embrapa e divulgada em 2020 mostra que 84% dos agricultores brasileiros já utilizam ao menos uma tecnologia digital como ferramenta de apoio à produção agrícola
Mas um aspecto interessante da Agricultura 4.0 é que o digital democratizou o acesso à tecnologia pelos pequenos e médios produtores, independente do setor agrícola em que atuam.
Esse processo tem relação com o grande número de startups focadas em levar diferentes soluções digitais que podem ser adaptadas a todos os principais tipos de atividades agrícolas.
De acordo com Victor Ferreira, analista de Competitividade no Agronegócio do Sebrae, há exemplos de tecnologias digitais que já tiveram seus custos reduzidos e que estão beneficiando os pequenos e médios produtores.
Já existem inúmeros exemplos, pelo país afora, de agricultores familiares que fazem uso das tecnologias digitais, inclusive por meio de cooperativas. É o caso do senhor Mateus Bresolin, produtor de bananas em Três Forquilhas (RS).
Em sua área de 7 ha, trocou o cultivo convencional pelo orgânico. E foi um dos primeiros associados à cooperativa da qual faz parte a utilizar o Caderno de Campo Digital. Nele o agricultor faz, de maneira rápida e fácil, o registro das atividades na lavoura. “Tem várias ferramentas e possibilidades”, relata.
ENTENDA: Como será a agricultura digital nos próximos anos?
A agricultura digital agrega valor ao produtor, à medida que atua em sintonia com as diferentes tecnologias existentes, permitindo a tomada de decisões mais assertivas em todos os manejos e operações adotados no dia a dia da lavoura.
E o acesso a dados pode ser feito pelo smartphone ou tablet, de forma ágil e simples. Para o agricultor, as tecnologias digitais tornaram-se uma aliada e tanto para reduzir custos e alcançar altos patamares de produtividade.
“O processo de desenvolvimento da agricultura digital ou agricultura 4.0 deverá acontecer de forma muito mais rápida, em sintonia com o uso de Big Data, Cloud Computing, Telemetria, Agricultura de Precisão, Integração de Sensores, Mobilidade”, destaca Guilherme Belardo, engenheiro agrônomo e líder de desenvolvimento de negócio da Climate FieldViewTM – plataforma de agricultura digital da Bayer.
“A agricultura digital está cada vez mais presente no dia a dia do agronegócio, desafiando o setor a repensar o modelo de negócios atual”, conclui.
Diferentes tecnologias digitais têm se destacado nesse período de grandes evoluções no campo e têm apoiado o produtor a alavancar seus patamares de produtividade e rentabilidade. Vale destacar algumas delas.
Para funcionar bem, o receptor deve estar no alcance de, pelo menos, três satélites de posicionamento para que os dados sejam fornecidos.
Além do mais, sua precisão aumenta se quatro ou mais satélites puderem ser acessados.
Os benefícios do GPS agrícola são inúmeros, mas podemos destacar alguns dos mais utilizados: localização exata de amostras de solo, coleta e análise de dados da plantação, controle e navegação de máquinas durante o serviço.
O Big Data é basicamente um enorme acervo de banco de dados online. Por possuir um alto volume de dados, é possível que diversos arquivos sejam coletados e armazenados e, assim, sejam utilizados em qualquer lugar do mundo para diversos propósitos.
O objetivo do Big Data é basicamente aprimorar os processos de trabalho de seu usuário, ao obter interpretações rápidas e valiosas sobre as tendências do mercado, comportamento de consumo e oportunidades potenciais.
Permite o acesso e a troca de informações de maneira simples e ágil, permitindo a introdução de inúmeras outras tecnologias à agricultura.
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O desenvolvimento tecnológico permitiu alavancar a produtividade no campo
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Pela conexão que tem com diferentes setores, como comércio, indústria e serviços, a agricultura é um dos pilares da economia mundial, além de ser estratégica para o aumento da disponibilidade de alimentos à população.
O desenvolvimento do setor, marcado por diferentes revoluções disruptivas ao longo da história, permitiu o aumento da produção agrícola.
Mas o futuro é desafiador, frente à expectativa de crescimento da população mundial, que deve atingir 9,6 bilhões em 2050. Segundo a FAO, para atender essa projeção, a produção mundial de alimentos deve crescer cerca de 70%.
O futuro da agricultura necessita acompanhar a demanda mundial e levar em consideração diversos fatores que interferem no seu desenvolvimento, como o impacto ambiental da atividade.
A agricultura brasileira é um dos maiores exportadores mundiais de grãos
Produtos agrícolas são originários do cultivo de lavouras no campo. Entre as 10 culturas agrícolas mais cultivadas no mundo, as 4 primeiras são cereais:
No entanto, se a lista for ampliada, outros produtos agropecuários também têm destaque, como cana-de-açúcar, batata e leite.
Estados Unidos, União Europeia e Brasil são os maiores exportadores agrícolas mundiais, sendo que os embarques globais de produtos oriundos do campo atingiram US$ 1,051 trilhão em 2019. Já China e Estados Unidos são os maiores importadores agrícolas do planeta.