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Escopo 3 na agricultura: o impacto e como reduzir

Escrito por Equipe FieldView™ | 25/01/2024 13:41:53

O Escopo 3 se refere as emissões indiretas produzidas ao longo da cadeira produtiva e que não estão relacionadas a compra e consumo de energia.

Agricultura digital melhora a gestão da lavoura 

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O Escopo 3 é uma das categorias de emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE). Essa categoria engloba as chamadas emissões indiretas, ou seja, emissões que não são controladas diretamente pela empresa.

O cálculo desse escopo é importante para a elaboração do inventário de GEE, ferramenta que permite o mapeamento das emissões de gases e até a obtenção de certificações ambientais.

Na agricultura, esse cálculo considera emissões relacionadas a produção de insumos, mudanças no uso do solo, descarte inadequado de resíduos, entre outras práticas.

Para calcular o escopo na cadeira produtiva agrícola, o produtor deve seguir as diretrizes do Programa Brasileiro GHG Protocol, que até disponibiliza ferramentas de cálculo com essa finalidade.

Ao identificar as principais fontes de emissão indireta relacionados a sua propriedade, o produtor deve adotar estratégias para reduzir esse problema, como as práticas associadas a agricultura sustentável que promovam o sequestro de carbono.

Boa leitura!

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O setor agrícola tem um grande desafio pela frente: adotar estratégias capazes de reduzir as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE). 

Segundo o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), a agropecuária emitiu mais 1,7 bilhão de toneladas de gás carbônico apenas em 2022, considerando o uso de terras e florestas para as suas atividades. 

Isso significa que o setor foi responsável por mais 70% das emissões de carbono no país em 2022.

Esse dado demonstra que a agropecuária tem potencial para assumir o papel de protagonista na luta para reduzir a emissão de GEE no Brasil. Afinal, reduzindo as emissões da agricultura, é possível diminuir significativamente as emissões registradas pelo país. 

Mesmo que a agricultura não tenha entrado na lei que regula o mercado de carbono no país, os produtores ainda podem contribuir para a redução de GEE e ainda se beneficiar com isso. 

Para isso, eles podem adotar práticas como a criação de inventários de GEE, documentos que auxiliam no monitoramento das emissões de carbono. Esses inventários são organizados em três escopos, sendo que o Escopo 3 é o mais complexo.

Neste artigo, explicaremos a importância desses documentos para agricultura, como calcular as emissões do Escopo 3 e o que fazer para reduzi-las.

O que é inventário de GEE?

Mapas apoiam o produtor rural na gestão da lavoura

O inventário de GEE é uma ferramenta utilizada para mapear as fontes de emissões de Gases de Efeito Estufa de uma empresa. Além desse mapeamento, esse inventário também visa quantificar, monitorar e registrar essas emissões. 

Normalmente, ele é organizado em três escopos distintos. Conhecidos como Escopo 1, 2 e 3, eles são divididos com base nas categorias de emissões de GEE estabelecidas pelo Greenhouse Gas Protocol, também conhecido como GHG Protocol.

O Escopo 1 se refere às emissões diretas de GEE. Isso significa que ele considera apenas as emissões que ocorrem a partir de fontes controladas pela própria organização, como emissões de combustíveis queimados nos veículos da própria empresa.

Já o Escopo 2 se refere as emissões indiretas de GEE, resultantes da aquisição e consumo de energia elétrica e térmica por uma empresa. 

O Escopo 3 envolve os outros tipos de emissões indiretas que não são abordadas pelo escopo anterior. 

Ou seja, elas são consequências das atividades da empresa, mas que não são necessariamente controladas por elas. Por exemplo, as emissões relacionadas a aquisição de matéria-prima e logística de distribuição de produtos.

Ao contrário dos Escopo 1 e 2 — considerados mais fáceis de medir e controlar — o Escopo 3 pode ser mais desafiador de quantificar e gerenciar. Afinal, ele envolve uma ampla gama de emissões que ocorre ao longo de uma cadeia produtiva. 

Apesar disso, as emissões do Escopo 3 não podem ser ignoradas ou subestimadas, uma vez que elas podem representar uma porção significativa das emissões de uma empresa.

O que é o Escopo 3 na agricultura? 

O Escopo 3 na agricultura se refere a categoria de emissões abordada no inventário do GEE, explicado anteriormente. Em outras palavras, ele envolve as emissões indiretas associadas às atividades agrícolas, mas que não estão ligadas a compra e consumo de energia. 

No agro, quantificar essas emissões é um desafio por conta da complexidade da cadeia produtiva agrícola, mas isso não é impossível. Na verdade, fazer essa medição é fundamental para o produtor entender como está a emissão de GEE na sua fazenda. 

Afinal, medir esses parâmetros permite a identificação oportunidades de redução de emissões de carbono. Dessa forma, fica mais fácil definir quais as melhores estratégias para diminuir essas emissões e tornar a produção mais eficiente. 

