A evolução da agricultura digital está atrelada a leitura das necessidades do negócio dos produtores rurais ao longo das safras
Produtor de milho na agricultura
O produtor brasileiro sabe a importância do seu negócio para a agricultura mundial. Anualmente, surgem conceitos e ferramentas com o objetivo de trazer um novo patamar de produtividade às lavouras de todo país. No entanto, diante de tantas opções, quais as ferramentas atendem, de fato, às particularidades do negócio de cada agricultor? Como aplicá-las de forma assertiva em cada safra fazendo com que haja continuidade da liderança do Brasil no ranking mundial de produtores de grãos? Como essas ferramentas são desenvolvidas para oferecer essas facilidades à rotina dos empresários rurais?
Há alguns anos, a Climate FieldView™, plataforma de agricultura digital da Bayer, teve início como uma dessas empresas inovadoras de tecnologia no lugar considerado o berço da criação de startups: o Vale do Silício, na Califórnia (EUA). Antes de ser lançada, uma série de fatores e etapas foram importantes para o seu desenvolvimento, como a realização de pesquisas e análises de mercado e a dedicação de um time de desenvolvedores e profissionais em contato direto com os produtores no campo.
As etapas para o desenvolvimento de uma ferramenta na Climate
Etapa 1 - Entendendo as necessidades dos agricultores
Antes de pensar em desenvolver algo, se faz necessário entender a realidade dos agricultores, olhando a fundo para os desafios, incertezas e riscos que a agricultura apresenta. Somente então, após uma pesquisa e análise criteriosas aliadas a um estudo de viabilidade econômica social, disponibilidade de recursos e escalabilidade, é que se inicia um mergulho no desenvolvimento de um produto – o que pode demorar meses ou até anos.
O desenvolvimento de um produto pode partir do zero, ou, caso ele já esteja disponível, é aprimorado por meio de atualizações de suas funcionalidades. Para ilustrar todo esse processo, vamos contar como foi, por exemplo, a elaboração de uma das funções do FieldView™, no caso, as Prescrições FieldView™.
A primeira etapa é uma pesquisa feita a campo, onde são identificadas as necessidades dos produtores. Para este caso, ficou claro que auxiliar na definição da população de sementes de milho é de muita valia para os agricultores, uma vez que isso pode impactar diretamente no aumento da produtividade e na redução de custos com a semente. A definição da taxa de semeadura ideal em cada área é bastante complexa e geralmente é definida por meio de aproximações pela média e estimativas baseadas em conhecimento empírico dos talhões. Os produtores precisavam de mais assertividade no número de sementes plantadas por metro linear.
"Não é fácil definir a taxa a nível de sub-talhão. Isso tudo exige análise de solo, consultorias em agricultura de precisão e equipamentos específicos de plantio em taxa variável", explica Yan Tosta, Gerente de Produto da Climate.
Neste contexto, a Climate se preocupou, então, em integrar e personalizar as informações históricas dos produtores. Ela facilitou o acesso às prescrições via única função que poderia ser acessada em aplicativo no tablet, ou celular. Para isso, contou e conta com profissionais da empresa que desenvolvem diferentes soluções agronômicas para variados casos. Os produtores passaram a ter as suas recomendações de taxa variável e outras informações direto em seus dispositivos, tudo em uma só função, facilitando a rotina do seu negócio.
Saiba mais: Entenda a eficiência do plantio em taxa variável
Etapa 2 - Desenvolvendo um novo produto
Depois de entender e definir qual necessidade do produtor será atendida, nesse segundo estágio, o foco vai para o desenvolvimento da ferramenta em si e nos testes, ou provas de conceito, com diversos grupos de produtores. Não foi diferente para a elaboração das Prescrições FieldView™.
O time da Climate foi a campo para conversar e fazer pesquisas de mercado para entender as necessidades e expectativas particulares dos produtores com diferentes necessidades em suas lavouras. Com as informações em mãos, foram realizadas rodadas de discussões internas com agrônomos e engenheiros altamente capacitados, analisando cada ponto, para chegar a um protótipo.
A proposta para tentar atender ao que foi solicitado pelos agricultores era correlacionar os dados de safras anteriores à quantidade de sementes, fertilizantes e defensivos utilizadas em determinado período. A partir desta correlação, por meio de inteligência artificial, foram acrescentadas à plataforma informações sobre o desenvolvimento do milho nos campos e o histórico de produtividade das áreas cultivadas.
Importante lembrar, que o objetivo era lançar uma nova função à plataforma que auxiliasse o agricultor a otimizar a quantidade de sementes utilizadas no plantio e, consequentemente, mostrasse o real potencial de cada área da fazenda, uma vez que o híbrido estaria em um ambiente propício ao seu desenvolvimento pleno.
Mapa de prescrição de sementes de milho criada pela plataforma Climate FieldView™
Com a proposta da nova função desenhada, o passo seguinte é a criação de uma interface simples e de fácil manuseio para o protótipo. Aqui entra o trabalho do designer, que leva em conta, por exemplo, as diferentes habilidades dos agricultores em manusear uma nova tecnologia. Desenhada a “imagem” da nova ferramenta e validada pelo time de produto, começam os testes com os produtores na lavoura, onde é entendido se a “mágica” realmente acontece.
Após a primeira prova de conceito, alguns produtores ficam satisfeitos com o protótipo das Prescrições FieldView™, mas outros apresentaram pontos que precisam ser melhorados. Essas avaliações são discutidas novamente pela equipe, que aprimora o protótipo já existente. A ideia é que em uma nova rodada de testes, a maior parte dos produtores estejam satisfeitos com as melhorias apresentadas.
Terminada essa etapa, é hora dos engenheiros trabalharem para a elaboração da funcionalidade oficial.
Saiba mais: A diferença entre agricultura de precisão e agricultura digital
Etapa 3 - Estágio final de construção
Nesta última etapa, que é o momento da construção, os engenheiros usam disciplinas de ciência da computação. Ele inclui, em forma de código e algoritmos, todos os itens necessários para o funcionamento da nova ferramenta, como um mapa com diferentes colorações indicando a aplicação de um insumo em taxa variável, por exemplo.
Da mesma maneira que nas outras etapas do processo,é importante que a fase final tenha a participação do agricultor e sua experiência como usuário. Desta forma, ele avalia se a nova plataforma atingiu o objetivo proposto para a lavoura, ou não. Eficácia comprovada, o conceito se torna, de fato, um produto e é então lançado no mercado.
Funções Futuras
Posteriormente, novas funções podem ser desenvolvidas e implementadas pela Climate no FieldView™. O processo para as atualizações é o mesmo do inicial: estudos de mercado, conversas com os agricultores e discussões internas entre as diferentes áreas da companhia sobre as necessidades reais nas propriedades rurais.
Foi dessa maneira que foram desenvolvidas ferramentas/funcionalidades na plataforma como a geração de mapas de plantio, pulverização e colheita pelo FieldView™ Drive, a possibilidade de fazer marcações georreferenciadas na lavoura ao nível de sub-talhão e o envio de notificações que avisam o produtor em caso de alguma variabilidade no desenvolvimento da sua área, entre outras coisas.
Todas essas ferramentas e recursos visam o acompanhamento mais preciso da operação no campo, já que a elaboração de uma nova ideia está sempre pautada em facilitar a vida do agricultor: seja para otimizar recursos, diminuir o impacto do processo produtivo sobre o solo ou aumentar a sua produtividade de maneira sustentável.
Quer ficar por dentro do que a agricultura digital pode fazer por você?