Déficit hídrico dificulta o desenvolvimento da soja, ainda pequena: o chão rachado comprova a severidade da seca no Sul do Brasil
Duas expressões em espanhol já são bem conhecidas dos produtores agrícolas do Brasil: o El Niño e a La Ninã. São dois fenômenos climáticos provocados por alterações da temperatura das águas do Oceano Pacífico e que podem afetar a temperatura e o clima de várias regiões do mundo.
O El Niño é resultado do aquecimento acima da média histórica das águas da superfície do Pacífico. Já o La Niña é resultado do resfriamento anormal das águas deste oceano, o que altera a distribuição de calor e umidade entre várias regiões do planeta.
Como as condições climáticas são relevantes para a agricultura, estes dois fenômenos podem ter grande influência (positiva e negativa) sobre as diferentes atividades agrícolas. Um aliado para o produtor pode ser a agricultura digital, permitindo que se prepare melhor para lidar com as oscilações do clima.
Boa leitura!
O Oceano Pacífico está longe do Brasil, mas a temperatura de suas águas está diretamente ligada a fenômenos climáticos que afetam a vida de moradores do país, além de diferentes regiões do mundo: o El Niño e a La Ninã.
Provocam mudanças drásticas do clima, o que pode ter impacto negativo, ou às vezes até positivo, tanto para quem mora nas zonas urbanas, como para os agricultores. Isso porque o El Niño e a La Niña causam consequências como: alteração no padrão de chuvas, estiagens severas e resultam em temperaturas altas ou amenas.
As lavouras dos produtores brasileiros, cada vez mais, têm sido diretamente afetadas pelas consequências destes fenômenos.
Neste artigo, entenda o que são o El Niño e a La Niña, seus impactos na produção agrícola e como a agricultura digital pode apoiar o produtor.
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Agricultor caminha entre os talhões do milharal, já bem desenvolvido, para dimensionar as consequências da seca sobre a produtividade da lavoura
O El Niño é um fenômeno não periódico (que acontece sem previsões), marcado pelo enfraquecimento dos ventos alísios, que sopram dos trópicos em direção à Linha do Equador, sendo responsáveis por carregar calor e umidade em direção às áreas equatoriais.
Com este enfraquecimento, segundo o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), ocorre o aquecimento anormal (acima da média histórica) da superfície do Oceano Pacífico - geralmente próxima ao litoral do Peru, onde geralmente as águas são frias. Este efeito também é chamado de “aquecimento do Pacífico”.
Por mais que o Brasil não seja banhado por este oceano, esta alteração da temperatura de suas águas gera grandes mudanças ao clima de diferentes regiões do país. Entre as alterações climáticas, podemos mencionar:
O El Niño acontece, normalmente, entre outubro e março. Porém, este período pode atrasar ou adiantar. Segundo alguns especialistas, ocorre duas vezes a cada dez anos e dura 18 meses.
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E não é só o Brasil que enfrenta as consequências do El Niño. Em diferentes países, como EUA e Austrália, também se sente fortes alterações climáticas causadas pelo fenômeno, como:
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A La Niña é resultado do resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico por causa do aumento da força dos ventos alísios, fazendo com que grandes densidades de água quente sejam empurradas para o Leste da Austrália.
Isso altera a distribuição de calor e umidade entre várias partes do planeta, intensificando as chuvas na Amazônia e acarretando temperaturas mais baixas na América do Norte, por exemplo.
A La Niña é um fenômeno que tem menor periodicidade que o El Niño e tem duração média de um ano. Historicamente, ocorre com intervalos entre 2 e 7 anos.
As consequências comuns da La Niña no Brasil são os seguintes:
Milho, ainda pequeno, tenta sobreviver na estiagem; o sol forte e a seca chegam a rachar o solo
O El Niño e a La Niña causam grandes impactos na agricultura em várias regiões do mundo, inclusive no Brasil. Com as mudanças na temperatura ou na incidência de chuvas, as lavouras podem ser prejudicadas ou até, em alguns casos, beneficiadas.
No ano de 2021, por exemplo, o fenômeno La Niña se formou, afetando o agronegócio brasileiro. Assim, diferentes cultivos do Sul e Sudeste do país sofreram com a ausência de chuva.
Sempre que a La Niña afeta o Sul e o Sudeste, uma das culturas mais afetadas é a soja. Com a estiagem, a semeadura se atrasa, prolongando e dificultando o ciclo de formação da lavoura e atrasando a colheita dos grãos.