Após implementar essas estratégias, o produtor consegue comprovar que está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, medida necessária para a obtenção de certificações internacionais e vendas de crédito no mercado de carbono.

Tipos de emissões indiretas na cadeia produtiva agrícola

Soja cultivada sobre a palha

As emissões indiretas na agricultura podem ocorrer em várias etapas da cadeia produtiva agrícola, desde a produção de insumos até o consumo final do produto. 

Confira abaixo exemplos de fases em que esse tipo de emissão é geralmente registrado:

  • Produção e transporte de insumos agrícolas, como fertilizantes e pesticidas;
  • Mudanças no uso do solo, como desmatamento, conversão de florestas em áreas agrícolas e drenagem de áreas úmidas;
  • Transporte de produtos agrícolas ao longo da cadeia de abastecimento, desde a fazenda até os centros de processamento, distribuição e varejo;
  • Processamento, embalagem e armazenamento de produtos agrícolas;
  • Descarte inadequado de resíduos agrícolas.

Como calcular as emissões do escopo 3 na agricultura?

No Brasil, o cálculo das emissões dos Escopos 1,2 e 3 deve seguir as diretrizes estabelecidas pelo Programa Brasileiro GHG Protocol. 

Esse programa é responsável por adaptar o método GHG Protocol ao contexto brasileiro e por desenvolver ferramentas de cálculo que considerem ele. Os participantes desse programa ainda recebem todo o apoio necessário para elaborar inventários completos de GEE. 

De acordo com os princípios desse programa, o cálculo das emissões do Escopo 3 deve ser realizada em pelo menos quatro passos. Entenda cada um deles a seguir.

1. Identifique as fontes de emissão de GEE

O primeiro passo para fazer esse cálculo é identificar todas as fontes potenciais de emissões de GEE na cadeia produtiva agrícola. Conforme explicado, isso pode incluir a produção de insumos, transporte de produtos, processamento, gestão de resíduos, entre outras fontes.

2. Escolha uma metodologia de cálculo

Existem várias metodologias de cálculo e de fatores de emissão que podem ser utilizadas para elaborar o Escopo 3. Por isso, o produtor deve escolher qual delas utilizar antes de seguir para os próximos passos. 

O ideal é escolher a metodologia que oferece maior precisão de cálculo para análise da fonte emissão. Além disso, esse método deve estar alinhado aos princípios e objetivos do Programa Brasileiro GHG Protocol.

3. Colete os dados

O próximo passo é coletar os dados de emissão de cada atividade identificada anteriormente.  Essas informações devem ser coletadas preferencialmente a partir das fontes dessas atividades ou dos locais em que estiverem disponíveis.

Nesta etapa, pode ser necessário trabalhar com fornecedores e parceiros da cadeia de produção para obter dados precisos.

4. Utilize uma ferramenta de cálculo

A forma mais fácil de realizar esse processo é utilizar uma ferramenta de cálculo online. O Programa Brasileiro GHG Protocol oferece várias opções de ferramentas para essa finalidade. Cada uma delas acompanha explicações passo a passo que tornam seu uso mais fácil e intuitivo. 

Lembrando que o uso das ferramentas desse programa é opcional. O produtor pode utilizar outros instrumentos e metodologias próprias para realizar esse cálculo. No entanto, é importante se certificar de que eles estão em conformidade com o GHG Protocol Corporate Standard.

Como reduzir as emissões indiretas na agricultura?

Pantio de trigo em cima do nabo Grupo RorattoRS - Crédito da foto Lucas Roratto 

Após o cálculo de emissões do Escopo 3, será possível identificar quais pontos da cadeia produtiva agrícola precisam emitir menos GEE. Com base nessas informações, o produtor pode escolher diferentes estratégias para alcançar suas metas de redução de gases. 

Essas estratégias variam de acordo com a atividade produtora, sendo que elas podem ser combinadas para potencializar seus resultados. 

Em geral, essas práticas estão relacionadas a agricultura sustentável e promovem o sequestro de carbono. Confira abaixo alguns exemplos dessas estratégias:

Vale lembrar que é mais fácil definir e adotar esse tipo de estratégia com o apoio de iniciativas como o programa PRO Carbono. Essa iniciativa ajuda o produtor a aumentar o sequestro de carbono ao longo da cadeira produtiva agrícola. 

Para isso, ele é incentivado a adotar tecnologias como o Climate FieldView, plataforma digital da Bayer

Essa ferramenta combina ciência de dados e inteligência artificial para ajudar o produtor a levantar dados precisos sobre a produção. Dessa forma, fica mais fácil identificar as fontes de emissão de GEE na fazenda.

Veja como o Climate FieldView ajuda a tornar sua produção mais sustentável!