A presença feminina se estende por todas as áreas do agronegócio brasileiro, contribuindo para a evolução do setor; uma inspiração para outras mulheres trilharem o mesmo caminho
Mulheres estão em todas as áreas do setor agrícola
As mulheres estão cada vez mais presentes em todos os elos da cadeia do agronegócio: na gestão da lavoura, consultoria técnica, no mundo acadêmico e em segmentos como marketing, vendas, gerenciamento de produto, liderança, entre tantos outros.
Conheça, no decorrer desse texto, a história de 15 mulheres entre produtoras rurais e colaboradoras do time da Climate FieldView™ e da Bayer, que trabalham em diferentes áreas e mostram porque elas são cada vez mais protagonistas na agricultura brasileira.
CONFIRA: Com competência e conhecimento, as mulheres conquistam espaço na agricultura brasileira
No Censo Agropecuário de 2017, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) identificou 947 mil mulheres responsáveis pela gestão de propriedades rurais, de um universo de 5,07 milhões.
Esses dados mostram que o país tinha 13% mais mulheres produtoras em 2017 do que no último censo, em 2006.
Apesar dos desafios que persistem, esse é apenas um exemplo do quanto a presença feminina cresce na agricultura brasileira - um segmento em que os cargos foram usualmente ocupados pela figura masculina.
Nessa linha, cada vez mais, as mulheres têm papel importante na evolução da lavoura e de toda cadeia do agronegócio e conforme a representatividade feminina ganha força, outras mulheres se inspiram a também buscarem espaço no setor. Afinal, elas estão onde querem, inclusive no agro.
As mulheres têm papel importante na evolução da lavoura e de toda cadeia do agronegócio
Elas estão presentes em todas as áreas da agricultura. Belo exemplo vem de Rio Verde (GO), onde a engenheira agrônoma Patrícia de Faria Dias gerencia uma das principais sementeiras do Centro-Oeste do país, a Sementes Vitória.
Ela cursou Agronomia na Universidade Federal de Lavras (MG), numa época em que a presença feminina não era tão comum nas turmas como hoje.
A engenheira agrônoma Patrícia Dias, líder técnica da Sementes Vitória
Depois de formada, veio outro desafio: trabalhar no setor. Foi quando se mudou de São Paulo para Rio Verde (GO), onde surgiu a oportunidade de trabalhar na área de nutrição vegetal.
“Vinte anos atrás, se você chegasse para um produtor e falasse que o manganês é um micronutriente importante para a lavoura, riam da nossa cara, ainda mais vindo da boca de uma mulher”, exemplifica.
Patrícia percebe a presença cada vez maior de mulheres atuando no setor agrícola, e em diferentes áreas. “Atualmente, elas já são várias, e vejo que ultimamente vêm ocupando novas vagas que antes eram só ocupadas por homens.”
Da área de nutrição vegetal, Patrícia foi para a Sementes Vitória, onde está há quase seis anos e integra a equipe técnica, que é responsável pela condução de 3.300 hectares de campos próprios.
“Buscamos, cada vez mais, aumentar a eficiência do nosso trabalho para tirarmos, de cada metro quadrado da área, sementes com a máxima qualidade”, diz.
Para obter sempre o melhor resultado da lavoura, Patrícia está sempre muito antenada a dados, gráficos e números.
“Analiso cuidadosamente todos os dados que vêm do campo e os transformo em formas de se agir, sempre visando o melhor desenvolvimento da lavoura.”
CONFIRA ESTA HISTÓRIA NA ÍNTEGRA EM NOSSO PODCAST: Histórias de Sucesso na Agricultura Digital
Outra história de superação vem de Céu Azul, no Oeste do Paraná. De uma tradicional família produtora de soja, milho e trigo, Marcia Piati Bordignon lecionava matemática em uma escola da região.
Seus planos eram de seguir a vida fora da fazenda, como professora. Mas, com o falecimento de seu pai, voltou para a propriedade da família para ajudar sua mãe.
Não foi fácil. Era complicado conseguir funcionários para trabalhar na lavoura. “Não aceitavam receber direcionamentos de mulheres. E ninguém acreditava que daríamos conta do recado.”
Márcia Piati
Mas a dedicação de Márcia provou o contrário. O primeiro passo foi buscar conhecimento: fez cursos de mecânica, plantio direto, uso de insumos e de administração rural. “Preciso estar bem preparada, porque sou eu que tomo as decisões, escolho os insumos da propriedade.”