Isso tende a prejudicar o desenvolvimento das plantas e derrubar a produtividade com a oleaginosa, além de atrasar o cronograma do milho safrinha.
Sojicultor observa o impacto da seca sobre o desenvolvimento da lavoura de soja
Já nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, os efeitos do La Niña na agricultura não têm nada a ver com a seca.
O alto índice de chuva, mesmo que seja benéfico para as regiões semiáridas, causa constantes inundações na Amazônia e podem provocar perdas em áreas agrícolas por conta da intensa precipitação.
Vale destacar ainda que chuvas com volume acima da média, principalmente quando ocorrem em períodos diferentes do habitual, podem afetar o ciclo normal da safra e dificultar a colheita. Além disso, criam ambiente propício para a proliferação de algumas doenças e pragas.
Produtor caminha na lavoura de milho, ainda pequeno, para avaliar os estragos do alagamento da área, causado por fortes chuvas
No caso do El Niño, as constantes chuvas (acima da média) que ocorrem nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste podem alagar lavouras e causar sérios prejuízos.
Já no Norte e Nordeste, a seca e temperaturas acima do normal podem causar grandes perdas de produtividade em diferentes culturas.
Os produtores rurais precisam ficar atentos aos impactos desses fenômenos em sua região, adaptando suas práticas de cultivo, como épocas de plantio e colheita, uso de variedades adaptadas à seca etc. Ao contrário, podem contabilizar grandes perdas causadas pelas mudanças climáticas ao fim da safra.
+ RADAR METEOROLÓGICO: Verifique a previsão climática e o acumulado de chuvas de graça
Quando o El Niño acontece, a temperatura do Oceano Pacífico sobe consideravelmente, ao ponto de causar evaporação e formar nuvens de chuva. Isso faz com que a circulação atmosférica se altere, afetando diretamente os padrões de clima e de temperatura de diferentes lugares do mundo.
No caso da La Niña, os fortes ventos esfriam grande parte do Oceano Atlântico, o que tende a provocar uma “bagunça” nos padrões de circulação atmosférica sobre as Américas, uma vez que são afetadas bruscamente as temperaturas de diferentes regiões.
Essas mudanças climáticas impactam a agricultura em todo o Brasil, incluindo culturas de grande importância econômica, como grãos e cana-de-açúcar. Por isso, entender esses fenômenos é, cada vez mais, decisivo para se adotar estratégias de convivência e que visem minimizar as consequências desses fenômenos sobre a lavoura.
A ciência ainda tem dificuldade de prever quando o El Niño e a La Niña irão ocorrer. Mas a tecnologia 4.0 pode oferecer importantes ferramentas para o produtor minimizar as suas consequências.
Dentre os aplicativos para agricultura que o agricultor tem à disposição, ele pode utilizar a funcionalidade Radar Meteorológico, da plataforma de agricultura digital Climate FieldViewTM, da Bayer.
O Radar Meteorológico disponibiliza a previsão de chuva para as próximas 6h e também indica o acumulado da precipitação das últimas 24h em determinada região.
Com esses recursos à disposição, a previsão meteorológica se torna uma aliada para a tomada de decisões mais assertivas, apoiando o agricultor a adotar as melhores ações em cada momento da cultura e para cada região da fazenda.
Desta forma, mesmo com a estiagem causada pela La Ninã no Sul do Brasil, o produtor pode, por exemplo, saber antecipadamente se cairá chuva suficiente na fazenda para fazer o plantio de uma área, ou se corre o risco de fazer uma semeadura no seco.
Radar Meteorológico acompanha a probabilidade de chuvas nas próximas 4 horas em área de teste de soja em que foi aplicado o fungicida Fox XPro: se este defensivo é aplicado e poucas horas depois ocorre uma precipitação, todo o produto é perdido
Já no Centro-Oeste, durante um período de muitas chuvas trazidas pelo El Niño, o Radar Meteorológico permite identificar o momento certo de fazer a pulverização de uma área infestada por pragas, por exemplo, e sem o perigo de, logo após a operação, cair uma chuva e carregar todo o defensivo que for aplicado.
Ao detectar com antecedência a probabilidade de chuvas, é possível ainda avaliar se vale a pena mobilizar máquinas e operadores para realizar determinada operação na lavoura, considerando que as precipitações podem impedir a trafegabilidade na área.
O uso de diferentes tecnologias é uma solução eficiente para ajudar o agricultor a conviver com a complexidade das oscilações climáticas.
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