Por meio de correlações entre mapas de produtividade e análise de solo gerados pelo FieldView™, a Fazenda Maringá, do Grupo Ouro Verde, identificou que poderia explorar melhor a capacidade produtiva de sua lavoura
Evolução do mapa de produtividade após a correção realizada na área de 60 ha da Fazenda Maringá, do Grupo Ouro Verde
Falamos, no post passado, que uma área fértil é aquela cujo equilíbrio das bases no solo atendam às expectativas das plantas cultivadas, a fim de manter a maior capacidade de troca possível entre os nutrientes e a solução ali presente. Explicamos, também, que a maioria dos solos brasileiros, por ser relativamente muito intemperizado, é, consequentemente, ácido, o que exige uma constante verificação da necessidade de correção do pH para que haja um desenvolvimento sustentável da lavoura. Neste post, traremos um caso real sobre a importância de entender todos os fatores que podem comprometer a produtividade e o desenvolvimento da lavoura, em que as análises de solo foram um fator preponderante para o alcance de melhores tetos produtivos.
Em uma das unidades da Fazenda Maringá, do Grupo Ouro Verde, em Primavera do Leste (MT), na safra de soja 2017/2018, Gilberto Dorneles, agrônomo responsável pela área de produção da empresa, verificou, junto ao time da Climate, plataforma de agricultura digital da Bayer, que um dos mapas de produtividade gerado pelo Fieldview™ indicava manchas que variavam de tons dentro das escalas de cores verde, amarelo a vermelho. “Este indicador apontava as zonas de alta e baixa produtividade em, aproximadamente, 60 hectares de soja, onde alguns talhões dessa área produziam 55 sc/ha, outros produziam apenas 20 sc/ha.”
Naquele momento, Gilberto, que fazia a calagem (aplicação de calcário) com taxa fixa esporadicamente, entendeu a necessidade de avaliar o que estava acontecendo em cada ponto daqueles talhões indicados no mapa e resolveu fazer a coleta de solo para posterior análise em grids, ou grades. “Utilizamos o mapa gerado através da funcionalidade Diagnóstico FieldView™, para direcionar onde deveriam ser realizadas as coletas de solo. O resultado apontado pelo laboratório foi a carência de cálcio naquelas áreas em que indicavam uma variabilidade de acordo com as cores indicadas no mapa gerado. Precisaríamos fazer, então, as correções por taxa variável, pois cada uma das zonas indicava uma carência específica do macronutriente”, conta Gilberto.
Após as aplicações para correções de deficiência de cálcio nas áreas, o time da Ouro Verde importou os dados da análise de solo georreferenciada para o Fieldview™, gerando mais uma camada de informações. Em 2019, a correção na Fazenda Ouro Verde já começava a fazer o efeito desejado no solo, do ponto de vista da correção pontual, ou por zonas de manejo. A produtividade média saiu de 39 sc/ha em 2018 para 42 sc/ha em 2019. Em 2020, a área passou a ter uma produtividade média na casa dos 50 sc/ha de soja.
“É muito importante que os colegas produtores saibam utilizar as camadas de dados geradas pelo Fieldview™. Não adianta você utilizar apenas uma das funcionalidades, integrá-las trará um melhor resultado para o negócio. Por meio dos mapas que geramos, conseguimos saber, posteriormente, se está, ou não, sendo eficiente a aplicação de calcário nas áreas onde havíamos detectado deficiência”, defende Gilberto. “Outro ponto é que percebemos que, por meio da taxa fixa, estávamos aplicando calcário onde não era necessário. Essa aplicação também acaba modificando quimicamente a área, além de aumentar o gasto com mais recursos”, considera o produtor.
“Em excesso, até água faz mal”, ilustra Guilherme Buck, engenheiro agrônomo da área de desenvolvimento de mercado da Bayer. “Calagem em excesso pode elevar o pH para teores até mesmo indesejados no solo, dificultando, posteriormente, a absorção de micronutrientes pela planta”, explica Buck. “Se você aplicar o calcário onde o pH já estava inicialmente ajustado por conta de desconhecimento das zonas de manejo, você pode estar promovendo uma ação oxidativa dos micronutrientes, tal qual as plantas não são capazes de absorverem, como, por exemplo, pode promover a oxidação do zinco, cobre e manganês às formas não absorvíveis, ou seja, de Zn++, Cu++ e Mn++ à ZnO, CuO e MnO, respectivamente, sendo que, nessas formas oxidadas, as plantas não conseguem absorvê-los”, exemplifica o engenheiro agrônomo.
Apenas recordando e enfatizando, além da forte preocupação com os nutrientes, nitrogênio, fósforo, enxofre e os micronutrientes na adubação, é necessário levar em conta o melhor ajuste possível no equilíbrio das bases, relativos ao cálcio, magnésio e potássio. Quando o solo não possui o equilíbrio desejado entre tais nutrientes, as plantas passam a absorver aqueles elementos que estiverem disponíveis na condição de reserva, “mineralizando” o solo, com isso, a questão do equilíbrio pode se agravar em relação à condição inicial, onde a consequência pode ser acarretada nos anos posteriores. “A planta é quem vai dizer como está a real condição do solo naquele local, por isso, é indispensável o mapa de desenvolvimento vegetativo e, principalmente, os mapas de colheita”, reforça Buck.
A Fazenda Maringá vem obtendo sucesso também por meio da funcionalidade “Prescrições Manuais de Fertilizantes”, que permite ao produtor desenhar facilmente as áreas onde deverão ocorrer as aplicações de corretivos e fertilizantes por taxa variável em seus talhões. Com os resultados das safras passadas em mãos, o produtor pode direcionar suas análises de solo e fazer correções em áreas específicas. Lembrando, ainda, que os mapas criados podem ser transportados facilmente para as máquinas.
“Este ano, vamos fazer novamente a análise de solo para verificar como respondeu a última correção e se há necessidade de complementar algo. É cruzando os mapas, por meio das correlações, que chegamos a essas conclusões”, reforça Gilberto Dorneles.
Para Guilherme Buck, é fundamental buscar um laboratório de confiança, certificado, para a realização das coletas e análises de solo. “De preferência, o produtor deve manter sempre o serviço junto a uma mesma empresa para lidar melhor com as variabilidades das análises, desde coleta de solo, época da coleta, coletor e laboratório certificado”, Buck dá a dica. “As análises de solo permitirão um investimento mais assertivo dos produtores em fertilizantes e corretivos”, reforça o agrônomo. “A agricultura 4.0 permite que o produtor invista o seu dinheiro de uma forma mais eficaz”, encerra.
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