Não é por acaso que hoje ela é conhecida na região pelos resultados que obtém na condução da lavoura. “Sou parada pelos meus vizinhos para dizer que variedade vou plantar, e qual manejo vou fazer.”
Hoje, Márcia comemora por ter acreditado em sua capacidade para gerir a propriedade da família: “conseguimos aumentar em 40% a capacidade da fazenda”.
CONFIRA TUDO NO EPISÓDIO DE FAZENDAS DIGITAIS: Marcia Piati – Mulheres no Campo e Tecnologia
Vanessa Bomm
Quem também mudou de rota e decidiu se dedicar à agricultura foi a arquiteta Vanessa Bomm, de Palotina (PR). Embora esteja há pouco tempo ajudando os pais a cuidar do negócio da família, já fala com propriedade sobre o assunto.
Acostumada a lidar com o compasso e o esquadro no escritório de arquitetura, ela está tirando de letra a vida de produtora rural. “Para mim, trabalhar no campo é oportunidade de empreender, principalmente porque conto com os ensinamentos do meu pai.”
No entanto, mais do que isso, trabalhar na fazenda tem a ver com cuidar de um legado de família. “É uma história de amor pela terra que quero manter viva”, diz.
Por não ter formação técnica na área, não foi um processo simples. Tem buscado aprender bastante e encontrou um suporte importante para o seu trabalho na gestão da lavoura: a agricultura digital.
“A tecnologia tem contribuído muito para o meu trabalho na gestão da fazenda. Permite que eu tenha visibilidade detalhada da lavoura”, afirma.
Vanessa tem lidado bem com um tema bastante discutido no agronegócio: a sucessão familiar. O planejamento desse processo precisa ser feito desde cedo, trazendo, inclusive, discussão acerca do assunto em conversas familiares.
As próximas gerações precisam estar inteiradas do negócio da família, independente de serem homens ou mulheres, passando inclusive por cursos e treinamentos, dentre outros detalhes. Esse processo Vanessa está tirando de letra.
Do Oeste do Paraná vamos para Primavera do Leste (MT), para conhecer a história da engenheira agrônoma Michele Guizini.
O gosto pelo agro vem da infância, pois cresceu acompanhando o dia a dia da fazenda da família. Paixão que influenciou sua escolha profissional. “É que no campo não tem rotina, é um aprendizado novo a cada dia”, confidencia.
Em sua rotina, Michele acompanha de perto os processos de plantio, pulverização e colheita. Mas concilia o trabalho no campo com outra paixão, as redes sociais.
Ela é agroinfluencer, dedicada a retratar o dia a dia no campo. “Com meus perfis nas redes, o intuito é mostrar a importância da agricultura em nossas vidas, e que lugar de mulher é onde ela quiser, inclusive, na lavoura”, diz a engenheira agrônoma, que tem quase 100 mil seguidores no Instagram.
Nas redes, ela fala sobre diversos assuntos e curiosidades do agro. Aborda desde o preparo de solo, até a comercialização de grãos, além de dar dicas de cursos e eventos para profissionais e acadêmicos.
Logo na apresentação de seu perfil na rede social Instagram, já manda um recado aos visitantes: “Quando o homem do campo é mulher”.
Integrante das novas gerações de engenheiras agrônomas, Michele comemora o fato de hoje as mulheres estarem mais na linha de frente da fazenda e participando ativamente do trabalho na lavoura. Diferente do passado, quando se restringiam aos bastidores.
Um fator que tem propiciado essa mudança, na sua opinião, é a internet. “A mulher que trabalha no campo tem ganhado visibilidade”, diz.
OUÇA PODCAST COM MICHELE GUIZINI E GABRIELA ROMAGNOLI - Mulheres do Agro: quando a representatividade se encontra no campo!
De Norte a Sul do país, um número crescente de profissionais mulheres, de diferentes empresas, põe o pé na estrada para levar ao campo prestação de serviços, novas tecnologias, consultorias e apresentar soluções que apoiam produtores a superar os desafios do campo.
Algumas delas, inclusive, vieram de outras áreas. Jornalista especializada em Comunicação e Sustentabilidade, Paula Lunna Rodrigues é filha de pequeno produtor. “Por isso, tenho um pezinho na roça desde que nasci.”
