Com a limitação de recursos naturais, a sustentabilidade na lavoura é um tema que vem sendo debatido cada vez mais em todo o mundo e ganha espaço no âmbito dos negócios
Cássio Kossatz falando da importância da sustentabilidade na lavoura para o futuro da agricultura
Por se tratar de um segmento que faz a conexão direta entre o impacto econômico e social com o meio ambiente, a sustentabilidade no agronegócio não poderia ficar de fora. Essa discussão de práticas sustentáveis ganha mais adeptos a cada dia e conta com a presença de inúmeros agricultores na linha de frente.
Com a limitação de recursos naturais, a sustentabilidade na lavoura é um tema que vem sendo debatido cada vez mais em todo o mundo e ganha espaço no âmbito dos negócios. Por se tratar de um segmento que faz a conexão direta entre o impacto econômico e social com o meio ambiente, a sustentabilidade no agronegócio não poderia ficar de fora. Essa discussão ganha mais adeptos a cada dia e conta com a presença de inúmeros agricultores na linha de frente.
Um dos exemplos desse cuidado com a terra é o do produtor Cássio de Oliveira Kossatz, 33 anos, de Ponta Grossa - PR. Ele é o proprietário do K2 Agro, grupo que soma 7 fazendas focadas na produção e ultrapassa as 30 mil toneladas de grãos por ano, como soja, milho, trigo, aveia e feijão.
Apesar de jovem, ele já tem muita experiência na produção agrícola. O produtor começou a trabalhar diretamente no campo em 2008, depois de se formar em agronomia, com apenas 21 anos. De origem familiar, a produção da K2 Agro teve início no começo dos anos 1980 com o pai de Cássio, Celso Macedo Kossatz, em uma área de 80 hectares. Atualmente, no entanto, o grupo já soma 3,6 mil hectares divididos entre as cidades de Ponta Grossa, Ipiranga e Tibagi, todas no Paraná.
Confira os principais trechos da entrevista sobre sustentabilidade com Cássio Kossatz:
O sustentabilidade ambiental é uma preocupação que nós temos e o agricultor, diretamente inserido nesse contexto, entende a relevância do assunto uma vez que tem ciência que depende exclusivamente da terra para alimentar todas as pessoas do mundo, bem como, muitas vezes, tem na lavoura a única fonte de sustento da sua própria família, mas também está atento a questão da utilização responsável da sua área.
É uma troca: tendo uma área bem tratada com o uso sustentável do solo, a terra fica mais fértil e é possível produzir mais. Mas, para isso, é necessário conciliar os tratos culturais do campo, com a preservação do meio ambiente através de práticas sustentáveis e cuidados com os recursos naturais não renováveis, como água, o solo e a biodiversidade local, por exemplo.
Em um primeiro momento, para alguns pode soar contraditório o fato de utilizar a terra para produção e, ao mesmo tempo, ser sustentável. Mas isso é totalmente possível, uma vez que o fato de trabalhar com práticas mais sustentáveis, além de inferir diretamente na questão ecológica, também viabiliza maiores níveis de produtividade e lucratividade ao produtor.
Cássio explora mais o tema a seguir:
Há mais de 10 anos, nós comprávamos adubo orgânico para fazer a fertilização da propriedade. Foi então que a Confederação das Indústrias de Ponta Grossa ofereceu a possibilidade de recolhermos a cama de frango, subproduto de aves gerado a partir da serragem da defecação dos animais. Esse resíduo conta com altos teores de nutrientes que são positivos para a sustentabilidade na agricultura. Até então, todo o material era descartado como lixo pelas indústrias alimentícia e cervejeira locais, mas era possível ser reaproveitado.
Nós utilizamos esse material em alguns pontos onde a qualidade do solo é inferior ou em áreas onde a capacidade de absorção de nutrientes é abaixo do esperado. Depois que passamos a adicionar essa matéria orgânica, além de contribuir com a questão de descarte de resíduos na região, observamos grandes ganhos de produtividade.
Para nós, apesar de ser mais volumoso, é uma fonte de adubação com um custo muito menor e se encaixa justamente nesse aspecto da sustentabilidade no campo.
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Além do foco em preservação e conservação, a sustentabilidade na lavoura traz ganhos à sua fazenda. Por ano, usamos mais de 18 mil toneladas de composto orgânico.
Desde 2012, a nossa produção de grãos cresceu cerca de 20%, mas usamos a mesma quantidade de fertilizantes químicos. Ou seja: nós não deixamos de usar o adubo químico, mas não foi necessário aumentar a quantidade. E isso só foi possível através da complementação com o adubo orgânico gerado via compostagem, aliado a fatores como uso de tecnologias e técnicas de manejo mais eficientes.
Os benefícios através desse processo de práticas sustentáveis são claros: a minha produtividade média é de 4,5 toneladas por hectare. Entretanto, em algumas áreas com menor fertilidade esse nível era menor, de cerca de 2 toneladas por hectare. Na última safra, a média de produtividade ficou entre 3,8 a 4,2 toneladas por hectare. Ainda não está dentro da média, mas já melhorou bastante. Esperamos seguir nesse caminho.
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A grande quantidade de informações geradas no campo é fundamental para o patamar de produtividade atual que a agricultura brasileira atingiu. Mas só isso não basta, é preciso entender em profundidade os dados da fazenda. Por exemplo: antes o manejo, seja com defensivos ou de adubação, era realizado com o olhar homogêneo, tratando 100% da área da mesma maneira. Agora, o processo é diferente.
Com a evolução da tecnologia e o crescimento do agronegócio sustentável, o uso de mapas acurados e uma boa gestão da área, é possível destinar insumos e fazer o manejo apenas nas áreas que apresentam algum problema ou necessidade. O processo de olhar para cada talhão de forma independente, gera eficiência em diversos aspectos da produção, como a não utilização de defensivos químicos de forma desnecessária, a redução do uso de maquinário e consequentemente menor uso de combustível, acarretando em níveis mais baixos de poluição e a utilização otimizada da água.
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No caso do FieldView™, ao identificar uma variabilidade (coloração avermelhada no mapa gerado pelo Diagnóstico FieldView™) no meu talhão, eu posso investigar se há algum problema na área indicada e pensar na melhor forma de resolvê-lo. Se for a incidência de pragas por exemplo, eu consigo aplicar um inseticida de forma direcionada para aquele talhão, evitando a pulverização onde não for necessário.
Agora, se o meu problema for produtividade, eu verifico ao final da safra o mapa de adubação junto com o mapa de produtividade e entendo onde colocar o adubo orgânico ou químico, gerando uma economia de recursos. A minha aplicação nunca é padronizada, ela varia de acordo com as áreas que precisam de maior correção. A tecnologia é e continuará a ser a maior parceira do produtor rumo a agricultura do futuro.
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