Cristian Dalben, produtor rural no Mato Grosso, notou que o milho havia caído em partes de suas áreas e, durante a colheita, viu nos mapas de produtividade o impacto na produção e o tamanho das manchas.
Ao final da safra, com os mapas em mãos, Cristian decidiu realizar testes de solo dentro das áreas de plantio de alta e de baixa produtividade para tentar identificar a causa raiz. Quando os resultados chegaram, o diagnóstico foi claro: deficiência de fósforo. Para resolver o problema, Cristian decidiu aplicar fósforo em taxa variável, baseando-se nas manchas de produtividade presentes nas áreas em que a deficiência desse macronutriente foi identificada.
Cruzando testes de solo com outras camadas como mapas de colheita, plantio, pulverização e imagens históricas de satélite, é possível identificar os fatores de maior impacto na produtividade e tomar decisões mais assertivas – como otimizar o uso de fertilizantes.
Conheça sobre a evolução da pulverização.
É importante lembrar que tudo começa pela correção de solo, já que o equilíbrio de bases determina a disponibilidade de nutrientes. Um solo fértil, rico em matéria orgânica e argila, tem uma alta CTC, ou seja, muitas cargas negativas. Portanto, esse solo possui alta capacidade de retenção das cargas positivas, trazidas principalmente pelo cálcio, magnésio e potássio. O calcário, gesso agrícola e cloreto de potássio são os principais insumos que fornecem essas bases e, como são aplicados individualmente e em altas quantidades, podem ser feitos em taxa variável.
O calcário é veículo de cálcio e magnésio e é o principal insumo na hora de fazer a correção. Para compensar sua baixa solubilidade é aplicado em doses altas, como por exemplo 2, 4, 8 toneladas por hectare, e até doses maiores no caso de solos pesados do Rio Grande do Sul. Numa analogia com o setor de construção, esse é o produto que funciona como o alicerce, que precisa ser forte para suportar melhores produtividades. O cloreto de potássio é importante não só para correção de bases, mas também para a nutrição das plantas e é aplicado a taxas como 100, 150, 200 quilos por hectare, entre outras. Já o gesso agrícola minimiza o efeito tóxico do alumínio, disponibiliza enxofre, e é comumente aplicado entre doses de 500 a 2.000 quilos por hectare.
Na hora de decidir as taxas variáveis de fertilizantes, é preciso considerar outros fatores além da CTC, argila e matéria orgânica. Quanto mais alta é a produtividade, mais desses macronutrientes são extraídos e, consequentemente, a carga volta a ficar negativa. Por isso, a expectativa de produtividade deve fazer parte da decisão: se o talhão tem uma região que acumula mais água e que historicamente produz mais, ou se um híbrido ou variedade de maior potencial genético vai ser colocado ali, é necessário considerar isso para garantir que nenhum nutriente vá limitar o teto produtivo.
A principal fonte para iniciar a avaliação é o mapa de colheita. Além disso, imagens de satélite processadas, como o Diagnóstico FieldView™, também podem trazer informações relevantes, principalmente através da análise histórica. A presença persistente, ano após ano, de manchas de menor índice vegetativo podem ser usadas para direcionar as coletas de solo – assim como fez o próprio Cristian. Fertilizantes podem representar mais de 40% das despesas de custeio da lavoura, de acordo com as estimativas de custos de produção da Conab. Por isso, o investimento em análises acaba sendo compensado com a otimização dos insumos.
Para determinar a taxa ideal de cada insumo em cada parte do talhão, devemos então analisar o mapa de produtividade e os seguintes mapas da análise de solo:
Depois que o diagnóstico é feito, o próximo passo é gerar a recomendação que será executada pelos equipamentos. Isso pode ser feito por empresas ou consultores especializados em agricultura de precisão ou até mesmo pelo próprio produtor.
As ferramentas atuais de agricultura digital permitem que esse processo seja feito de forma mais rápida e simples. Dentro da plataforma FieldView™, por exemplo, existe a funcionalidade Prescrições Manuais de Sementes e Fertilizantes. Com ela, o produtor pode usar mapas de colheita, solo e satélite como base para desenhar diferentes zonas e escolher a taxa de insumo a ser aplicada em cada uma.
Tomar esse tipo de decisão pode parecer desafiador, afinal agricultura não é uma ciência exata; existem dezenas de fatores influenciando o resultado final. Mas, assim como fez Cristian Dalben, entender o que está impactando a produtividade e a rentabilidade é o primeiro passo. O primeiro de muitos para continuar produzindo cada vez melhor.
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