Trabalhar como representante de vendas da Climate FieldViewTM, em agricultura digital, foi o meio que encontrou de retomar essa conexão com o agro. “Com a evolução da agricultura, minha formação em comunicação e sustentabilidade se tornou uma ponte com os profissionais do setor”, diz.
Na sua rotina de trabalho, as viagens são uma constante, uma vez que é responsável pelo atendimento de clientes nos estados do Maranhão, Piauí, Tocantins, Pará e Bahia.
“No meu caso, que sou casada, ter um parceiro que apoia é fundamental. Meu marido me ajuda em tudo, só fica bastante preocupado quando estou na estrada, mas faz parte do cuidado”, conta Paula, que mora em Goiânia (GO).
Ao cumprir as tarefas, é importante estabelecer limites de horário, porque há demanda para 72 horas seguidas.
O jargão ‘O agro não pára’ é a pura realidade, e eu acrescentaria mais: ‘O agro não pára e acorda cedo!’.” Mas depois procura descansar e sempre se desconecta do trabalho nos finais de semana. É hora de curtir a família.
As viagens também fazem parte do dia a dia da engenheira agrônoma Thais Echer, assistente técnica digital da Climate FieldViewTM.
Para ela, visitar diferentes regiões agrícolas do país, levando conhecimento específico sobre agricultura digital, não é problema. “Pra mim, trabalhar no agro é um propósito de vida”.
“No mundo agro, viajamos bastante e quase sempre estamos longe de casa. Por isso, buscar o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal é uma boa maneira de conciliar ambas. E tudo fica mais fácil quando você faz o que gosta”, diz.
De acordo com Thais Echer, sua satisfação de trabalhar no campo é maior ainda por focar em uma área que ganha cada vez maior importância para os agricultores do país: a agricultura digital.
“Hoje, todos buscam ferramentas que contribuam para a gestão e para a produtividade.”
Para cumprir sua rotina, o fato de ser mulher nunca foi problema, nem na relação com os clientes, muito menos dentro do próprio time. Para ela, isso é sinal de que existe uma evolução no agro nesse aspecto.
“A diversidade, seja de gênero, raça, etc, é sempre muito importante nas equipes das empresas que atuam no setor agrícola. Faz diferença porque as pessoas se sentem mais representadas e motiva todos da equipe, além de servir de espelho para quem está de fora do time”, analisa.
E evoluir no tema de diversidade e inclusão faz bem para o próprio negócio. Em recente estudo da Ernst & Young sobre liderança feminina, 64% das empresas de alta performance têm homens e mulheres ocupando igual influência na estratégia dentro das suas organizações.
Nas companhias analisadas, as que apresentam melhores resultados econômicos são aquelas que estão fazendo mais para encorajar a presença feminina, com carga horária flexível e programas de liderança para mulheres.
Thais Echer
Em Dourados (MS) trabalha a engenheira agrônoma mato-grossense Gabriela Romagnoli, e da mesma forma que Thaís, como assistente técnica digital da Climate FieldViewTM.
Também filha de agricultores, decidiu enveredar-se pelo trabalho no agro porque se encanta com a ideia de contribuir com “algo essencial, que é a produção de alimentos”.
Entusiasta da transformação digital no campo, Gabriela tem a incumbência de difundir essa tecnologia para produtores no Centro-Oeste.
No contato diário com os clientes, Gaby percebe que eles estão, cada vez mais, abertos a incorporar inovações na lavoura, visando aumentar a produtividade e reduzir custos.
“Essa é a preocupação do agricultor. E, principalmente para as novas gerações, não importa que seja uma mulher a profissional que leva essas novas tecnologias para o campo.”
Segundo Gabriela, o trabalho delas no agro ganhou visibilidade. “Está cada vez mais claro que homens e mulheres se complementam também na agricultura. Mas é importante as mulheres acreditarem que podem ocupar esse espaço no agro”, pontua.
De acordo com Cíntia Leitão, Head de agronegócio da Senior Sistemas, a riqueza da diferença dos gêneros complementa o desempenho profissional de homens e mulheres em uma organização.
“A diversidade se faz necessária. O ponto fundamental é que os valores pessoais dos profissionais, independente do gênero, estejam alinhados com os da empresa”, pontua Cintia.
O relacionamento diário com clientes também exige a dedicação de quem fica nos bastidores.
Essa é a missão da engenheira agrônoma Jéssica Santos, consultora do sucesso do cliente da Climate FieldViewTM, atuando nas regionais de Dourados (MS), Primavera do Leste (MT) e Cascavel (PR).
Hoje, como consultora, seu principal papel é trabalhar com a experiência dos clientes. “Meu papel é assegurar que cada cliente seja atendido da melhor maneira pela nossa equipe, seja presencial ou virtualmente”.
Jéssica orgulha-se por trabalhar diariamente para levar os benefícios da agricultura digital aos produtores rurais. “Trata-se de algo essencial para o desenvolvimento agrícola e para o alcance de maiores produtividades”, diz.
No contato diário com os clientes, Jéssica tem percebido que as mulheres do agro têm se adaptado muito bem às novas tecnologias que chegaram no campo.
Segundo ela, o setor tem muitas profissionais proativas que acompanham as tendências de desenvolvimento do ramo e estão se preparando para as mudanças que estão em curso.
“A agricultura 4.0 é uma realidade no campo. Cada vez mais, elas sabem que o profissional que está à frente, sempre buscando tecnologias de ponta e aplicando isso para aumentar a produção, tende a se sobressair”, enfatiza.
Jéssica Santos
Segundo informações divulgadas em 2019 pela Associação de Marketing Promocional (Ampro), 56% do segmento é composto pelo público feminino.
“O que as agências de Marketing perceberam é que incentivar a ascensão feminina no mercado de trabalho vai além de uma conscientização social.
É o caso da publicitária Ivana Amaral. O agro entrou em sua vida há seis anos, quando ingressou na Bayer.
Há pouco mais de sete meses ocupa a gerência de Transferência de Conhecimento da Climate, em que é responsável por promover treinamentos e toda a estratégia de aprendizagem, não só sobre o FieldViewTM, mas também sobre a agricultura digital, no Brasil e na Argentina.
“Criar cursos, treinamentos e capacitações são o grande foco do meu trabalho, buscando que, cada vez mais, pessoas entendam a transformação que a agricultura está vivendo e sejam protagonistas dentro dela”, afirma Ivana.
Para ela, é muito saboroso contribuir com o processo de consolidação da agricultura digital no campo. “Essa evolução está atrelada não só ao digital, mas à sustentabilidade, à maior produção dentro da mesma área, otimizando resultados.
Isso também significa, para quem produz, mais tempo para outras atividades-chave.”
Trazer mais pessoas para serem protagonistas dessa transformação é um dos grandes focos dos cursos e treinamentos que organiza. “Ainda temos um longo caminho pela frente, mas já é possível para qualquer agricultor trabalhar com plataformas digitais que auxiliam o trabalho na lavoura.”
Mesmo não sendo engenheira agrônoma, Ivana se supera, buscando sempre aprender conteúdos de cunho técnico para conceber as melhores soluções de aprendizagem.
Ivana Amaral
Coordenadora de Comunicação de Marketing também na Climate FieldViewTM, Carolina Cardoso é um exemplo de profissional que teve de se reinventar na carreira.
Formada em Administração de Empresas, ela sempre trabalhou no ramo de beleza até entrar na Bayer, em 2017.
O que mais chamou a atenção dela ao mudar de ramo? “Foi a paixão genuína do agricultor. Mesmo com todos os desafios que existem no campo, o produtor tem um brilho no olho pelo que faz”, salienta.
No setor, segundo ela, o aprendizado é diário. “O agro tem muitas especificidades e fatores técnicos, o que é um desafio para quem tem formação em outra área. Mas é um segmento em que todos estão sempre muito abertos a ensinar”, diz Carolina, que chegou recentemente à Climate.
Segundo ela, é prazeroso buscar, dentro do Marketing e da Comunicação, estratégias de como levar, com clareza e precisão, informações que apresentem ao produtor os benefícios da agricultura digital.
“Nosso desafio é vencer qualquer barreira ou desconhecimento sobre as tecnologias digitais, abrindo caminho para que o produtor obtenha uma produção mais rentável e sustentável”, relata.
Não apenas produtor, mas também as produtoras. É que, cada vez mais, elas estão na ponta final das ações de marketing e comunicação da companhia. “E sempre muito interessadas em se atualizar e aplicar novos conhecimentos no dia a dia da lavoura.”
E Carolina lembra que a maior presença feminina não está apenas na fazenda. “Vejo, cada vez mais, mulheres trabalhando em diferentes posições, como RTVs, Assistentes técnicas, e também na gestão. É importante ocuparmos esses lugares. Afinal, somos capacitadas, temos força de vontade e não temos medo de pôr a mão na massa.”
Já na gerência de Marketing de Conteúdo para América Latina da Climate FieldViewTM, está a engenheira agrônoma Ana Paula Maranhão.
Formada pela Universidade Federal de Lavras (MG), entrou na Bayer ainda como estagiária da área comercial e teve a oportunidade de trabalhar em Rondonópolis, Primavera do Leste e no Vale do Araguaia (MT).
Efetivada, atuou três anos na região, e não se incomodou com a rotina de perrengues e viagens, tendo muitas vezes que pegar a caminhonete para visitar lugares que nunca tinha ouvido falar.
“Foi então que conheci o que era o agronegócio, esse cinturão agrícola que projeta o país para o mundo inteiro. Tive contato com produtores, distribuidores, consultores, técnicos, pesquisadores”, conta.
Depois mudou-se para São Paulo e conheceu o ambiente corporativo, onde se encontrou e pode trabalhar com gerenciamento de produto e posteriormente no marketing, sendo responsável pela estratégia de longevidade da tecnologia Bt.
“Embora tenha trabalhado no front, descobri que gosto de contribuir com a agricultura nos bastidores; é o que mais me atrai. Foi ali que pude trazer tudo aquilo que amo: usar minha criatividade para resolver problemas complexos.”
Sua aptidão na área resultou em um convite para assumir a posição de Marketing de Conteúdo LatAm na divisão de agricultura digital da Bayer.
“Nesse desafio, o que me motiva é permitir que o produtor entenda de fato quais são os benefícios da agricultura digital e como isso pode potencializar os resultados dele na gestão da lavoura, possibilitando uma agricultura mais otimizada e sustentável”, destaca.
Ana Maranhão
As mulheres também estão por trás das ferramentas digitais que têm transformado a vida do agronegócio brasileiro.
Uma dessas protagonistas é a engenheira agrônoma Verona Montone, integrante do time de Ciência de Dados da Climate.
Quem for conversar com ela, não estranhe encontrá-la atrás de um computador com a tela cheia de linguagens de programação, ininteligíveis para um leigo.
“Hoje, minha frente de trabalho é auxiliar os produtores a extraírem maior valor desses dados que inserem na plataforma de agricultura digital.”
A história de Verona com a ciência de dados começou meio ao acaso, quando fazia Mestrado em Agrometeorologia nos Estados Unidos.
“Passei a usar a ciência de dados para monitorar as condições meteorológicas na produção de morango. No final, conseguimos reduzir as aplicações de defensivos em 50%”, comenta.
Ela percebeu, naquele momento, o potencial dos dados para auxiliar os produtores nas suas decisões. Resultado: foi aprender mais sobre o assunto, inclusive estudando diferentes linguagens de programação.
OUÇA PODCAST COM VERONA MONTONE - Ciência de dados e sustentabilidade
Thais Dompieri
Quem também faz parte do time de ciência de dados é a engenheira ambiental Thais Prado Dompieri, analista de business insights da Climate FieldViewTM.
Ela trabalha no desenvolvimento de análises e relatórios, indicadores estratégicos e dando suporte para todas as áreas da empresa, de maneira que todos eles possam tomar decisões mais assertivas e com base em dados.
Seu trabalho está em sintonia com o crescimento da agricultura digital no Brasil: “é uma mudança inevitável, em que o produtor busca soluções que permitam com que ele produza mais de maneira mais sustentável e econômica.”
Thais e Verona são dois exemplos de mulheres que conquistaram seu espaço na área de ciência de dados, apesar de ser um setor majoritariamente ocupado por homens.
No Brasil não há dados específicos, mas nos Estados Unidos, segundo a Revista Forbes, somente 26% de todos os empregos de Data Science são ocupados por mulheres.
COMPREENDA: Como a ciência de dados pode potencializar o monitoramento da fazenda
Glaci Moro é mais um exemplo de profissional que encontrou seu espaço no setor agrícola.
Bióloga de formação, ela já trabalhou na área ambiental e de controle de qualidade, fez mestrado e doutorado na área de fungos e bactérias, mas seus olhos acabaram brilhando para o agronegócio.
Trabalhou como Assistente Técnica no Rio Grande do Sul. “Desenvolvi um bom trabalho, até ser convidada para assumir um novo desafio: a gerência digital da Agrofel Grãos e Insumos”, relata.
“Com o tempo os nossos caminhos vão mudando. Eu já vinha acompanhando com atenção as transformações do setor agrícola, até que surgiram essas oportunidades no agro”, diz.
De acordo com ela, o produtor tem se deparado com inúmeras ferramentas digitais no mercado, muitas delas sendo apresentadas por mulheres da tecnologia.
"Tenho satisfação em poder contribuir com esse processo de digitalização no campo”, sublinha Glaci, que contribui para o desenvolvimento do setor atuando da porteira para fora.
Para entregar valor ao produtor, Glaci faz questão de “escutá-lo”. “Como prestadores de serviços no agro, sempre procuramos quais são as suas reais demandas.
Assim, muitas vezes desenvolvemos novos aplicativos, novas funções, fechamos parcerias. Queremos sempre ser útil ao produtor.”
OUÇA PODCAST COM PAULA LUNNA E GLACI MORO: Mulheres da Agricultura digital. Como a diversidade contribui para ambientes mais inovadores?
Malu Nachreiner, nova líder da divisão agrícola da Bayer no Brasil
Líder da divisão agrícola da Bayer no Brasil, Malu Nachreiner foi anunciada pela companhia em meados de 2020, sendo a primeira multinacional do agronegócio a ter uma mulher no comando do país.
Agrônoma, Malu possui mais de 15 anos de atuação na companhia, tendo ocupado cargos nas áreas de vendas, operações comerciais e marketing.
Sua chegada à liderança também coloca em evidência no agro temas que lhe são bastante valiosos, como diversidade e inclusão.
“Se continuarmos trabalhando com os funis ‘normais’ de sempre, a inclusão de minorias sociais no mercado de trabalho não vai acontecer de verdade”, falou a executiva em entrevista para a Revista Marie Claire.
Ao abordar o tema, ela se referia ao Programa de Trainees Liderança Negra, anunciado no segundo semestre do ano passado e que oferece 19 vagas exclusivamente para profissionais pretos e pardos.
“Algumas pessoas acusam essa ação afirmativa de ser uma forma de ‘racismo reverso’, o que não existe. Queremos dar igualdade de oportunidade e chegamos à conclusão de que esse é o caminho. Não há outra forma”, diz.
Mas não foi por acaso que ela foi alçada ao cargo de Líder da Divisão Agrícola da Bayer. Malu foi criada pela mãe e pela avó.
“Brinco que tive duas mães. Elas sempre diziam: ‘Você tem que ser independente’. Nunca houve diferença de criação entre mim e meu irmão”, observa.“
Sempre estudou em escola pública e foi a primeira da família a ingressar em uma faculdade, tendo cursado a Esalq/USP, em Piracicaba.
Aluna aplicada, já foi contratada como estagiária no último ano do curso pela Bayer. Mais tarde, mudou-se para o Rio Grande do Sul para trabalhar como representante comercial.
Mesmo sendo o agronegócio um ambiente predominantemente masculino, sempre acreditou no seu potencial para seguir adiante. Aos 29 anos, mudou-se para São Paulo para assumir novos cargos de gestão, até atingir a liderança da divisão da companhia.
Além da promoção de ações afirmativas para negros, Malu traz consigo outras bandeiras de inclusão, como das mulheres, da comunidade LGBTQIA+ e de portadores de deficiência.
Especificamente quanto à maior presença das mulheres em toda cadeia da agricultura, Malu comemora: "Vejo uma evolução nas empresas e no mercado", diz a executiva, que completa: “elas sempre estiveram presentes, mas não se posicionavam, não eram vocais. Essa geração mais jovem vem se posicionando de forma diferente e isso obriga as empresas a se adaptarem”, pontua.
“Vejo uma grande mudança no setor, e o Brasil está à frente em relação a outros países da América Latina. Existe um movimento mais acelerado aqui na inclusão de diversidade”, conclui Malu.